Seguradoras projetam aumento da fatura médica em 2021

  • ECO Seguros
  • 12 Outubro 2020

Seguradoras do mercado português participaram num estudo global sobre tendências médicas. O relatório da WTW aponta subida próxima de 4% no custo bruto do serviço local em 2021.

Muitas seguradoras e empregadores assumem tendência decrescente na taxa de sinistros de saúde este ano, refletindo o adiamento de atos médicos (cirurgias e tratamentos não realizadas entre maio e agosto), perspetivando aumento da procura e dos custos de saúde em 2021, sustenta relatório da corretora Willis Towers Watson (WTW) sobre o “2021 Global Medical Trends Survey”, um inquérito que auscultou perto de 290 seguradoras em mais de 70 países, incluindo Portugal.

Esperando que, no próximo ano, se registe curva ascendente generalizada da “tendência médica”, o exercício de modelação da WTW assume cenário de alguma volatilidade, uma perspetiva justificada pela combinação de um conjunto elementos: evolução incerta do impacto da pandemia; confirmação (ou não) de vacinas no início de 2021; stock disponibilizado e quem pagará por elas. A acrescer à incógnita destes fatores, resta ainda a dúvida sobre se os custos com testes e tratamento da covid-19 continuarão a ser repartidos entre governos, seguradoras e empregadores, refere o relatório global de “Tendências Médicas” da WTW, que atualmente se encontra em processo de fusão com a Aon Plc.

À luz do enunciado, o indicador – que a WTW define como “taxa de tendência médica” (medical trend rate, na aceção original) – desacelerou para 4,2% na Europa em 2020, a que seguirá recuperação em 2021, para uma variação próxima dos 5,8%, que foi o “nível de tendência em 2019”.

Para Portugal, onde se regista evolução a taxa inferior à da Europa, o relatório aponta 3,79% em 2019, seguindo-se variação negativa de 1,83% em 2020 e recuperação com aumento de 3,97% na média do custo bruto do serviço médico no próximo ano. Corrigida inflação, a variação esperada para 2021 será de 2,62% em 2021, contra 3,49% em 2019, detalha o estudo que correlaciona o indicador de tendência com o andamento do PIB per capita (das regiões e países abrangidos pelo estudo).

Descrevendo a evolução projetada para o mercado português, onde pelo menos cinco seguradoras participaram no inquérito, a corretora refere-se a “diminuição significativa” das taxas de utilização da capacidade do sistema de saúde em 2020, refletindo efeitos da covid-19, com franja maioritária da população a “adiar consultas médicas, tratamentos e exames”, o que também explica a “tendência negativa” em 2020.

Não obstante, prossegue o documento da WTW sobre o cenário em Portugal, a “tendência” para 2021 aponta para um retorno aos níveis de 2019 à medida que os beneficiários dos serviços de saúde forem retomando atos médicos adiados, desenvolve ainda o documento, antecipando-se para o caso português “potencial de agravamento” nas situações clínicas dos utentes e consequente incremento de custos associados nos anos seguintes, nomeadamente para especialidades em que tratamentos e terapias estejam mais demoradas.

De acordo com o estudo, quando questionadas sobre como perspetivam os custos na carteira saúde para os próximos três anos, 71% das seguradoras europeias auscultadas no inquérito responderam “mais altos.” Para a globalidade dos mercados inquiridos, a variável tendência médica – traduzida em “custo médio bruto” (sem ajustamento da inflação) tende de 5,88% em 2020, para 8,12% em 2021, acima dos 7,16% de 2019.

Num artigo publicado em agosto, após debate com especialistas da Zurich, da Cigna, da General Electric e da Marsh, a WTW antecipava que, à medida que as empresas se forem libertando dos bloqueios impostos pela Covid-19, as organizações (empresas e seguradoras) terão de lidar com um potencial aumento dos custos associados aos benefícios médicos oferecidos pelas empresas.

Na perspetiva então assumida pela Willis Towers Watson, já era de esperar que, em termos globais, os prémios decresçam ou diminuam no curto prazo com a menor utilização do serviço médico de rotina. “O desvio dos custos previstos no início do ano testará a capacidade dos empregadores e do mercado de seguros de subscrever prémios sustentáveis ​​nas próximas renovações. Já os custos com planos Vida e de Invalidez permanecerão provavelmente inalterados para os empregadores”, adiantava a WTW.

Agora, cerca de dois meses depois do insight divulgado em agosto, o novo inquérito revela que 63% da amostra global espera custos “mais altos”, enquanto outros 4% esperam custos “significativamente mais altos”, tendência justificada pela esperada realização dos tratamentos e atos reprogramados, já com agravamento das condições de saúde dos beneficiários e aumentos de custos inesperados como, por exemplo, em equipamento de proteção individual (EPI).

O “Global Medical Trends Survey” é um estudo anual da WTW, geralmente efetuado entre julho e setembro. Este ano, 287 seguradoras de 76 países participaram na pesquisa cujo objetivo é rastrear e projetar a designada “tendência médica”, na prática um referencial do custo bruto do serviço médico.

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