Covid-19 não é “evento de capital” para setor ressegurador, diz WTW

  • ECO Seguros
  • 13 Setembro 2020

Após tombo estimado de 30% no primeiro trimestre, as disponibilidades de capital na indústria global de resseguro recuperaram para um declínio modesto de 3% no final de junho, indica análise setorial.

O montante de capital dedicado à atividade de resseguro ascendia a 587 mil milhões de dólares no final de junho, evidenciando uma quebra de 3% face à situação de um ano antes, indica o mais recente Willis Re’s Reinsurance Market Report, a 12ª edição do estudo semestral em que a subsidiária da WTW toma o pulso às disponibilidades de capital e rentabilidade da indústria de resseguro.

No documento, a unidade de resseguros da Willis Towers Watson (WTW) refere a emergência de perdas por conta da pandemia (Covid-19) como o traço mais forte no desempenho operacional e na capitalização dos resseguradores durante a primeira metade de 2020. Menos visível, mas “também importante” é o fraco nível de rentabilidade (lucros) que o setor continua a apresentar.

Calculando as disponibilidades de capital (incluindo o designado capital alternativo e os recursos próprios das resseguradoras), o relatório nota que, no conjunto do primeiro semestre de 2020, tendo em conta o declínio de 3%, para os estimados 587 mil milhões de dólares, o impacto da crise foi “francamente modesto”, a contrastar significativamente com a quebra de 30% que a entidade havia estimado no final de março num cenário em que os mercados financeiros tropeçaram na pandemia, mergulhando na volatilidade.

Ora, foi precisamente a vigorosa recuperação do mercado de investimento (no 2º trimestre) que ajudou a restaurar a situação, sustenta a análise. Graças a esse movimento de inversão, a base de capital da indústria de resseguro recuperou e encontra-se atualmente 12% acima dos níveis de final de 2018, tornando agora possível afirmar, numa perspetiva global, que a Covid-19 “não é um evento de capital para a indústria,” lê-se no relatório que, este ano, é baseado num índice (Willis Reinsurance Index) composto por 39 companhias globais.

Na perspetiva da indústria seguradora, uma comunidade setorial caracterizada pela mutualização do risco, refutar a pandemia como “evento de capital” significa então que, face ao choque da Covid-19 – enquanto fenómeno mais ou menos extremo e causador de eventual risco sistémico -, a indústria não foi afetada ao ponto de se confrontar com instabilidade sistémica, falta de liquidez ou, ainda, necessidade imediata de reequilibrar capital face aos requisitos de solvência e outras exigências de natureza prudencial.

No âmbito do mesmo estudo, a Willis Re aprofunda a análise para um subconjunto de 18 resseguradoras globais e indica que, em termos agregados, o rácio combinado da amostra deteriorou, de 94,9%, em junho de 2019, para os 104,1% em junho de 2020, por causa das perdas decorrentes da pandemia. Retirando o impacto da Covid-19 (mais os efeitos de reservas constituídas em anos anteriores e as perdas relacionadas com catástrofes naturais), o rácio combinado melhorou, de 100,5%, para 98,6%.

No documento publicado na primeira semana de setembro, a Willlis Re afirma que a melhoria do indicador de eficiência é suportada pela tendência de subida de preços (a ganhar tração desde 2019) e menor frequência de reclamações de sinistro (verificada no 1º semestre de 2020). A estes fatores somou-se ainda o decréscimo no rácio da despesa que passou de 32%, em junho de 2019, para 30,7% no termo do primeiro semestre de 2020.

De acordo com a mesma fonte, no final de 2019, as disponibilidades de capital na indústria global de resseguro somavam 605 mil milhões de dólares, a crescer uns robustos 15% face ao ano anterior, tendo sido calculadas em 559 mil milhões a meio do ano (+8% face ao reavaliado em junho de 2018) e com a atividade de investimento a destacar-se como motor principal de crescimento de capital no setor.

A Willis Re opera em corretagem de resseguros. Pertencendo ao universo WTW (líder em corretagem e consultoria de risco, atualmente em processo de fusão com a Aon Plc), a corretora de resseguros beneficia do know-how “da casa” em análise e gestão de risco.

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