Media Capital garante que decisões na TVI são da administração. Estala guerra com a Cofina
Estalou a guerra entre a Media Capital e a Cofina. Em comunicado de resposta ao CMTV, a dona da TVI garante que Mário Ferreira não é responsável pelas mudanças de quadros diretivos.
No dia em que a administração da Media Capital, controlada em 64,5% pela Prisa, nomeou Manuel Alves Monteiro para presidente executivo da empresa, estala a guerra com a Cofina. Em comunicado enviado às redações, a dona da TVI assegura que todas as mudanças de altos quadros foram decididos em conselho. “É falsa a imputação ao acionista Mário Ferreira da responsabilidade pelas alterações já comunicadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pelo Grupo Media Capital na sequência de deliberações do seu Conselho de Administração“.
Recentemente, Sérgio Figueiredo deixou de ser diretor de Informação da TVI e, já esta quinta-feira, Luís Cabral anunciou a sua renúncia ao cargo de administrador-delegado, sendo substituído por Manuel Alves Monteiro, até agora administrador não executivo. Posteriormente, foi anunciado que Nuno Santos passava a diretor-geral da TVI e aguarda-se a nomeação de um diretor de informação (Pedro Pinto é diretor interino). Agora, em resposta a notícias do CMTV e do Correio da Manhã que apontavam as decisões destas mudanças ao empresário Mário Ferreira — que e é pequeno acionista do ECO –, o conselho de administração presidido pelo espanhol Manuel Mirat (Prisa) garante que o dono da Douro Azul não é o responsável por estas decisões.
A Media Capital, recorde-se, é controlada em 64% pela Prisa e Mário Ferreira tem cerca de 30% do capital, estando o remanescente no Abanca (5%) e pequenos acionistas. O conselho é presidido por Manuel Mirat e Alves Monteiro é, a partir desta quinta-feira, administrador-delegado. “O senhor Mário Ferreira não integra o Conselho de Administração”, sublinha a Media Capital neste comunicado.
E neste comunicado, deixa saber que a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) foi de alguma forma envolvida na guerra. “As notícias especulativas em causa são, pois, infundadas, sendo de assinalar que são veiculadas por um órgão de comunicação social detido pela sociedade Cofina, que de novo tenta utilizar a ERC para pôr em causa a atuação rigorosa e transparente do Grupo Media Capital e dos seus acionistas, com destaque para o seu acionista maioritário Prisa“, escreve a Media Capital em comunicado.
A guerra entre a Cofina e Mário Ferreira, que agora também envolve a Media Capital, tem meses. Depois de Paulo Fernandes desistir da compra da Media Capital, operação em que também entrava Mário Ferreira como acionista, o mal-estar tornou-se público. E agravou-se quando Mário Ferreira comprou 30% da Media Capital por cerca de 10 milhões de euros, um valor muito inferior ao que a Cofina se preparava para pagar (cerca de 130 milhões por 100% do capital). Em resposta às notícias do Correio da Manhã, nomeadamente sobre alegados processos fiscais, o empresário foi particularmente duro nos ataques. Em entrevista à Rádio Renascença, Mário Ferreira foi cáustico: “Fui comprando ações [da Cofina], estavam a um preço bastante mais alto, mas como ele abandonou o negócio da forma como abandonou, as ações passaram para metade. Obviamente não as quero para nada, para mim são lixo, como é o jornal de que ele é proprietário. Mas tenho-as porque estou a perder umas centenas de milhares de euros nas ações, e neste momento não faz sentido nenhum vendê-las”.
A Media Capital esclarece, por outro lado, que “desde a data de aquisição da participação social por Mário Ferreira, não ocorreu qualquer assembleia geral que proporcionasse que os direitos sociais referidos pudessem ser por aquele acionista exercidos, seja em matéria de nomeação de administradores, seja em qualquer outra matéria”.
De resto, como o ECO Insider — a newsletter exclusiva para assinantes — já revelou, a Cofina não desistiu da Media Capital. A CMVM tinha decidido que a Cofina teria mesmo de avançar com a OPA sobre os cerca de 5,31% do capital disperso da dona da TVI, a 2,3336 euros por ação, apesar de ter desistido de fazer o negócio com os espanhóis da Prisa. Agora, uma possível alternativa para contornar a obrigação de pagar dez milhões de euros por apenas 5% das ações, a Cofina terá feito um pedido de revisão das condições da oferta ao supervisor de mercado, justificado pela alteração de circunstâncias associadas à pandemia do Covid-19. E ainda se aguarda por uma decisão do regulador de mercado.
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