António Horta Osório, agora em versão Roger Federer

Após 10 anos no Reino Unido à frente do Lloyds, o português vai rumar à Suíça para ser chairman do Credit Suisse.

Money Conference/EY - 22NOV19

Aos 56 anos, o português António Horta Osório volta a fazer a malas. Vai deixar a City londrina e rumar à Suíça para ser chairman de um dos maiores bancos do mundo, o Credit Suisse.

Já era, e vai continuar a ser o banqueiro português com mais currículo. Já passou pelo Citigroup em Portugal, pela Goldman Sachs em Londres e Nova Iorque e foi durante quase 20 anos o braço direito de Emilio e de Ana Botín no gigante Santader. Foi no grupo espanhol que abraçou o desafio de ser o CEO do inglês Abbey National Bank que entretanto tinha sido adquirido pelo banco de Emilio Botin.

Quatro anos depois, com a mediação de George Osborne, na altura ministro das Finanças, foi a escolha do Governo conservador de David Cameron para liderar os destinos do Lloyds Bank em Inglaterra que, com a crise do subprime, tinha sido intervencionado pelo Tesouro britânico.

Foi no Lloyds que teve o momento mais alto da sua carreira ao fazer o turnaround do banco, conseguindo devolver o dinheiro que tinha sido investido na instituição pelos contribuintes britânicos.

E também foi no Lloyds Bank que António Horta Osório teve um dos piores momentos da carreira, tendo sido vítima de um episódio de “burn-out”. Já ninguém na City apostava no seu regresso após ter sido internado numa clínica privada.

Mas o banqueiro português regressou, mais forte e humilde: “o processo de recuperação converteu-se para mim numa cura de humildade”, admitiu então António Horta Osório, o primeiro banqueiro da City a falar de stress e de fadiga extrema sem tabus. Nessa altura, o jornal espanhol El País escrevia que Horta Osório soube transformar “a voracidade de um tubarão na sabedoria de um guerreiro oriental”.

António Horta Osório é um guerreiro que adora jogar ténis. Quando partiu o pulso direito, aprendeu sozinho a jogar ténis com a mão esquerda, recusando-se a ficar parado.

Recuperou do stress e voltou para dar a volta ao Lloyds: “sempre fui muito persistente. Como no ténis, identifico-me mais com a tenacidade do Rafa Nadal do que com a aparente facilidade de Roger Federer”, contava na altura ao El País.

António Horta Osório, durante os anos em que esteve a trabalhar para os espanhóis, foi um tubarão, um lutador, tenaz e ambicioso ao estilo de Rafael Nadal.

Depois rumou ao Reino Unido e, ao estilo de Andy Murray, foi talentoso, mas não resistiu ao stress e à pressão e colapsou à fadiga, tal como Murray que chorou à frente das câmaras. Murray reergueu-se e voltou em 2013 para vencer pela primeira vez Wimbledon para orgulho dos britânicos. Os mesmos britânicos que sorriram quando António Horta Osório lhes passou um cheque que permitiu ao Tesouro britânico sair do Lloyds com lucro.

Agora, o português, filho de um advogado que foi campeão nacional de ténis de mesa, ruma ao Credit Suisse para cumprir, em full time, funções de topo não executivas. É a fase Roger Federer de Horta Osório. O trabalho dele agora vai ser pensar na estratégia e calcular e ponderar milimetricamente o risco daqueles que executam.

No setor da banca, Horta Osório já conquistou o estatuto de Federer no ténis. Como dizia o jovem tenista norueguês Casper Ruud a propósito do suíço, “quando ele entra numa sala, todos se calam”.

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