Mediadora portuguesa Go Far dá menos prejuízo à Farminveste
A mediadora participada 50/50 pela Ageas Portugal e a Farminveste, holding do universo ANF, reduziu perdas em perto de 7% até junho, indicam dados da acionista que representa as farmácias.
A Go Far Insurance, detida em 50% pelo grupo Associação Nacional das Farmácias (ANF) e consolidada nas contas da holding Farminveste IPG (pelo método de equivalência patrimonial), gerou resultado líquido negativo de 131,46 mil euros reconhecidos como “perdas imputadas” da participada à holding da ANF no primeiro semestre, revela o mais recente relatório e contas semestrais enviado à CMVM pela holding empresarial da ANF (Farminveste SGPS).
Enquanto o prejuízo diminuiu em 6,8%, a parceria que continua sem dar lucro às farmácias portuguesas gerou “rendimentos” reconhecidos na demonstração de resultados da sub-holding, subsidiária a 100% da Farminveste SGPS, por um montante de 278,22 mil euros (de janeiro a junho), evidenciando incremento superior a 80% face aos cerca de 153,7 mil averbados em idêntico período de 2019.
Sempre pela metade da joint venture (jv) lançada há mais de dois anos com o grupo Ageas, a parte da Go Far que a Farminveste consolida nas suas contas, junto com ativos de outras parcerias estratégicas (Aponatura, Globalvet, Farbiowell, Cuidafarma e Servestec), integra a área “Desenvolvimento do Negócio das Farmácias”, cuja receita depende em mais de 90% do Programa Saúda, corporizado pelo cartão de fidelização das farmácias portuguesas.
De janeiro a junho de 2020, as receitas da unidade de desenvolvimento do negócio farmacêutico diminuíram em 3,9%, face aos primeiros seis meses de 2019, descendo aos 8,67 milhões de euros no final de junho de 2020. Já o resultado bruto operacional (ebitda) registou valor negativo de 572 mil euros em junho de 2020, melhor face aos -2,3 milhões de um ano antes, enquanto o “resultado líquido individual” foi negativo em 634 mil euros na primeira metade de 2020. O capital próprio negativo da Go Far (contabilizado em 2019 na parcela “provisões”), é agora indicado na rubrica “ganhos/perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos” reexpresso por 40,59 mil euros (na Go Far Insurance).
Com break-even point (limiar de rentabilidade) por alcançar, a mediadora de seguros, detida em partes iguais (50/50) pela Ageas Portugal Holding e pela Farminveste, foi criada com a designação Go Far Insurance – Soluções e Serviços Para Proteção da Saúde, Mediação de Seguros, SA. Em janeiro de 2019, foi registada pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), com autorização para operar nos mercados Vida e não Vida.
Segundo informação no site da Ageas comunicando o lançamento da jv (em julho de 2018), “700 mil clientes com seguros de saúde Médis ficaram de imediato com acesso a uma série alargada de serviços prestados nas farmácias, em condições preferenciais”. Em contrapartida, “os 2 milhões de portugueses com cartão Saúda, das Farmácias Portuguesas, terão condições especiais de adesão aos seguros de saúde Médis Saúda”.
Citado no comunicado do grupo segurador, Hugo Julião, CEO da Go Far referiu-se à parceria com “um projeto com abrangência nacional e que trará benefícios para todos os intervenientes. Todos os portugueses terão acesso aos serviços de saúde prestados em ambiente de Farmácia comunitária, com benefícios claros para Clientes Médis (…)”.
Apoiada na parceria com as farmácias e potenciada pelo grupo Ageas Portugal (Médis e Ocidental), a Go Far tem atualmente em curso uma campanha visando captar novos aderentes para o seguro Médis Saúda.
De acordo com o documento divulgado ao mercado, a Farminveste SGPS encerrou o semestre com perdas líquidas a rondar 8,7 milhões de euros e 386 milhões em volume de negócios (+3,7%). A área de negócios que integra a Go Far representou 2,2% da receita semestral consolidada pela SGPS do universo empresarial da ANF.
As perdas apresentadas pela holding que gere o universo empresarial da ANF consubstanciam o peso da unidade de negócio “prestação de cuidados de saúde”, cujo ativo principal são as participações minoritárias (em torno de 30% cada) na CUF (José de Mello Saúde) e JMS Residências, onde a pandemia causou “elevada quebra de atividade”. Assim, com a incorporação dos resultados dessas participadas o ebitda da Farminveste caiu 66,1% e o resultado líquido semestral derrapou perto de 300%.
No termo do semestre, a dívida líquida da Farminveste situava-se em 263 milhões, agravando-se face aos 237 milhões de euros em dezembro de 2019.
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