BRANDS' ECOSEGUROS 6 tendências que irão definir a próxima década dos Seguros de Vida e Reforma
Carla Sá Pereira, partner EY, Financial Services, e insurance consulting leader, resume as tendências assinaladas no estudo "NextWave Insurance: Life insurance and retirement", publicado recentemente.
A EY publicou recentemente a terceira análise da NextWave Insurance, desta vez dedicada aos Seguros de Vida e Reforma, no estudo “NextWave Insurance: Life insurance and retirement – How insurers can navigate to growth in the next decade”. Esta análise descreve as principais tendências atuais que estão a transformar o mercado de seguros de vida e de reforma e como as mesmas se desenvolverão durante os próximos dez anos. O estudo fornece ainda retratos geracionais dos clientes de amanhã, instantâneos (snapshots) dos modelos de negócios que prevalecerão em 2030 e ações imperativas e recomendadas para avançar.
Este artigo resume a análise das seis tendências que definem os próximos dez anos dos Seguros de Vida e Reforma apresentadas naquele estudo. Pode ler o documento na integra em Wave3: Life Insurance and Retirement. Pode ainda rever o primeiro estudo da série NextWave Insurance, sobre as pequenas empresas e particulares, em Wave 1: Personal Lines and small commercial e o segundo, dedicado às grandes empresas e resseguradoras, em Wave 2: Large commercial and reinsurance.
O estudo da EY destaca, então, aquelas seis tendências e realça que sustentados pela mudança das necessidades e preferências dos consumidores e pela intensificação da pressão sobre os regimes de pensões patrocinadas pelo Estado, os Seguros de Vida e Reforma levarão aos cenários de mercado mais significativos e ao desenvolvimento de novos modelos de negócios (ambos apresentados no estudo), induzindo também mudanças culturais e modernização tecnológica:
- Saúde financeira e bem-estar
- Valor no longo prazo
- Colaboração com Governos e Reguladores
- Ecossistemas e projetos multicanal
- Convergência e otimização de capital
- Personalização e comoditização
1. Saúde financeira e bem-estar
O bem-estar financeiro, entendido como a capacidade de controlar as finanças do dia-a-dia, a capacidade de absorver choques financeiros e a confiança para cumprir as metas financeiras, tornaram-se mais importantes para mais consumidores em todo o mundo. Com os planos de pensão e de reforma do Governo parecendo menos viáveis, essa segurança será mais difícil de alcançar.
Para as seguradoras e empresas que fornecem planos de reforma, as propostas de valor irão centrar-se em como podem ajudar as pessoas a viverem as vidas que desejam, com altos níveis de segurança financeira e saúde física e mental. As ofertas serão mais flexíveis, voltadas para o futuro e “baseadas em metas”, com ênfase na preparação proativa em vez da proteção contra desvantagens. Os produtos também devem refletir que mais pessoas trabalham por conta própria ou participam da economia gig. A COVID-19 também renovou o interesse em produtos de proteção, uma competência central do setor de seguros de vida.
No entanto, as seguradoras deverão ser mais transparentes ao definir e estimular os comportamentos do consumidor necessários para atingir essas metas, em vez de garantir resultados como no passado. Os produtos de poupança para reforma serão mais holísticos e oferecerão mais opções conforme as necessidades dos consumidores vão mudando. É assim que aqueles permitirão que os indivíduos sigam caminhos de carreira não lineares e façam reformas não tradicionais, com base em fases alternadas de acumulação e não acumulação de recursos financeiros.
2. Valor no longo prazo
Os investidores e analistas irão expandir suas abordagens de avaliação no sentido de incluir métricas mais holísticas de longo prazo, em vez de apenas medidas financeiras de curto prazo. Têm agora maior peso os ativos intangíveis, como a propriedade intelectual, o talento, a reputação da marca, a inovação e os impactos ambientais, sociais e de governo (ESG). Esta mudança em direção ao capitalismo inclusivo, através de stakeholders, irá ajudar a construir a confiança junto das gerações mais jovens e despertar uma colaboração público-privada mais ampla para abordar questões sociais, incluindo o custo de danos ambientais futuros ou injustiça social.
