Resseguradoras alemãs avisam que preços sobem na próxima época de renovações
A Fitch notou que as perdas acumuladas com catástrofes subiram no 3ºT. Munich Re e Hannover Re advertem para mais disciplina na subscrição de risco, antevendo que preços subam nas renovações.
A Munich Re prevê que a época de renovações de contratos, em janeiro, traga um endurecimento dos preços, nos seguros e no resseguro, uma vez que o setor precisa de voltar a focar-se na questão da rentabilidade.
“Queremos apoiar os nossos clientes de forma fiável no longo prazo, suportados pela nossa capacidade financeira e o nosso conhecimento dos riscos. Na Munich Re dedicamos muita atenção à subscrição, bem como aos preços, termos e condições adequados”, comentou Doris Höpke, membro do Conselho de Administração e responsável pelos mercados da Europa e América Latina.
A resseguradora considera que as baixas taxas de juro estão a ter impacto nos lucros do resseguro e, ao mesmo tempo, a pandemia COVID-19 e o consequente contexto de confinamento estão a gerar alertas na indústria relativamente a riscos sistémicos. Os preços devem adequar-se aos riscos e é por isso que a Munich Re está focada em manter disciplina na atividade de subscrição na próxima campanha de renovações de contratos, explicou a companhia.
No mesmo sentido, a E+S Rückversicherung, filial da Hannover Re, assume a perspetiva de um aumento de preços e melhores condições nas renovações de resseguro no mercado germânico. De acordo com a companhia, a tendência na contração global da capacidade de resseguro também está a fazer-se sentir na Alemanha.
O efeito combinado da covid-19 com o ambiente de taxas de juro baixas estão a suportar uma inversão de tendências em seguros e resseguros, conduzindo a preços mais elevados, disse a resseguradora. “Juntamente com os impactos diretos da pandemia, o declínio renovado das taxas de juro está a ter um impacto nos lucros da indústria seguradora. Por isso, os aumentos de preços nas seguradoras primárias são absolutamente fundamentais, sendo igualmente necessários ajustamentos do lado do resseguro”, explicou Michael Pickel, Diretor Executivo da E+S Rück.
Comentário da Fitch aponta perdas acumuladas com catástrofes
Num comentário sem qualquer efeito nas classificações de rating, a Fitch estima que as perdas com sinistros catastróficos do 3º trimestre (3ºT) podem elevar-se a, pelo menos, 25 mil milhões de dólares, fixando período de maior prejuízo desde o 3ºT de 2017, impulsionada por uma elevada frequência de eventos durante os meses de julho a setembro de 2020, em particular no mercado dos EUA.
Embora a maioria das seguradoras e resseguradoras esteja muito bem posicionada para absorver estas perdas, uma vez que os respetivos balanços são fortes e os programas de resseguro são robustos, a agência de rating nota que algumas companhias estão agora a relatar impactos materiais, tornando o terceiro trimestre um período de custos excecionalmente elevados devido a eventos como os furacões Isaias, Laura, e Sally, a tempestade de vento Derecho no Midwest norte americano, e incêndios florestais na Califórnia e no Oregon.
Além dos gastos acumulados com as catástrofes naturais, algumas resseguradoras globais terão ainda de fazer frente aos custos da explosão no porto de Beirute, lê-se no comentário da agência de notação financeira.
Com as perdas da tempestade Laura, geralmente estimadas num intervalo entre os 11 mil milhões e os 15 mil milhões de dólares, a Fitch explica que, considerando os restantes eventos, as perdas com catástrofes naturais poderão elevar-se a cerca de 25 mil milhões de dólares no trimestre, uma estimativa que coloca 2020 acima da média de perdas catastróficas até à data.
“Espera-se que esta acumulação de perdas ultrapasse muitos orçamentos de catástrofes individuais das empresas e uma maior pressão sobre os lucros do ano 2020”, observa a Fitch notando que a estimativa exclui as perdas da pandemia da Covid-19, que provavelmente continuarão a pressionar alguns seguradores.
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