São trinta anos a trabalhar ao mais alto nível dos seguros por todo o mundo em empresas como AIG, Munich Re, Lloyd's, Generali, AM Best. Leciona no Imperial College em Londres e prepara novos passos.
José Ribeiro divide hoje a sua vida entre Londres – lecionando no Imperial College – e Portugal, depois de ter andado pelo mundo dos seguros durante os últimos 30 anos ocupando lugares de topo da indústria seguradora no Reino Unido, China, Brasil, Hong Kong, Singapura e Bermudas. Orgulha-se de pertencer ao London 100, o restrito clube promovido por The Insurance Insider, que junta os maiores decisores do setor de todo o mundo. Para além de uma assessoria não executiva à financeira Hansard Global, dedica-se à produção de vinho no Dão e ao imobiliário nos Estados Unidos, velejando quando pode.
Licenciou-se em Atuariado e Matemáticas Aplicadas pela Faculdade de Ciências em Lisboa, fez um MBA na Católica Lisbon e uma pós graduação na London Business School ao longo de uma carreira que começou em 1986 na ALICO, subsidiária portuguesa da AIG e daí partiu para a Alemanha onde trabalhou em empresas da AIG e Munich Re. Em 2002 mudou-se para Londres e para a Willis (WTW) onde foi CEO para a América Latina e Caraíbas. Em 2007 tornou-se diretor para os mercados internacionais do Lloyd’s, tendo percorrido todo o mundo com especial incidência no desenvolvimento das plataformas na China, Japão e Singapura. Depois de uma passagem pela Generali no Brasil, integrou a agência de rating A.M.Best e muda-se para Hong Kong ficando com atividade focada na Ásia e Pacífico.
Regressado à Europa há um ano tem planos para desenvolver na área dos seguros e, com uma visão clara e muito atual sobre a atividade em todo o mundo, deu uma entrevista exclusiva a ECOseguros.
Como está o mundo dos seguros?
Começando pelos Ramos Reais, há um conjunto de fatores que se conjugaram nos últimos anos para criar sérias dificuldades à industria de seguros e resseguros:
- Taxas de juros baixas, não permitindo que os prejuízos técnicos sejam compensados por receitas financeiras.
- Elevado numero de catástrofes naturais: 2017 foi por exemplo um ano terrível (talvez o pior de sempre) com sinistros oriundos de catástrofes ultrapassando os 160 bilhões de dólares (160 mil milhões). 2018 foi melhor que 2017 (100 bilhões) mas foi ainda bastante mau. Para 2019 este número está estimado em 71 bilhões pela AON, um dos grandes corretores.
- Excesso de capital na indústria: Cerca de 100 biliões de dólares oriundos de fundos de investimento, pensões, private equity, hedge funds, etc. entraram na indústria de resseguro sobre a forma de capital alternativo (ILS – Insurance Linked Securities) empurrando taxas de resseguro para baixo. Este excesso de capital fez com que, apesar dos prejuízos ocorridos com catástrofes naturais, as seguradoras e as resseguradoras não pudessem aumentar as taxas para recuperar os prejuízos incorridos.
- Aumento do protecionismo a nível mundial com a criação de novas barreiras à entrada em vários mercados: Seguradoras e resseguradoras globais tiveram de aumentar os seus capitais (assim como os seus custos operacionais, incluindo com compliance) que são necessários para operar em vários países a nível global.
- Riscos emergentes: Aqui não falamos apenas das mudanças climáticas. Falamos também de riscos cibernéticos e de outros riscos que em geral não foram contemplados no cálculo dos prémios de seguro e de resseguro e que estão na origem de alguns sinistros.
No Ramo Vida, temos taxas de juro baixas e, acima de tudo, a expectativa de que se vão manter assim…
O ambiente de juros baixo é fortemente penalizador da performance na indústria e a introdução de novos regimes de solvência (Solvência II na EU, C-Ross na China, etc.) fez com que as seguradoras de vida necessitassem de mais capital para poderem operar, prejudicando o retorno para os seus acionistas. O aumento da esperança de vida e a redução das taxas de mortalidade é um fator positivo para os seguros de vida que pagam em caso de falecimento, mas é negativa para os seguros de rendas vitalícias.
