BRANDS' ECOSEGUROS Transformação digital na função fiscal das seguradoras
Luís Pinto, Associate Partner, EY, fala dos novos desafios do setor segurador e da importância de dotar a função fiscal de ferramentas e sistemas tecnológicos mais adaptados ao contexto atual.
A situação particular e extraordinária que atravessamos, até há poucos meses inimaginável, tem suscitado inúmeros “novos” desafios que as empresas do setor financeiro, e em particular as do setor segurador, têm sido obrigadas a enfrentar, procurando manter a sustentabilidade da sua atividade corrente e garantido a melhor resposta possível às necessidades dos clientes.
Formas de trabalho alternativas, de que o teletrabalho é um exemplo, sendo atualmente uma realidade, trouxeram novamente à discussão a necessidade de repensar a forma como tradicionalmente o negócio se encontra estruturado, não apenas ao nível da reorganização das funções mais focadas na vertente do cliente, mas também das tarefas de suporte que garantem o funcionamento de uma estrutura, por vezes ainda demasiado pesada, mas essencial para o desenvolvimento da atividade.
"As empresas do setor segurador necessitam de estar cada vez mais focadas em diversas fontes de informação, na estruturação de dados ao nível da operação e na melhoria substancial da qualidade dos mesmos”
Neste contexto, a (nova) função fiscal na atividade seguradora, assente numa estrutura financeira dinâmica e complexa, apresenta ainda mais desafios tendo presente a crescente tendência de digitalização das administrações fiscais, as constantes alterações regulatórias/prudenciais e a necessidade da transparência (fiscal, financeira ou regulatória), que convergem num aumento exponencial de dados e informação cada vez mais detalhada, sendo cada vez mais a base de qualquer organização.
É, portanto, perante este new normal que importa dotar a função fiscal de ferramentas e sistemas tecnológicos mais adaptados às atuais circunstâncias, visando um maior controlo da informação e maior eficiência no seu tratamento, evitando tarefas time consuming e com pouco valor acrescentado (como sejam, reclassificações, reconciliações e agregação ou desagregação de dados, entre outros).
Por outro lado, e segundo uma tendência que começa a ser generalizada, as empresas do setor segurador necessitam de estar cada vez mais focadas em diversas fontes de informação, na estruturação de dados ao nível da operação e na melhoria substancial da qualidade dos mesmos, não só numa ótica de produto ou serviço, mas também na perspetiva financeira e fiscal, sendo, por isso, crucial a intervenção da função fiscal na estruturação e desenho dos sistemas de informação das organizações.
"O plano de transformação digital da área fiscal deve, portanto, ser encarado como uma verdadeira necessidade, cuja crise atual veio acentuar de forma ainda mais visível”
Tais constatações levam-nos a concluir que as competências e capacidades da função fiscal nas entidades do sistema segurador estão, de facto, em mudança, sendo este um processo irreversível.
E essa mudança, sendo desejada e bem-vinda, exige a necessidade de recursos com competências técnicas diversificadas, agora mais vocacionadas para o tratamento analítico e visualização de dados (assumindo um papel de verdadeiro intérprete da informação), assegurando, assim, não apenas a continuidade do tempestivo e adequado cumprimento do manancial de obrigações fiscais existentes, mas também a capacidade de produção de análises com efetivo valor acrescentado para a organização.
O plano de transformação digital da área fiscal deve, portanto, ser encarado como uma verdadeira necessidade, cuja crise atual veio acentuar de forma ainda mais visível, e que poderá diferenciar decisivamente o desenvolvimento sustentado das instituições nos próximos anos.
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