Resseguro: Covid-19 e furacões no Atlântico fazem de 2020 o ano mais caro de sempre
A indústria seguradora continua sem poder determinar a magnitude dos prejuízos do impacto da pandemia, mas já reconhece que se trata de catástrofe de evolução lenta e causa de incerteza prolongada
Cem mil milhões de dólares em perdas nos setores de seguro e resseguro é um limiar admitido por diversas fontes. Mas, dependendo da intensidade das catástrofes naturais (nat cats na sigla anglo-saxónica) no resto do ano e da agressividade da pandemia, o prejuízo irá além dos 160 mil milhões (cerca de 142,6 mil milhões de euros), aponta um documento da Guy Carpenter (GC), empresa do grupo Marsh & McLennan Companies (MMC).
O potencial de perdas para 2020 não tem precedente na indústria de seguro e resseguros e será tão elevado quanto maior for a soma dos danos da época dos furacões no Atlântico com o prejuízo causado pela pandemia nos segmentos Vida e não Vida e que, nesta altura ainda, se situam num intervalo de variação consideravelmente largo, observa a corretora de resseguro e especialista em análise de catástrofes e gestão de risco.
De acordo com a GC, 2005, 2011 e 2017 foram os únicos anos com perdas seguradas acima dos 100 mil milhões de dólares. Munindo-se de números de entidades como a Swiss Re, Lloyd´s of London, sala de mercados do Bank of America e a Dowling & Partners, o gráfico apresentado pela Guy Carpenter eleva a projeção de perdas potenciais para um nível sem precedente.
As perdas de catástrofes naturais já registadas (acrescidas de prejuízo médio por Nat cats na segunda metade do ano) somados ainda os custos do “cenário mais conservador de impacto da covid-19” já supera os 100 mil milhões. Quando se considera um “impacto mais agressivo da pandemia”, cujo montante ainda se desconhece, a projeção da GC alcança os 160 mil milhões, fazendo de 2020 “o ano mais caro de sempre e a colocar à prova os limites de resiliência de capital” de muitas seguradoras.
Mas, “levará algum tempo até que as estimativas possam ser consideradas mais precisas e mais próximas da realidade”, nota a companhia.
Apesar de tudo, a Guy Carpenter identifica o que designa como “fatores de compensação” em certas linhas de negócio (por exemplo em automóveis particulares e frotas, que beneficiaram da diminuição de taxa de sinistralidade no período de confinamento).
Além disso, afirma a companhia, os fundamentais do resseguro permanecem fortes: a base de capital das empresas do setor tem resistido à volatilidade do mercado financeiro e existem oportunidades para os operadores fortemente capitalizados desenvolverem novas soluções em linhas de negócio desafiantes, sugere o documento da GC.
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