Iniciativa Liberal critica “socialismo distraído” do PS na justiça

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2020

João Cotrim Figueiredo recusa a escolha de Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional e critica os socialistas "que nada veem e nada sabem no que toca à justiça".

A Iniciativa Liberal criticou esta quarta-feira o “socialismo distraído” do PS em relação à justiça, recusando a escolha do ex-secretário de Estado socialista Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional (TC), cujos nomes são escolhidos pelo “Bloco Central da distração”.

O deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, decidiu intervir nas declarações políticas, uma intervenção que lhe valeu duras críticas da bancada do PS que, pela voz da deputada Isabel Moreira, o acusou de fazer uma “declaração indigna” e de “chico esperto populista”.

“Nós já tínhamos o socialismo utópico, o socialismo científico, o socialismo democrático. Acho que temos agora o socialismo distraído. Os socialistas distraídos fingem que nada veem e nada sabem no que toca à justiça”, condenou Cotrim Figueiredo.

Cotrim Figueiredo acusou ainda o “Bloco Central da distração” de cozinhar “a forma como os juízes do Tribunal Constitucional são eleitos”, um sistema em que “os juízes são nomeados pelo PS e PSD como estes bem entendem”, defendendo que esta forma de escolha “tem de acabar”, prometendo para isso avançar com uma proposta sobre a eleição destes juízes.

“É que o Bloco Central acha que deita os foguetes e os outros partidos que se resignem. Não contem connosco para apanhar as canas. Nós recusamos o nome de Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional e saudamos todos os partidos que já assumiram idêntica posição publicamente”, afirmou.

Para o deputado da Iniciativa Liberal, “é impensável que alguém que foi porta-voz do Governo de Sócrates, deputado do Partido Socialista e secretário de Estado de Guterres possa ocupar o lugar de juiz do Tribunal Constitucional”.

“O cargo tem demasiada relevância institucional e requer demasiada independência para permitir tanta proximidade em relação à política partidária e tanta porta giratória. Para mais, é público que a pessoa em causa é amiga de José Sócrates e sabe-se que não é improvável que a Operação Marquês possa, no futuro, vir a ser apreciada pelo Tribunal Constitucional”, avisou.

Na perspetiva do deputado liberal, estes e outros sinais mostram que se está a voltar “a um tempo em que o Partido Socialista se confunde com o Estado e o Estado com o Partido Socialista”.

“Continuaremos de olhos bem abertos ao levantar a voz contra a hipótese da ida de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, mesmo que o PSD não o faça”, adiantou.

Para João Cotrim Figueiredo, “ao não denunciar este assunto, Rui Rio e o PSD alinham com os socialistas mais distraídos, um Bloco Central da distração que não vê mal nenhum em nada disto”.

O primeiro pedido de esclarecimento sobre esta intervenção veio do outro deputado único, André Ventura, do Chega, que felicitou o deputado liberal pelo tema e considerou “socialismo distraído uma ótima expressão”.

Para André Ventura, “esta ‘venezuelização’ do regime é preocupante”, considerando que com as últimas notícias que têm vindo a público talvez se comece “a perceber um bocadinho os contornos da saída da antiga procuradora-geral da República”.

Seguiu-se Isabel Moreira, para quem “o aplauso” que João Cotrim Figueiredo tinha acabado de ter “mostra bem a falta de dignidade da sua intervenção”, que foi “lamentável a vários níveis”, uma “intervenção de chico esperto populista”.

“O senhor deputado está fora do quadro constitucional português. (…) Essas paragonas de que a justiça está muito mal, está tudo muito mal, senhor deputado não tem base real e francamente foi uma declaração indigna”, acusou.

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