Espanha: ramo automóvel derrapa e saúde cresce no pico da pandemia
O recuo no seguro automóvel destacou-se em Espanha no negócio não Vida e, na carteira Vida, o maior tombo registou-se nos produtos Vida Poupança, onde o declínio superou 35% até maio.
O mercado espanhol de seguros não Vida cresceu 0,52% até maio, relativamente a idêntico período de 2019, registando-se quebra de 3,04% no ramo automóvel, devido à paragem provocada pela pandemia, revela informação preliminar da Mapfre Economics apontando os seguros Saúde (2º maior gerador de prémios no ramo Não Vida) como o destaque positivo num período que incluiu dois meses de pico da crise epidemiológica (+5,4% até maio, em desaceleração após subida 6,1% até março).
A análise apresenta números preliminares de janeiro e maio de 2020 e estima que, a médio prazo, haverá alterações na composição da produção seguradora “para produtos mais básicos, com menos coberturas”.
Reiterando as incertezas geradas pela crise originada pelo novo coronavírus, existem numerosas incertezas envolvendo o negócio Saúde para o resto do ano, esperando-se cancelamentos de apólices e decréscimo de prémios em resultado de empresas que dispensaram trabalhadores ou encerraram, sustenta o gabinete de estudos do grupo espanhol. O mesmo acontece com os seguros multirriscos (o 3º mais representativo do negócio não Vida), que cresceram 3,1% até maio, esperando-se também um ano igualmente difícil.
Para a modalidade Responsabilidade civil, com recuo de 4,6% de janeiro a maio, os autores do relatório adiantam que o resto do ano poderá ser caracterizado por decréscimo de sinistralidade, refletindo a desaceleração da atividade económica.
Os especialistas da Mapfre Economics assumem dificuldade de adiantar qualquer previsão para o que resta do ano, devido aos níveis de incerteza, mas referem bom comportamento na evolução dos seguros de risco, em parte associado ao desempenho nas componentes económicas de consumo e crédito. No entanto, a análise aos primeiros cinco meses de 2020 regista desaceleração nos seguros Vida risco, embora sinalizando incremento de 0,8%. Pior estiveram os seguros Vida poupança, acentuando o declínio, em termos de variação homóloga, para 35,5% nos primeiros cinco meses do ano.
A análise até maio de 2020 é avançada no mais recente relatório da instituição sobre a evolução global do setor ao longo do ano anterior.
Penetração e Densidade de seguros em Espanha
Elaborado pela Mapfre Economics e publicado pela Fundación Mapfre (julho 2020), o relatório El Mercado Espanol de Seguros en 2019 indica que cada espanhol aplicou 1 352,6 euros em seguros, uma despesa 17,4 euros inferior à efetuada em 2018 com o mesmo fim. Desenvolvendo análise ao indicador de densidade (prémios per capita), o gasto mais elevado coube aos seguros não Vida (772,3 euros por pessoa, face aos 753,4 euros de um ano antes). No entanto, o reforço foi insuficiente para compensar o decréscimo do gasto em seguros Vida, que passou de 616,6 euros, para 580,3 euros em 2019.
No seguro espanhol, a taxa de penetração (prémios em proporção do PIB) fixou-se em 5,15% no final de 2019, um recuo de 0,18 pontos percentuais (5,33% em 2018), distanciando-se mais um ano do seu máximo histórico estabelecido em 2016.
Globalmente, 2019 refletiu a desaceleração da economia espanhola e o quadro prolongado de taxas de juro muito baixas. Neste contexto, o ano terminou com 64,16 mil milhões de euros em prémios, apontando ligeiro decréscimo de 0,4% (em 2018 cresceu 1,5%). O recuo observado no volume de prémios é associado à desaceleração em não Vida (3,4% em 2019, contra incremento de 4% em 2018). Com total de 36,63 mil milhões de euros de prémios em 2019, o negócio Não Vida voltou a melhorar o rácio combinado (92,9%, contra 93,7% em 2018). O ramo automóvel encolheu 0,6 pontos, mas manteve-se o maior gerador de receita (30,9% de quota no volume global de prémios).
De acordo com o estudo, a declínio no nível de penetração foi motivada pelo segmento Vida, onde a taxa caiu para 2,21%.
Número de segurados Vida decresce em Espanha
Outra fonte do setor corrobora andamento positivo nos primeiros meses de 2020 para o mercado Vida-risco. De acordo com a ICEA, que desde 1963 produz estudos e estatísticas da indústria espanhola de seguros, os prémios de seguros Vida Risco cresceram 6,6% até março, totalizando 1 680 milhões de euros em Espanha.
No relatório El Seguro de Vida – Estadística a marzo. Año 2020, mais recente estudo da associação, são contabilizados 20 618 674 segurados no mercado espanhol de seguros Vida, menos 0,96% do que um ano antes neste tipo de coberturas. O universo de segurados com apólices Vida é inferior à metade dos residentes em Espanha, sabendo-se que perto de 20% do total dos seguros Vida estará vinculado à contratação de hipotecas bancárias.
A mesma fonte detalha que o volume de prémios seguros Vida risco cresceu continuamente de 2017 a 2019, passando de 4 199 milhões de euros, para 4 714 milhões em 2018 e 4 859 milhões no ano passado. Em sintonia, os pagamentos por sinistros passaram de 1049 milhões (em 2017) para 1128 milhões e 1157 milhões, respetivamente, em 2018 e 2019.
No primeiro trimestre de 2020, enquanto o volume de prémios se aproximou de 1,7 mil milhões de euros, as prestações por sinistros totalizaram 364 milhões de euros.
A ICEA – Investigación Cooperativa entre Entidades Aseguradoras y Fundos de Pensiones é o organismo de referência e Espanha na produção e publicação de estudos e estatísticas do setor.
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