"Não considero que as baixas taxas de juro sejam uma ameaça aos produtos de vida/reforma. As seguradoras têm encontrado outras formas de gerar receitas e reduzir garantias”
Na Europa existe uma preocupação com a poupança, com a sustentabilidade da reformas, com um período longo de baixas taxas de juro? Considera esta situação uma ameaça para os produtos Vida/Reforma propostos tradicionalmente pelas seguradoras?
Não considero que as baixas taxas de juro sejam uma ameaça aos produtos de vida/reforma. Sem dúvida que reduzem a rentabilidade destes produtos, caso os modelos de remuneração pelos serviços prestados não mudem. As seguradoras têm encontrado outras formas de gerar receitas e reduzir garantias. Por exemplo hoje já não é comum ver seguradores ou gestoras de fundos de pensões a oferecer um rendimento mínimo garantido. O grande problema que as seguradoras têm nesta área, tem a ver com os benefícios fiscais dados pelo Estado aos produtos de seguro de vida e pensões. Se estes benefícios forem eliminados as seguradoras passam a ter de competir de igual para igual com as gestoras de fundos e as demais aplicações oferecidas pelas instituições financeiras não seguradoras (bancos, etc).
As perspetivas para o setor são duvidosas?
Pelo contrário, o mundo dos seguros apesar de todas as vicissitudes referidas nunca esteve tão forte como hoje. Ao mesmo tempo abraçou novas tecnologias que lhe permitem prestar serviço aos seus segurados com uma qualidade nunca antes possível. A introdução de novos regimes de solvência, e a preocupação dos reguladores com a proteção aos consumidores e a solvência das seguradoras, faz com que hoje os segurados se possam sentir muito confiantes de que quando um sinistro ocorre lá estará a sua seguradora para pagar bem e depressa. As seguradoras estão mais fortes do que nunca e são administradas melhor que nunca. As leis de proteção aos consumidores, e a supervisão exercida pelos reguladores, hoje existentes, fazem também com que os corretores e agentes de seguros sejam muito mais profissionalizados e capacitados do que eram há (apenas) 5 anos. Tudo isto beneficia empresas e pessoas que consomem seguros.
" modelo de negócio das seguradoras está em constante mudança, após um período de estagnação onde eram vistas como o parente pobre da banca”
Acredita que a indústria está realmente a reagir e a adaptar-se aos tempos?
O modelo de negócio das seguradoras está em constante mudança, após um período de estagnação onde eram vistas como o parente pobre da banca. Desde a utilização de novos canais de distribuição para oferecer seus produtos, ao lançamento de novos produtos suportados por novas tecnologias e modelos de serviço centrados no cliente, à capacidade de aprimorar a segmentação dos seus clientes, identificando os distintos perfis que querem servir, as seguradoras reinventaram o seu modelo de negócio. O ritmo de inovação na indústria de seguros vai continuar a aumentar à medida que se aprofunda a utilização das ferramentas de Inteligência Artificial, Big Data, Cloud, IoT etc. nos vários elos da cadeia de negócio desde a subscrição de riscos até ao pagamento de sinistros.
Existe uma crescente preocupação com a cibersegurança, com crescente criminalidade a procurar vantagens nos sistemas das grandes organizações. Este fenómeno poderá ser controlado, ou pelo menos delimitado?
Os riscos cibernéticos estão em constante evolução e as seguradoras enfrentam inúmeros desafios. Cada ano que passa aparecem novos tipos de ataques cibernéticos e o seu impacto aumenta. Esta semana a Equifax, que foi vítima de um forte ataque cibernético em 2019 (um “data breach” que comprometeu a confidencialidade dos dados de 163 milhões de pessoas), revelou que fez acordo com as entidades lesadas para pagar 1,38 bilhões de dólares e não os 700 milhões que tinha anunciado em julho. O seu seguro cobria apenas 150 milhões. As seguradoras não têm dados e informação suficiente para subscrever os riscos adequadamente. A agravar esta situação, as seguradoras não estão ainda predispostas a partilhar as informações de que dispõem com os seus concorrentes. Têm também muita dificuldade em estimar a exposição agregada das suas carteiras a cada evento cibernético. Ao mesmo tempo, estamos também a assistir ao aumento da concorrência neste segmento e à introdução de mais regulamentação com o objetivo de proteger consumidores. À medida que cada indústria abraça tecnologia digital e utiliza novos tipos de dados e informação com o objetivo de transformar o seu negócio e melhorar a sua interação com os clientes e parceiros, o seu perfil de risco muda e a exposição ao risco cibernético aumenta.
