Centeno: Contração do PIB este trimestre “será 4 a 5 vezes pior que alguma vez chegámos a ver”

Apesar de antecipar uma forte quebra do PIB neste trimestre, Centeno afasta uma contração superior a 10% no acumulado do ano.

Mário Centeno alerta para a forte quebra do PIB português neste trimestre. Diz que poderá assistir-se a um cenário “quatro a cinco vezes pior do que aquele que alguma vez vimos neste segundo trimestre”, mas o ministro das Finanças não acredita que o PIB de Portugal caia mais do que 10% no acumulado do ano.

As “estimativas que existem, e apresentaremos previsões do Governo brevemente, preveem uma perda de 6,5% do PIB por cada 30 dias úteis que o país está parado“, lembrou Centeno, admitindo uma quebra expressiva do PIB neste segundo trimestre.

O ministro das Finanças, também presidente do Eurogrupo, alertou os portugueses para números negros. Nos três meses que terminam em junho, a evolução do PIB “será 4 a 5 vezes o máximo que alguma vez chegámos a ver” de quebra do PIB, remetendo para a quebra de 4,3% registada no quarto trimestre de 2012. Ou seja, a contração neste trimestre poderá ser superior a 20%.

Apesar deste resultado, Centeno desvaloriza as multiplicações feitas com base nos 6,5% do PIB por cada 30 dias para a extrapolação para o total do ano. “Esta crise não é linear. Não basta multiplicar” para se obter uma estimativa do impacto na economia”, disse em entrevista à TVI.

Neste sentido, Centeno afasta cenários de quebras do PIB de 15% ou 20%, como os que têm sido apresentados recentemente. “No conjunto do ano não vamos chegar a esses números [quebra do PIB de dois dígitos]”, salientou Centeno.

Ainda assim, Portugal vai demorar a recuperar até aos níveis registados no final do ano passado. “Vamos voltar ao fim de dois anos a números não muito longe dos de 2019 se a crise se contiver no segundo trimestre, e com um processo, ainda que lento, de saída da crise no terceiro e quarto trimestre”, atirou.

Défice? Sim, mas “não tenho números”

A economia vai dar um trambolhão neste segundo trimestre e também haverá um resultado negativo no acumulado do ano. Assim como nas contas públicas, ainda que Centeno não tenha números fechados.

Relativamente ao défice, “não tenho números”, disse o ministro das Finanças, na entrevista à TVI. Lembrou, contudo, os custos das medidas que têm sido adotadas para travar os impactos da crise provocada pelo Covid-19, sendo o lay-off simplificado aquela que maior peso terá nas contas públicas portuguesas.

Pensamos que os estabilizadores automáticos possam representar, juntamente com as medidas que já apresentámos de apoio ao emprego, números próximos dos 6 a 7 mil milhões de euros, valores que não vamos retirar da economia”, disse Centeno. Com os subsídios de desemprego, os apoios para o lay-off, “juntamente com a flutuação das receitas de impostos e contribuições, [o défice] pode andar à volta desse número”, rematou.

Paciente está melhor, mas dívida pede cautela

Perante um cenário de regresso a défice, e confrontado com o que acontece no passado, nomeadamente no pós-crise financeira, Centeno afastou comparações. O ministro das Finanças desvalorizou o défice que Portugal irá apresentar este ano. “Não me parece que vá ser diferente do que vai acontecer nos outros países europeus”, disse.

Em 2008, Portugal foi sinalizado pelos mercados “porque as nossas contas públicas estavam fragilizadas. Neste momento, isso não acontece. Saímos de 2019 com superavit. Esta situação de partida não tem comparação”, disse Centeno, salientando que atualmente “o paciente está em melhor estado”.

Apesar desse otimismo, Centeno, que manteve o tabu sobre a sua permanência ou não no Executivo — “Não estamos em tempo de nos preocupar com essa questão” –, reconhece que Portugal tem uma “dívida elevada, temos de ter cautela”.

(Notícia atualizada às 21h35 com mais informação)

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