3. Colaboração com Governos e Reguladores
As condições macroeconómicas difíceis, os programas de reforma do Governo subfinanciados e o intenso escrutínio regulamentar, em especialmente em torno dos melhores interesses dos consumidores e da privacidade de dados, irão reforçar a necessidade de as seguradoras colaborarem com as autoridades públicas em várias frentes. Esta é uma boa perspetiva, pois há uma oportunidade para a indústria ajudar a afastar a dependência do Estado. As prioridades serão:
- aumentar a educação financeira;
- facilitar a inovação de produtos;
- influenciar políticas públicas;
- incluir incentivos fiscais:
- emitir obrigações de longo prazo.
Para promover a estabilidade financeira serão concebidas proteções mais robustas aos consumidores e standards de privacidade de dados, assim como frameworks de reporte financeiros.
4. Ecossistemas e projetos multicanal
Os ecossistemas continuarão a crescer e a amadurecer, tornando-se uma forma crítica de envolver os consumidores com propostas atraentes e experiências multicanais. Os avanços da tecnologia – especialmente no domínio das interfaces de programação de aplicações (APIs), micro-serviços e redes de dados – são a chave, permitindo a integração rápida e uma partilha suave de dados. As seguradoras criarão as suas próprias redes de parceiros para oferecer serviços complementares e também oferecerão produtos através de outros preparados por terceiros. Os ecossistemas permitirão que as seguradoras se concentrem nos seus pontos fortes específicos e que inovem de forma mais alargada. Os ecossistemas também permitem às seguradoras que modernizem a sua distribuição e que mudem para modelos de consultoria híbridos que equilibram aconselhamento robótico com interação humana. As parcerias formadas hoje definirão o cenário para o sucesso do ecossistema futuro.
5. Convergência e otimização de capital
Além dos desafios contínuos das taxas de juros baixas, fatores macroeconómicos e competitivos impulsionam a busca por níveis mais elevados de eficiência de capital. Fusões e aquisições (M&A) e resseguro são variáveis-chave na equação. Com mais capital disponível de uma gama alargada de fontes e a crescente clareza sobre a necessidade de bem-estar, a convergência entre seguros de vida e saúde, planos de reforma e gestão de património e ativos irá intensificar-se. A eficiência do capital será um princípio fundamental no desenho dos modelos de negócios futuros, principalmente porque será essencial para a sobrevivência.
6. Personalização e comoditização
Existem muitas razões pelas quais os produtos de seguro de vida e reforma foram objeto de comoditização, incluindo a regulamentação de conduta, a competição de gestores de ativos e o aumento da preferência dos clientes por simplicidade, transparência e comparabilidade. Cada vez mais, os consumidores percecionam valor por meio de experiências ricas e relacionamentos baseados na confiança. É por isso que a flexibilidade e a personalização são fundamentais. As seguradoras podem usar a tecnologia para combinar componentes mais simples em soluções personalizadas, desde que disponham dos recursos digitais e analíticos necessários.
A visão da EY Global para Insurance NextWave representa a nossa perspetiva sobre as tendências e forças mais poderosas que moldam o futuro do setor. O processo reúne o pensamento dos nossos profissionais, de profissionais do setor e tecnólogos, e de especialistas externos e académicos. Em workshops colaborativos, estes grupos ajudam os clientes a imaginar um futuro mais brilhante e a indicar o caminho.
Em Portugal, e tendo em conta as suas especificidades, que destacamos, os níveis de literacia financeira, os baixos níveis de poupança e a baixa cultura de seguros, criam desafios adicionais para o Setor de Seguros de Vida e de Reforma nacional.
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