"Um dos maiores desafios que as seguradoras enfrentam hoje é estimar o risco cibernético que cobrem nas suas apólices sem necessariamente se terem apercebido disso! Os ingleses chamam a isto “silent risk” ou risco silencioso”
Será negócio sempre crescente?
Em 2019 um dos maiores desafios que as organizações enfrentaram foi simplesmente terem de ser manter informadas sobre a natureza, sempre mutante, dos riscos cibernéticos a que estão expostas. Por outro lado, um dos maiores desafios que as seguradoras enfrentam hoje é estimar o risco cibernético que cobrem nas suas apólices sem necessariamente se terem apercebido disso! Os ingleses chamam a isto “silent risk” ou risco silencioso. A tendência é ver as seguradoras excluírem riscos cibernéticos das suas coberturas e criarem produtos separados para cobrir estes riscos. O mesmo aconteceu com o risco de terrorismo depois do 11 de setembro de 2001.
O resseguro vai ter crescente importância no negócio segurador?
Sempre teve, tem e continuará a ter. Sem resseguro as seguradoras não poderiam oferecer muitos dos produtos, nem os limites de cobertura que oferecem. Sem resseguro as seguradoras teriam também de ter muito mais capital do que têm. Cada vez que uma seguradora lança um produto novo, cobrindo riscos novos, em geral a maior parte do risco é cedido ao mercado de resseguro que conhece este risco melhor que a seguradora que se inicia. O resseguro é também uma ferramenta que as seguradoras usam para otimizar o seu capital e reduzir a volatilidade do seu balanço e dos seus resultados.
Novas empresas, habitualmente designadas de insurtech têm crescido com base tecnológica e propondo novas soluções, novos produtos e novas formas de distribuição? Estaremos perante um fenómeno semelhante à bolha da internet no começo do século? Será um fenómeno consistente ao longo das próximas décadas?
Eu lido com empresas de insurtech, quer no centro de incubação de start-ups do Imperial College, quer no mercado na minha qualidade de administrador de seguradoras. Algumas trazem inovação que agrega valor à cadeia de negócio das seguradoras mas infelizmente tal não é o caso com a esmagadora maioria. O próprio Lloyd’s of London, tem um centro de inovação e incubação de Insurtech. As grandes resseguradoras fazem o mesmo. Eu diria que a esmagadora maioria dos projetos não têm sucesso. Eu atribuo isto ao fato da maioria dos empreendedores de insurtech que tenho conhecido não serem oriundos da área de seguros e não terem totalmente claro que no final das contas o que se cobra de prémio (através do processo de underwriting) tem de cobrir não só os sinistros como todas as outras despesas das seguradoras de forma a deixar uma remuneração aceitável para o acionista.
"Lemonade, Metromile e Root (que são emblemáticas neste segmento insurtech) ainda não conseguiram ter lucro desde que começaram a operar. Eu tenho dúvidas que alguma vez o terão.”
Não há ainda exemplos de rentabilidade?
As seguradoras mais conhecidas como insurtech: Lemonade, Metromile e Root (que são emblemáticas neste segmento insurtech) ainda não conseguiram ter lucro desde que começaram a operar. Eu tenho dúvidas que alguma vez o terão. O CEO da Lemonade ficou conhecido pois afirmou que as seguradoras tradicionais tinham um conflito de interesses com os seus clientes, pois pagar sinistros reduz lucro e por isso preferem não pagar sinistros… Dito isto, existem muitas empresas de insurtech que operam na área de prestação de serviços a seguradoras que têm e continuarão a ter êxito. Um exemplo que posso citar é a utilização de drones para regular sinistros em áreas remotas ou de difícil acesso. Em resumo há que distinguir o trigo do joio. Uma coisa é certa, a inovação vai continuar a um ritmo cada vez mais rápido e é muito importante ter a inovação no centro de decisões da empresa. Ainda recentemente o Lloyd’s divulgou que um dos seus objetivos estratégicos é pagar sinistros antes que as partes lesadas os tenham de avisar. A indústria de seguros foi, no passado, uma indústria resistente à inovação e tecnologicamente mais atrasada que outros segmentos da indústria financeira. Hoje essa situação está a mudar ou já mudou.
