“Quatro frugais” apelam à despesa “responsável” no Fundo de Recuperação da UE
Os líderes políticos da Suécia, Dinamarca, Holanda e Áustria escreveram um artigo de opinião no Financial Times a apelar a uma despesa "responsável" no fundo de recuperação da UE.
“Dinheiro novo ou fresco é coisa que não existe. Os fundos de resgate vão ter de ser reembolsados.” É com este alerta que os quatro países “frugais” dão início a um artigo de opinião no Financial Times (acesso pago), no qual reiteram a oposição ao modelo de subsidiação proposto pela Comissão Europeia para a “fatia” de leão dos 750 mil milhões de euros do fundo de recuperação.
O artigo em causa é assinado por Stefan Lofven, primeiro-ministro da Suécia, mas subscrito pelos chefes de Governo da Dinamarca e da Holanda — respetivamente, Mette Frederiksen e Mark Rutte — e pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz. A três dias da reunião do Conselho Europeu onde se discutirá o plano de Bruxelas, os quatro líderes europeus, que se autointitulam de “quatro frugais”, voltam a apelar à “responsabilidade” na “despesa com a pandemia”.
Assim, embora reconhecendo que a crise do Covid-19 é uma “emergência humanitária”, os “frugais” afirmam que a solidariedade europeia deve andar “de mãos dadas” com o crescimento sustentável da Europa. Por isso, apesar de ser necessário ajudar os países em dificuldades por causa da pandemia, “há princípios que não devem ser esquecidos”. “Como é que, subitamente, é responsável gastar 500 mil milhões de euros de dinheiro emprestado e atirar a fatura para o futuro?”, interrogam.
O fundo proposto pela Comissão de Ursula von der Leyen prevê ajudas num montante total de 750 mil milhões de euros, dos quais 250 mil milhões em empréstimos e 500 mil milhões em subsídios a fundo perdido. Esta última componente tem gerado discordância destes quatro países (Suécia, Dinamarca, Holanda e Áustria), o que tem posto em causa as negociações, uma vez que é necessária unanimidade na aprovação.
“Parte da proposta recente da Comissão Europeia assenta em encontrar novas formas de o bloco se financiar. Mas dinheiro novo ou fresco é coisa que não existe. Dinheiro gasto vai ter de ser ganhado e reembolsado pelos contribuintes”, argumentam os quatro líderes europeus. É com base neste pressuposto que estes países se opõem aos subsídios, concluindo o artigo de opinião com uma garantia: estão “prontos para um acordo em torno de um fundo de emergência e de um orçamento para [o período de] 2021 a 2027”.
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