Venda de seguros caiu 40% em abril face a igual mês de 2019
O valor dos prémios emitidos pelas seguradoras em Portugal teve uma queda de 40% em abril deste ano em comparação com um ano atrás. O ramo Vida foi a principal causa, mas a Covid-19 manifestou-se.
Os prémios emitidos pelas seguradoras em Portugal em abril de 2020 foram 40% inferiores a de igual mês de 2019, revelam dados da Produção divulgados pela APS – Associação Portuguesa de Seguradores. O ramo Vida, continua a ser o mais penalizador tendo faturado apenas 41 milhões de euros enquanto em igual mês do ano passado tinha recolhido 308 milhões de euros. Esta queda de 71% junta-se a outras verificadas no primeiro trimestre.
A Covid-19 não se fez sentir no total dos ramos Não Vida, apesar de em Acidentes de Trabalho se manter um segundo mês de estagnação ou mesma ligeira baixa, mas longe do esperado dado o encerramento de algumas empresas e do lay-off de muitas outras. O ramo automóvel voltou a subir em abril 5,2% face a igual mês do ano passado, apesar da quebra na venda dos automóveis novos.
No total, todo o negócio segurador caiu 27,7% nos primeiros quatro meses deste ano, face a igual período do ano passado. A venda de seguros no primeiro quadrimestre de 2020 recuou para 3,2 mil milhões de euros, quando comparado com igual período de 2019, em que tinha atingido 4,55 mil milhões. O ramo Vida caiu para metade e hoje significa 41% do total do mercado enquanto no ano passado significava 59%. O conjunto dos ramos Não Vida representam hoje, obviamente, 59%.
Ramos Não Vida: Seguro de saúde contraria todas a tendências
Os ramos Não Vida, mantiveram, mas abrandaram, crescimento ao longo dos 4 meses iniciais do ano. Se em janeiro e fevereiro apresentavam crescimentos de 6 e 9% respetivamente, em março abrandou para 5% e no último mês para 4,5%, totalizando 1.947 milhões de euros no quadrimestre.
Por ramos o comportamento é o seguinte:
- Automóvel (que representa 35% do negócio Não Vida) regista um crescimento de 5,3% desde o início do ano, para quase 680 milhões de euros. No mês de abril, já em plena crise Covid-19 e com uma enorme quebra na venda de automóveis novos, cresceu 5,2% as suas receitas face a igual mês do ano passado.
- Saúde/Doença (20% de Não Vida) mantém-se a estrela com crescimento de 10,2% face ao ano passado, totalizando perto de 400 milhões de euros de produção no quadrimestre.
- Acidentes de Trabalho (outros 20% nos ramos Não Vida) são o único setor a revelar já sinais da crise. O crescimento de 7,8% em 4 meses face ao ano passado, deve-se a fortes crescimentos em janeiro e fevereiro, de 11% e 25% respetivamente. Já em março registou um decréscimo de 1% e este mês estagnou em relação a abril de 2019.
- Incêndio e Outros danos, onde se inclui multiriscos (representa 17% do Negócio Não Vida) cresceu 10,7% no último mês – já em período Covid-19 e 10,2% desde o início do ano, contrariando a tendência quer em particulares (seguros de habitação e condomínios), quer em empresas (comércio e indústria).
- Nos outros ramos Não Vida, que no seu conjunto são apenas 8% do volume de prémios, a nota mais importante é no ramo Transportes que, após uma queda de 29% em março face a um ano antes, caiu em abril 8,6% e no conjunto dos 4 meses de 2020 revela uma baixa de 6% face a igual período de 2019.
Vida: PPR com queda de 86% em abril
O ramo Vida, mantém uma linha descendente de atração de poupanças que começa a atingir níveis preocupantes. São produtos alternativos ou complementares ao tradicional sistema de segurança social, penalizados pelas contínuas taxas de juro baixas nos mercados internacionais e da previsão de que assim se manterão nos próximos anos. Também a ausência de incentivos governamentais evidentes à subscrição de produtos poupança e reforma por particulares e empresas leva a um desinteresse generalizado que também está a chegar ao canal bancário.
O setor Vida está a revelar-se assim:
- PPR é o produto que mais sofre. No primeiro quadrimestre de 2019, com 1390 milhões de euros recolhia 51% da faturação do ramo Vida. Em igual período de 2020 está com vendas de apenas 345 milhões de euros e 26% de quota no mercado Vida.
- Produtos de capitalização: Hoje tem 48% do negócio Vida, registou uma queda de 34,3% e, só em abril baixou vendas em 74% relativamente a igual mês do ano passado.
- Produtos de Risco Puro: mantém-se em crescimento desde o início do ano, dado serem seguros de vida, com cobertura para outros riscos, mas sem dependência de investimentos e de nível de taxas de juro. Estes produtos cresceram 5% desde o início do 2020 face a igual período do ano passado e passou a representar 21% do negócio Vida, o dobro de quota de mercado face a 2019.
Os dados agora divulgados não indicam a repartição de mercado por seguradoras, ams apenas a informação prestada por todas as seguradoras do mercado que são associadas da APS, o que significa mais de 98% do mercado representado.
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