BRANDS' ECO Volkswagen investe 9 mil milhões na mobilidade elétrica até 2023
A Volkswagen prevê tornar-se líder mundial no mercado dos automóveis elétricos em cinco anos, um objetivo que pressupõe investimentos “esmagadores” do grupo alemão.
Nos próximos 10 anos, Portugal terá 40 vezes mais veículos elétricos e híbridos, segundo dados da Eurelectric – Associação das Empresas Elétricas Europeias. Para o Grupo Volkswagen, os números são concretos: até 2025, quer ter 50 modelos elétricos a circular nas estradas, contra os seis atuais.
As metas são ambiciosas e não se ficam por aí. Há uma estratégia de eletrificação em marcha para alcançar a total descarbonização do grupo em 2050.
Para isso, é preciso não só mudar mentalidades, mas também o modus operandi da própria produção dos automóveis. “Um carro desenvolvido para funcionar com um motor de
combustão é estruturalmente diferente de um carro construído para ser 100% elétrico”, explica ao ECO Ricardo Tomaz, diretor de marketing estratégico e relações externas da SIVA. É com base nesta premissa que assenta a estratégia do Grupo Volkswagen para a mobilidade elétrica.
Um trunfo chamado MEB
A solução que o grupo alemão encontrou foi desenvolver uma nova plataforma dedicada especificamente aos futuros modelos elétricos, denominada MEB – Modular Electric Toolkit.
O que traz de novo? Além de possibilitar “a instalação de baterias maiores, aumentando significativamente a autonomia”, permite ainda que estas sejam “instaladas em modelos de várias dimensões e necessidades, graças ao design modular e ao formato multicelular”, elucida o responsável. Mais: as baterias foram projetadas para carregamento rápido, bastando apenas 30 minutos para ter a bateria carregada a 80%.
“Esta plataforma e a estratégia que lhe está subjacente constituem o grande trunfo económico e tecnológico da ofensiva ID, o nome da família de carros elétricos da Volkswagen que chegam ao mercado este ano”, explica Ricardo Tomaz.
O grande benefício desde logo é a liberdade que esta plataforma permite, por ser modular – as baterias são colocadas na base da estrutura, como se se tratasse de uma ‘tablete de chocolate’. Isto faz com que se adapte a qualquer modelo 100% elétrico, seja da família ID, da Volkswagen, ou de outras marcas do grupo, como a Audi e a Skoda. “Este caminho permite criar grandes economias de escala”, estando previsto que, numa primeira vaga, cerca de 10 milhões de veículos de todo o Grupo Volkswagen se baseiem nesta plataforma, avança Ricardo Tomaz.
A Volkswagen dá, assim, um passo “mais longe ao abrir a MEB a outros fabricantes. Esta é, também, uma abordagem sem precedentes”, adianta.
A plataforma MEB materializa-se no mercado já este ano, com a chegada dos primeiros dois membros da família Volkswagen ID – o ID.3 e o SUV ID.4. Na Audi, assume forma com os modelos e-tron – o SUV e-tron, que já anda a rodar nas estradas desde 2019, o e-tron Sportback, prestes a chegar, e mais dois lançamentos previstos para 2021. É também no próximo ano que a Skoda prevê lançar o seu primeiro elétrico assente na plataforma MEB.
Investimento “avassalador”
Os olhos estão, sem dúvida, postos no topo da pirâmide da mobilidade elétrica. “A Volkswagen prevê tornar-se líder no mercado em termos globais até 2025, com o lançamento de mais de 20 modelos totalmente elétricos e mais de um milhão de veículos elétricos vendidos anualmente”, refere Ricardo Tomaz.
É com esta visão e estratégia que o Grupo Volkswagen prevê atingir a neutralidade carbónica já daqui a 30 anos. Para lá chegar, está a alocar números de investimento “esmagadores”, nas palavras do responsável de marketing. São 60 mil milhões de euros destinados a R&D nas áreas da mobilidade elétrica, conectividade e digitalização, dos quais 33 mil milhões se destinam à expansão da eletromobilidade e 27 mil milhões à “hibridização” e digitalização.
A Volkswagen prevê tornar-se líder no mercado em termos globais até 2025, com o lançamento de mais de 20 modelos totalmente elétricos
Se olharmos só para a marca Volkswagen, “os números são avassaladores: a marca está a investir um total de €11 mil milhões no desenvolvimento de novas tecnologias até 2023, incluindo €9 mil milhões na mobilidade elétrica”, adianta.
Na área da digitalização, Ricardo Tomaz fala de uma “revolução cultural”, com “cerca de 3000 peritos em digital” já a trabalhar na nova organização Car-Software. Esta prevê a substituição de “todas as atividades de software, do sistema operativo dentro do carro aos novos serviços de mobilidade”. E em 2025 serão mais de 10 mil engenheiros de software alocados a esta nova business unit, garante Ricardo Tomaz.
O voo é alto, mas a missão vai além da mobilidade. O Grupo Volkswagen acredita que a “estratégia de eletrificação só tem sentido se corresponder a uma verdadeira ação ‘carbono zero’, finaliza o responsável. Os dados estão mais do que lançados.
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