Governo quer aumentar em 15% o valor da produção agroalimentar

O Plano estratégico a dez anos aposta numa agricultura com futuro, uma cadeia de valor mais inovadora e competitiva, agricultores com mais rendimentos e um país com autonomia estratégica.

“A dez anos, queremos uma agricultura mais competitiva, mais moderna, e que tenda a garantir a nossa autonomia estratégica”. É desta forma que a ministra da Agricultura define os objetivos da Estratégia da Agricultura para a próxima década, que assenta em 71 linhas de ação organizadas em quatro pilares e que tem nos fundos europeus a chave de financiamento.

Aumentar o rendimento do setor agroalimentar, instalar pelo menos 80% dos novos jovens agricultores em territórios do interior, aumentar em 60% o investimento em investigação e desenvolvimento, criar uma rede de inovação e um portal único para simplificar a relação entre agricultores, cidadãos e empresas são algumas das medidas que integram a estratégia que Maria do Céu Antunes apresenta esta sexta-feira.

“Desenvolvemos esta Agenda onde a inovação, a tecnologia e o conhecimento são a base para o desenvolvimento das políticas públicas, para responder aos desafios estratégicos que assumimos: as alterações climáticas, a demografia, as desigualdades e a transição digital”, explicou ao ECO a ministra da Agricultura. Desafios que estão “alinhados com os objetivos previstos no Pacto Ecológico Europeu e na estratégica “Do prado ao prato”, da Comissão Europeia, bem como nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”.

“Uma das cinco metas desta agenda é aumentar em 15% o valor da produção agroalimentar”, sublinhou a responsável e, por isso, estão previstas medidas de promoção dos produtos agroalimentares portugueses, da excelência da organização da produção e de transição agro energética, ou seja, agindo ao nível das cadeias de valor.

A sociedade, o território e o Estado são os outros três pilares em torno dos quais foi feita esta reflexão estratégica para a década, que contou com contributos de vários agentes do setor agroalimentar, desenvolvimento local, produtores, empresários, autarcas e investidores. E já estão em curso várias iniciativas, sublinha Maria do Céu Antunes. “Os laboratórios de referência do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), que se enquadram na iniciativa “Uma Só Saúde”; o Portal Único da Agricultura, com trabalho desenvolvido pelas Direções Regionais e que consta no Programa Simplex; os programas de conservação e melhoramento de plantas do INIAV relacionado com a iniciativa “Territórios Sustentáveis” e a “Adaptação às alterações Climáticas””, são alguns dos exemplos avançados.

O Portal Único da Agricultura é um posto de atendimento online que irá servir mais de 270 mil utilizadores, de acordo com as previsões do Governo, entre agricultores, empresas e outros agentes económicos, simplificando a sua interação com mais de uma dezena de organismos tutelados pelo Mistério da Agricultura. O portal vai disponibilizando de forma progressiva toda a informação, e serviços que são prestados por estes organismos, com a digitalização dos procedimentos administrativos.

Outra das medidas emblemáticas — são 15 no total — passa pela criação de uma rede de inovação de Norte a Sul, do Litoral ao interior, abrangendo fileiras produtivas, com foco em temas específicos como a dieta mediterrânica (em Tavira), a agricultura inteligente (Dois Portos), a adaptação às alterações climáticas (Elvas) ou ainda os territórios sustentáveis (no Centro Nacional de Conservação de Recursos Genéticos Vegetais de Braga).

A Rede de Inovação irá envolver mais de 20 polos do INIAV e das Direções Regionais que agrega outras entidades, nomeadamente alguns laboratórios colaborativos do setor agroalimentar e os centros de competências”, afirma Maria do Céu Antunes. “Estes polos têm também uma especialização ao nível das fileiras produtivas. Por exemplo, no concelho de Torres Vedras, temos a Estação Experimental de Dois Portos, antiga estação vitivinícola nacional, onde está sedeado o Smart Farm CoLab, inaugurado recentemente, onde são realizados trabalhos na fileira da vinha e do vinho, desde os recursos genéticos até ao envelhecimento de aguardentes. Outro exemplo, em Coruche, é a Estação Experimental António Teixeira onde está sedeado o Centro de Competências para as Culturas do Milho e Sorgo (InovMilho)”, precisa a responsável.

“Mais futuro, mais saúde, mais inclusão e mais inovação”, são as ideias fortes desta agenda que para se financiar vai “mobilizar fundos não só da Política Agrícola Comum (PAC), também outros fundos comunitários, como o Horizon Europe”, explica Maria do Céu Antunes, sem no entanto precisar qual o custo estimado desta estratégia a dez anos.

Além de querer que a agricultura tenha futuro, com uma cadeia de valor mais inovadora e competitiva, proporcionando mais rendimento aos agricultores, esta estratégia visa também tornar os portugueses mais conscientes da sua alimentação — protegendo o planeta e conservando os recursos naturais –, promovendo hábitos saudáveis com uma maior adesão à dieta mediterrânica. “A ambição vai ao nível de criar metas para estes objetivos estratégicos” como por exemplo “aumentar em 20% a adesão à dieta mediterrânica”, diz a ministra da Agricultura. “Por isso queremos valorizar a estação experimental de Tavira”, acrescenta a responsável. Esta é uma estação onde, por exemplo, se desenvolvem metodologias para a produção e repovoamento de bivalves.

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