Recessão global, desemprego e um novo surto. Estes são os maiores riscos no mundo pós-Covid-19

  • ECO Seguros
  • 19 Maio 2020

Além de recessão duradoura e desemprego elevado causados pela Covid-19, especialistas da Zurich e da Marsh advertem para agravamento de riscos a nível ambiental, social e tecnológico.

Recessão global duradoura, desemprego elevado, um novo surto de doença infecciosa (diferente da Covid-19) e protecionismo são os quatro maiores riscos identificados pelo Fórum Económico Mundial (FEM) num cenário pós-Covid-19.

Depois do Global Risks Report 2020 apresentado na última edição do Fórum Mundial, a instituição divulga agora as conclusões do Covid-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications, um relatório que perspetiva as preocupações de especialistas de risco para o curto e médio prazo, produzido em parceria entre a seguradora Zurich e a Marsh & McLennan, grupo de empresas de corretagem, consultoria e gestão de risco e capital humano.

Para o estudo cujas respostas foram recolhidas entre 1 e 13 abril, os autores definiram Risco como “um acontecimento, ou condição incerta que, caso corra, pode causar impacto em vários países ou setores económicos”. Neste contexto, os inquiridos foram convidados a responder a três questões, selecionando oito riscos de uma lista de 31 num horizonte temporal a 18 meses:

  • Qual risco mais provável que o mundo enfrentará em resultado do impacto da Covid-19?
  • Qual o risco que mais preocupa o mundo depois da Covid-19?
  • Qual o risco que mais preocupa a sua empresa depois da crise Covid-19 durante os próximos 18 meses?

Para as duas primeiras questões, numa ótica mundial, as respostas mais frequentes apontadas pelos 350 inquiridos identificam a recessão prolongada, as falências, a incapacidade de as empresas recuperarem, o desemprego e o risco de uma nova doença infecciosa.

Nos riscos que implicam empresas, as consequências económicas da Covid-19 dominam a perceção de risco dos profissionais. Dois terços (66%) dos inquiridos identificam a recessão como a principal preocupação para o futuro de curto prazo das suas empresas. Em segundo lugar, mais de metade (52,7%) apontam o aumento de falências, com consequentes movimentos de consolidação. O terceiro motivo de maior preocupação para as empresas (50,1% das respostas) é um aumento dos ciberataques, violação da privacidade, roubo e fraudes com dados.

O estudo alerta ainda para um conjunto de consequências (ambientais, sociológicas e tecnológicas) resultantes da pandemia. Por isso, o cenário traçado implica uma resposta dos decisores, desafia o documento.

Ao nível da sustentabilidade global, 18% dos inquiridos consideram que a pandemia agrava o défice de investimento na ação pelo clima. O esforço financeiro para responder à pandemia fragilizou as finanças públicas de muitos países, colocando o rácio de dívida pública das economias avançadas em níveis superiores a 120% do PIB no final de 2020. Por outro lado, 16% consideram ser este o risco mais preocupante para o mundo.

Na vertente societal, apontam-se a necessidade de gestão da ansiedade e o risco de perturbações sociais. O receio de haver um novo surto de doença viral (diferente da Covid-19) é ameaça mundial para 40,1% dos inquiridos. Aferindo o risco de uma nova doença infecciosa global, 30% dos inquiridos consideram o evento como “provável”.

A adoção e dependência abrupta da tecnologia, que permitiu manter a continuidade dos serviços e o distanciamento entre pessoas, são também uma preocupação. Para 38% dos participantes no inquérito, os ciberataques e as fraudes de dados são um dos riscos mais prováveis para o mundo a nível tecnológico. Ainda que estas tecnologias também permitam criar empregos e oportunidades de negócio num cenário pós pandemia.

Desafios e oportunidades no mundo pós-Covid-19

Mas nem tudo são riscos. Se os líderes (de governos e empresas) atuarem rapidamente, o futuro pode proporcionar uma recuperação mais verde e resiliente, e dar lugar a sociedades “mais coesas, inclusivas e igualitárias”, defende o Fórum Económico Mundial (FEM) num segundo relatório, intitulado Challenges and Opportunities in the Post-Covid-19 World.

“Os líderes devem trabalhar uns com os outros e com todos os setores da sociedade (…). Temos agora uma oportunidade única de utilizar esta crise para fazer as coisas de forma diferente e reconstruir economias melhores, mais sustentáveis, resilientes e inclusivas”, afirma Saadia Zahidi, diretora-geral do FEM.

Peter Giger, diretor de risco do Zurich Insurance Group defende que o “Covid-19 demonstrou que é crucial o foco nos riscos atuais”. E as alterações climáticas são exemplo disso. “A pandemia terá efeitos duradouros”, em particular no desemprego e na educação, criando o risco de haver “outra geração perdida”, nota Giger, acrescentando que “as decisões tomadas agora irão determinar o rumo desses riscos ou oportunidades“.

Abordando as oportunidades que se abrem ao mundo num cenário pós-Covid-19, salientando a capacidade mobilizadora e a solidariedade que as pessoas e organizações evidenciaram na resposta à pandemia, o estudo exemplifica o potencial de programas que estimulem investimento amigo do ambiente (capital verde), responsabilidade social das empresas, a alteração para padrões de consumo e mobilidade mais sustentável como soluções para ajudar a enfrentar riscos fundamentais.

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