Bruxelas já admite crescimento da economia europeia abaixo de zero
"É muito provável que o crescimento na zona euro e na União Europeia como um todo caia para baixo de zero este ano", admite a Comissão Europeia.
A Comissão Europeia já admite como “muito provável” que o crescimento da economia da zona euro e do conjunto da União recue para níveis abaixo de zero este ano, face ao “choque” provocado pelo surto de Covid-19.
“Podemos dizer que é muito provável que o crescimento na zona euro e na União Europeia (UE) como um todo caia para baixo de zero este ano, e potencialmente consideravelmente abaixo de zero”, assumiu o responsável máximo da Direção-Geral de Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia (DG ECFIN).
Maarten Verwey falava num briefing para jornalistas na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, depois de uma conferência de imprensa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a resposta da UE à crise provocada pelo novo coronavírus, sobretudo no plano económico.
“Aquilo a que estamos a assistir é a uma previsão de crescimento que está a deteriorar-se muito rapidamente. Em fevereiro, publicámos as nossas previsões de inverno, e nessa altura ainda pensávamos que a economia da UE cresceria 1,4% e a da zona euro 1,2%, mas o que é claro face a tudo o que está a acontecer é que será necessário adaptar [as previsões] e provavelmente de forma muito significativa”, afirmou.
Verwey sublinhou que “não há ainda dados disponíveis” que permitam avançar desde já com novas previsões, o que só sucederá em maio, apontando que aquilo que a Comissão “pode fazer e já fez” é avançar com estimativas tendo por base o cenário-base das previsões de fevereiro, “introduzindo os choques de que agora há noção”.
O diretor-geral explicou que foram tidos em conta “os diferentes canais através dos quais o crescimento será afetado”, a começar pelas repercussões da situação na China, “onde tudo começou”, passando pelos efeitos nas cadeias de fornecimento, o crescente absentismo (por doença ou quarentena), e a redução na procura, notando a propósito os “grandes impactos” que já se observam por exemplo nos setores do turismo, alojamento e restauração.
O responsável sublinhou como um dos impactos mais fortes aquele que já se começa a observar a nível de liquidez, explicando que, devido às disrupções, “as empresas enfrentam crescentes problemas de liquidez, o que também tem consequências a nível de investimento”, a isto juntando-se a enorme intranquilidade nos mercados financeiros.
Há precisamente um mês, em 13 de fevereiro passado, por ocasião das suas previsões macroeconómicas de inverno, a Comissão manteve a previsão de crescimento da economia da zona euro em 1,2% este ano e 2021, considerando então que as repercussões económicas do novo coronavírus poderiam ser contrabalançadas com melhorias no emprego.
A presidente da Comissão Europeia anunciou esta sexta-feira uma verba de 37 mil milhões de euros para apoiar o setor da saúde e as pequenas e médias empresas afetadas pelo novo coronavírus, que está a causar um “tremendo choque” económico.
“A Comissão adotou esta sexta-feira uma proposta para dar liquidez à nossa economia. Vamos disponibilizar uma resposta de 37 mil milhões de euros para apoiar o setor da saúde, o mercado de trabalho e as pequenas e médias empresas [PME] de todos os setores afetados”, afirmou Ursula von der Leyen numa conferência de imprensa, em Bruxelas, para apresentação de medidas económicas da União Europeia ao surto de Covid-19.
Portugal pode vir a arrecadar 1,8 mil milhões de euros em fundos europeus para apoiar setores afetados pela Covid-19, na saúde ou nas pequenas e médias empresas, no âmbito desse ‘bolo’ de 37 mil milhões.
O executivo comunitário propôs esta sexta-feira redirecionar 37 mil milhões de euros de investimento público europeu para fazer face às consequências, tendo por base a opção de Bruxelas de abdicar de reclamar aos Estados-membros o reembolso do pré-financiamento não utilizado para os fundos europeus estruturais e de investimento para 2019.
Ao todo, os 27 Estados-membros teriam de reembolsar a Comissão com um total de 7,9 mil milhões de euros do pré-financiamento que receberam para 2019, isto até ao final de junho deste ano, sendo esta uma reserva de liquidez.
Porém, já não terão de o fazer, passando ainda a poder reafetar à resposta ao surto as suas verbas de cofinanciamento ao abrigo destes fundos estruturais, que ascendem a 29 mil milhões de euros.
No caso de Portugal está em causa um total de cerca 1,8 mil milhões de euros para dar resposta aos impactos económicos do surto de Covid-19, dos quais 405 milhões de euros se devem ao não reembolso e o restante (1.407 milhões de euros) ao cofinanciamento do país ao abrigo dos fundos estruturais.
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