Covid-19 é maior desastre de sempre para seguros, assumem CEOs do Lloyd’s of London e da Chubb

  • ECO Seguros
  • 26 Abril 2020

A pandemia da covid-19 terá um impacto sem precedentes na história do setor, assumem responsáveis da Lloyd's e da Chubb, entidades de referência na indústria global de seguros.

O presidente executivo (CEO) do mercado Lloyd’s of London, John Neal assume que “a pandemia de covid-19 tem o potencial de eclipsar [no setor de seguros] os efeitos de grandes catástrofes como o furacão Katrina ou os ataques terroristas do 11 de setembro” de 2001 (nos EUA) e de provocar perdas que poderão ascender a “centenas de milhares de milhões”.

Numa entrevista ao jornal Financial Times, antecipando que a pandemia será o evento com o custo mais elevado de sempre no setor, Neal considerou que “as probabilidades de o mercado registar algo que não seja um prejuízo significativo em 2020 são nulas”. O debate sobre as perdas na indústria será tema “para durar anos”, complementou.

O responsável do hub londrino – considerado como referência na indústria seguradora global – afirma que as compensações a pagar aos segurados deverão superar os 50 mil milhões de dólares que a indústria de seguros e resseguros estima ter desembolsado pelos estragos do furacão Katrina, que em 2005 devastou vastas regiões da costa oeste dos EUA.

Neal sustenta que as seguradoras devem colaborar com as autoridades públicas visando soluções que permitam suster uma potencial segunda vaga de mortes por coronavírus. Neste sentido, o dirigente do mercado Lloyd’s defendeu a importância de acordos que facilitem capital para resseguro ou estruturas que permitam partilhar ou absorver o risco.

“Surreal e catastrófico”, adjetiva presidente da Chubb

Evan Greenberg, chairman e CEO da Chubb, companhia líder global no ramo P&C (propriedade e danos ou bens e acidentes), corrobora a ideia de que a pandemia se afigura já como o evento mais prejudicial em toda a história dos seguros.

Durante uma recente conference call, organizada para comentar os resultados trimestrais da companhia, Greenberg abordou a pandemia apontando os efeitos do evento na estrutura de balanço das seguradoras, pelo lado dos ativos e pelo das responsabilidades (despesas).

“Estamos num momento sem precedentes”, comentou Greenberg, citado pela Bloomberg. “Nenhum de nós, que vivemos hoje, viveu um acontecimento desta natureza ou magnitude”, redundou. O abalo causado por um evento global com a natureza desta pandemia assume “proporções históricas”, e não tem precedente, reforçou adjetivando-o como “surreal e catastrófico”.

De acordo com números divulgados pela Chubb Ltd, na semana passada, a companhia encerrou o primeiro trimestre com uma quebra próxima dos 76%, e variação homóloga, no lucro líquido, para 252 milhões de dólares (cerca de 233,5 milhões de euros ao câmbio corrente), mas apontou incremento superior a 4% no lucro operacional, totalizando 1 220 milhões. A quebra no resultado líquido é explicada pela volatilidade nos mercados de capitais, taxas de juro e moeda.

O valor líquido de prémios de seguro P&C aumentou 8,9%, para 7,3 mil milhões de dólares (cerca de 6,8 mil milhões de euros), com as receitas de subscrição nesta área core a totalizarem 78 milhões de dólares, igualmente a progredirem em torno de 9% e a permitir que o rácio combinado no negócio P&C se mantivesse estabilizado no limiar dos 89%.

A companhia registou 13 milhões de dólares de perdas ligadas ao evento Covid-19 no primeiro trimestre, alertando que o vírus terá um “impacto significativo” nas receitas e nos lucros no segundo trimestre. Greenberg acrescentou ainda que, embora as consequências afetem os lucros, não ameaçam a posição de capital da seguradora.

Além do negócio tradicional P&C, que a companhia lidera junto de grandes, médias e pequenas empresas, sobretudo no mercado norte-americano (que pesa mais de 60% da receita consolidada) a Chubb também faz resseguro e opera ainda linhas de seguro (particulares e empresas), como acidentes pessoais, planos de saúde e vida, diversificando a geografia de negócios.

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