A indústria tem uma relação com os segurados que nem sempre é fácil. Existe o célebre two touch points, o contacto apenas em situação desagradável como o pagamento e a participação de um sinistro. A imagem das seguradoras tem de melhorar?
A imagem ainda não é boa e tem de continuar a melhorar. A qualidade do serviço, apoiada na introdução de novas tecnologias e na eficaz utilização das já existentes, é chave para melhorar a imagem perante os clientes. Contudo, o maior desafio reside na complexidade dos contratos de seguro e na dificuldade das pessoas comuns, e das pequenas e médias empresas, em entender aquilo que compram a uma seguradora. As pessoas não compram seguros para pagar prémios ou receber contratos de muitas páginas. Compram seguros para garantir que se algum tipo de evento acontece que a seguradora lhes paga depressa e bem. Temos aqui uma grande oportunidade para os intermediários especializados de seguros (corretores e agentes) agregarem valor. Contudo nos seguros comoditizados (automóvel, etc.) as pessoas não estão dispostas a pagar por este tipo de serviços. Os intermediários e consultores têm de se concentrar naqueles seguros que não são comoditizados e agregar valor.
Pelo seu conhecimento de todos os mercados a nível mundial qual considera mais prometedor no médio/longo prazo?
Em termos de crescimento a Asia é sem dúvida aquele que tem o maior potencial de crescimento a médio e longo prazo. As economias asiáticas continuarão a crescer mais depressa e as suas populações também. Por outro lado a percentagem da população que foi levantada da pobreza continua a crescer mais rapidamente na Ásia do que em outras partes do mundo. A América Latina, de momento, anda para trás. África é o grande ponto de interrogação para o futuro pois a população continua a crescer e algumas economias têm tido resultados excelentes, mas os recentes acontecimentos em Angola não nos deixam muita esperança. Dito isto, devo dizer que o forte crescimento nem sempre traz rentabilidade. Na China, por exemplo, não conheço nenhuma seguradora estrangeira que tenha tido lucro de forma sustentável nos últimos anos. Além disso a quota de mercado das empresas estrangeiras é inferior a 5% do mercado. Se olharmos para rentabilidade existem mercados emergentes que podem ser muito rentáveis não só na Ásia mas também na América Latina. Um outro mercado extremamente rentável historicamente (se as seguradoras gerirem bem a exposição às catástrofes naturais e ao risco de litigação) é o do Estados Unidos. Esta foi a experiência do Lloyd’s onde metade dos prémios são oriundos dos EUA.
Qual será consequência para as seguradoras da norma IFRS 17?
As grandes seguradoras internacionais já estão preparadas para a implementação da IFRS 17 na data prevista pois as suas práticas contáveis em certa medida já seguem alguns destes princípios. As pequenas seguradoras locais terão de se socorrer das firmas de auditoria internacionais para conseguir implementar estas normas dentro do prazo. No final acho que tal como aconteceu com Solvência II na Europa (a data limite para implementação era 2012 e depois passou para 2016) acredito que os prazos venham a ser prorrogados para garantir que as seguradoras mais pequenas o possam fazer adequadamente.
Como está a evoluir a construção de Solvência II? Haverá ameaças para a indústria seguradora?
Quatro anos depois do seu estabelecimento podemos dizer que SII foi um sucesso, mas temos de admitir que foi um sucesso que custou mais de um bilhão de euros à indústria seguradora. O SII permite minimizar o risco de as seguradoras terem inesperadas exigências de capital e ficarem insolventes. Permite às seguradoras identificar e gerir os seus riscos de forma efetiva e determinar o capital que precisam para garantir que tem capacidade suficiente para aguentar o impacto de eventos extremos, com um grau de confiança de 99.5%. SII é um sucesso também pois é hoje referência para a regulamentação da indústria de seguros em todo o mundo. Muitos países são já equivalentes ao SII e muitos outros estão perto de o conseguir.
