Um terço dos sindicatos do Lloyd’s of London desliga Covid do risco insolvência
Zâmbia e Angola, por um lado, e aviação, energia e turismo, por outro, são maiores receios por risco de insolvência, agravada pela pandemia, indicam seguradoras do Lloyd's of London.
A aviação comercial, a indústria petrolífera e da energia (oil & gas) e o turismo são, globalmente, os setores com maior risco de insolvência (ligada à pandemia) nos próximos 12 a 18 meses, conclui um inquérito do corretor Arthur J. Gallagher & Co sobre crédito estruturado e risco político junto de 76 companhias que, por sua vez, representam 46 ou perto de metade dos mais de 90 sindicatos que operam no Lloyd’s of London, o benchmark clássico da indústria global de seguros.
A análise da Gallagher, especialista em gestão e controlo de risco na área de seguros P&C (propriedade e danos) teve objetivo de tomar o pulso ao mercado, em termos da capacidade atual e futura de os operadores subscreverem riscos e de como o novo normal (expressão que se tornou comum para referir contexto de pandemia) condicionou o mercado, no lado dos tomadores de seguros, quanto a operações de financiamento e de crédito nas transações comerciais em função de diferentes coberturas e modalidades de seguro (pagamento; fretes marítimos, cancelamento de encomendas, licenças de operação, entre outros).
As conclusões constam do mais recente “Structured Credit and Political Risk Report and Market Update”, publicado a 4 de agosto, onde se confirma também que os sindicatos da AXA XL e Chubb são líderes do Lloyd’s em termos de capacidade de cobertura de risco político.
De acordo com as conclusões do inquérito cuja informação foi recolhida entre 24 de junho e 9 de julho, 71% dos inquiridos (ou, extrapolando, 35% do universo Lloyd’s of London) disseram que as reclamações de seguros não se apresentam “especificamente” associadas com a pandemia, enquanto 29% das seguradoras – amostra representativa de aproximadamente 14% dos sindicatos presentes no mercado Lloyd’s – assumiram que as reclamações/participações de seguro recebidas estão relacionadas com a covid19, quer por via de medidas decretadas por governos quer por deterioração das condições de crédito por setores económicos.
Quando convidadas a indicar os setores de maior preocupação nas respetivas carteiras de negócio, o estudo compilou as respostas pelo critério da ordenação indicada e identificou aviação (26,9%); petróleo e gás (26,4%) e, em terceiro lugar, o turismo (10%), seguindo-se consumer & retail (9%), indústria mineira e metalurgia (6,4%) e automóvel (5,7%) como sendo os setores de maior risco de insolvência em consequência da crise pandémica.
O relatório procurou recolher informação sobre a perceção que as seguradoras estão a ter da crise pandémica e como estão a gerir a procura de seguros de crédito para cobrir incumprimento de pagamentos nas transações de bens e serviços. De acordo com os números apresentados, o valor global de contratos de seguro frustrados pela emergência da crise pandémica mostra-se elevado, quer a nível individual (por companhias) quer ao nível da capacidade de subscrição que oferecem através do Lloyd’s.
Na abordagem de risco político – um fator que empresas exportadoras, seguradoras e bancos ponderam no desenvolvimento das suas operações – o estudo da Gallagher sustenta-se em informação compilada por uma agência de notação financeira (Fitch) e na ponderação das respostas obtidas no seu inquérito para concluir que, em termos de risco soberano, Zâmbia (59% das respostas que ordenam os 3 países de maior risco), Angola (52%), Equador (28%), Gana (22%) e Líbano (20%) são as nações que mais preocupam as companhias que subscrevem riscos de pagamentos estatais.
Quando questionadas sobre perspetivas de evolução dos prémios de seguro em resultado de eventuais expropriações consequência de crise pandémica, o risco político puro emerge como o motivo mais forte para que se atualizem projeções sobre evolução dos prémios. Neste contexto, o mapa assume outros contornos, com a Argentina pesando em 48% das respostas, seguida da China (29%) Tanzânia (19%), México (16%) e Sudão (13%) no top5 de países que geram maior preocupação.
O novo normal não trouxe apenas preocupações. Também impulsionou parcerias no mercado de seguros comerciais com os organismos públicos. Dado o papel mais ativo do setor público em tempos de crise, e que este já era fator de crescimento nos últimos anos, “espera-se que a tendência continue”, acompanhada por melhoria dos preços. Enquanto as seguradoras prezam os preços nesta área do mercado, “os próprios compradores de coberturas espreitam retornos mais favoráveis e, por conseguinte, resta sempre alguma margem para as seguradoras” lê-se no relatório em introdução assinada por Matthew Solley, administrador executivo da corretora britânica.
No documento (em inglês) cabe ainda uma análise detalhada da capacidade de cobertura de risco (por montante e períodos temporais) que cada companhia subscreve através dos mercados Lloyd´s. Os números confirmam AXA XL (AXA XL Synd 2003) e a Chubb (Chubb Synd 2488) como as maiores (em termos de valores totais) na capacidade para cobrir risco político puro.
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