Alterações climáticas integram estratégia da maioria dos fundos de pensões
Os riscos ESG (Environmental, Social and Governance) constituem motivo de alguma ponderação nas estratégias de investimento para grande maioria (89%) dos fundos de pensões europeus.
Mais de metade, ou 54% dos investidores institucionais já considera o impacto das alterações climáticas nas suas decisões de investimento, acima dos 14% registados em 2019, realça o “European Asset Allocation Insights 2020″, o mais recente estudo da Mercer com informação recolhida junto de investidores institucionais em mais de uma dezena de países europeus.
Com base nos resultados do inquérito realizado entre o último trimestre de 2019 e o primeiro de 2020, a empresa do grupo Marsh & McLennan Companies (MMC) revela que 89% dos fundos de pensões têm agora em consideração os riscos ESG na tomada de decisão de investimento, frente aos 55% em 2019.
Comentando os números, Rui Guerra, Partner da Mercer, refere: “É muito interessante ver que a perceção dos riscos ESG por parte dos investidores institucionais está a aumentar, incluindo o potencial impacto das alterações climáticas. Há muito que temos a visão de que estes elementos não devem ser colocados em segundo plano. Devem, sim, fazer parte ativa das decisões de estratégia de investimento. Para que isto seja relevante a longo prazo, os investidores devem ter a perceção do valor para as suas carteiras”.
Enquanto “a regulamentação continua a ser a principal razão das preocupações com os riscos ESG (85%)”, o mesmo estudo revela que grande parte (51%, acima dos 29% em 2019) “é influenciado pelos benefícios percecionados no que se refere ao risco e ao retorno dos seus investimentos”. Por outro lado, 40% refere que assumir essa orientação permite mitigar potenciais danos de reputação e 30% demonstra a pretensão de alinhar as métricas de risco ESG com as estratégias de responsabilidade corporativa já existentes.
“Esta tomada de consciência vai aumentando à medida que mais fundos e empresas começam a perceber como os riscos ESG podem impactar diretamente o retorno dos seus investimentos e como são percecionados pela opinião pública,” complementa o responsável da Mercer Portugal.
Ainda, de acordo com os resultados do inquérito, o número de planos de pensões que integram as componentes ESG nas respetivas estratégias de investimento subiu, de 68% em 2019, para 88% em 2020.
A 18ª edição do estudo “European Asset allocation insights”, inquiriu 927 clientes investidores institucionais em 12 países (incluindo Portugal), “refletindo um total de ativos de cerca de 1,1 bilião de euros”. O estudo anual proporciona “análise abrangente das estratégias de investimento do setor europeu de pensões, identificando tendências emergentes no comportamento do investidor institucional,” explica a Mercer em comunicado.
Em Portugal, de acordo com a consultora e gestora de capital humano, “continua a verificar-se um reforço das classes obrigacionistas, mais protetoras das responsabilidades no caso dos planos de benefício definido. Mas, ao mesmo tempo, nota-se uma maior diversificação das carteiras através de exposições mais globais (e não concentradas na Europa) e considerando um conjunto de classes de ativos mais alargada (como por exemplo high yield, emerging markets e alternativos)”.
A empresa “tem estado em contacto com os seus clientes acerca deste assunto”, no seguimento do lançamento do relatório “Investing in a time of Climate Change”, e assume a expectativa de ver, ao longo do próximo ano, “mais fundos a ter em consideração os potenciais impactos das alterações climáticas”.
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