"O mercado português ficou muito semelhante a outros mercados europeus e mundiais pois sendo as seguradoras as mesmas a maneira de atuar tende a ser semelhante nos países em que operam.”
Como qualifica o desenvolvimento do mercado em Portugal?
O mercado português mudou muito nos últimos 10 anos. Apesar de ter saído de Portugal em 1995, quando era administrador na Victoria Seguros, sempre mantive ligação ao mercado Português onde ainda hoje tenho muitos amigos e colegas. No Lloyd’s fui responsável por todos os mercados internacionais (excluindo os EUA) incluindo Portugal. A minha impressão é que o mercado português hoje é muito mais concentrado do que era antes. É também quase totalmente dominado pelos grandes grupos estrangeiros depois da privatização da Fidelidade e da venda da Tranquilidade. Neste contexto o mercado ficou muito semelhante a outros mercados europeus e mundiais pois sendo as seguradoras as mesmas a maneira de atuar tende a ser semelhante nos países em que operam.
Haverá mais efeitos de concentração em Portugal a nível de seguradoras?
A concentração atual do mercado já é muito elevada. Creio que a partir de agora a tendência é de estabilizar.
As corretores em Portugal têm o peso correto ou estão aquém do seu potencial enquanto mediadores?
O mercado de corretagem a nível mundial enfrenta grandes desafios com uma atividade desenfreada de fusões e aquisições. O problema é que a indústria de corretagem tem um crescimento orgânico muito baixo e a única forma de crescer é através de aquisições. O crescimento orgânico é baixo porque hoje as grandes empresas não mais querem que os seus corretores recebam comissões das seguradoras. Querem pagar honorários diretamente aos corretores. Estes honorários são em geral mais baixos do que as comissões que outrora eram recebidas. Por outro lado, muitos reguladores obrigam as seguradoras e os corretores nesse país a declarar aos seus clientes, o que recebem de comissões. Isto coloca pressão adicional nos corretores pois, em muitos casos, o cliente não tem a menor ideia do quanto o seu corretor ganha. Em Portugal temos uma situação muito interessante. O maior corretor em Portugal é a portuguesa MDS, que além disso é uma das poucas multinacionais portuguesas com sucesso em alguns mercados internacionais. Isto é um fator muito positivo e pode influenciar bastante o mercado. De resto os problemas na indústria de corretagem em Portugal são muito semelhantes: baixo crescimento orgânico e busca contínua por aquisições de empresas e carteiras para crescer o negócio.
"Os mediadores têm de se concentrar na comercialização de seguros não comoditizados para terem êxito. Além disso têm de abraçar a tecnologia duma forma ainda mais forte do que as seguradoras pois o seu valor acrescentado é mais difícil de demonstrar.”
Qual o futuro da mediação em Portugal? O human touch será sempre fundamental na comercialização de seguros?
Eu acredito muito no “human touch” como fator de diferenciação na comercialização de seguros e colocação dos riscos no mercado. Agora, temos também de reconhecer que o “human touch” não agrega valor na compra de alguns seguros. Os mediadores têm de se concentrar na comercialização de seguros não comoditizados para terem êxito. Além disso têm de abraçar a tecnologia duma forma ainda mais forte do que as seguradoras pois o seu valor acrescentado é mais difícil de demonstrar. No Lloyd’s, por exemplo, as transações entre seguradoras e corretores são muitas vezes feitas face a face em Londres ainda hoje. Contudo, no plano atual de modernização do Lloyd’s e do mercado Londrino a direção é claramente ter o “face to face trading” apenas para os riscos mais complexos, com os riscos mais simples a serem exclusivamente transacionados eletronicamente. Só assim se consegue baixar os custos das transações para níveis competitivos.
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José Ribeiro: “Mundo dos seguros nunca esteve tão forte como hoje”
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