Indústria seguradora global tem o equivalente a 6,6% do PIB mundial para crescer
O diferencial entre perdas económicas globais face a eventos adversos e as coberturas efetivamente existentes eleva-se a 4,8 biliões de euros, estima um relatório da Mapfre Economics.
O referencial de protection gap nos seguros, em termos globais, equivale a 6,6% do produto económico mundial, um valor em torno dos 5,77 biliões de dólares (cerca de 4,8 milhões de milhões de euros), estima a Mapfre Economics, gabinete de estudos e análise da seguradora MAPFRE.
O protection gap, conceito que sintetiza a ideia do potencial segurável existente em determinado mercado, traduz a diferença entre as coberturas necessárias para proteger perdas económicas resultantes de eventos adversos (sinistros e catástrofes) e aquelas que se encontram efetivamente cobertas ou adquiridas.
No documento em que atualiza o seu GIP (Índice Global de Potencial Asegurador) relativo a 2020, a Mapfre calcula que (com os dados disponíveis de 2019), o insurance protection gap (“potencial do mercado segurador”) medido através de estimativas para o indicador BPS – Brecha de Protección del Seguro (calculado para 96 mercados de seguros, tanto maduros como emergentes, incluindo Portugal) ascende a 5,77 biliões de dólares, montante que equivale a 658 pontos base, ou cerca de 6,6% do PIB global.
O montante global de gap estimado reparte-se em 70,8% de potencial segurável no ramo Vida e os restantes 29,2% no segmento não Vida.
A lacuna atual (“protection gap”) é explicada, em mais de 70%, pela situação de subseguro em países emergentes. A este respeito, “o envelhecimento da população, o crescimento dos seus rendimentos e a sua dimensão são fatores determinantes no alargamento do fosso de seguros no negócio Vida nesses países. O BPS do negócio do Não-Vida também cresceu nas últimas três décadas, embora significativamente menos,” explica Manuel Aguilera, diretor executivo da MAPFRE Economics citado no documento.
Top 10 de pontuação. Mercados com maior potencial segurador
No cálculo do seu índice GIP (Global Insurance Potential Index) e para além da utilização da variável BPS, o gabinete de estudos da Mapfre considera outras variáveis, tais como a penetração de seguros (prémios/PIB), a dimensão da própria economia e outras variáveis demográficas, atribuindo uma pontuação a cada mercado de acordo com a sua contribuição para colmatar a lacuna global de seguros. Assim, explica o relatório, para estar numa posição elevada do ranking, “os mercados devem ter uma dimensão relevante (medida em termos de PIB), bem como uma certa capacidade de colmatar a sua própria lacuna de seguros”.
De acordo com especialistas, na problemática do protection gap, os mercados com maior penetração de seguros recuperam mais facilmente após eventos adversos do que as comunidades que dependam dos seus governos para se recomporem.
No entanto, segundo observa a Mapfre Economics, o relatório destaca alguns países com capacidade de colmatar o referido gap mas que, tendo peso económico relativamente pequeno, os coloca no fundo do ranking. Mas o estudo dedica atenção a esses mercados porque, “dada a sua convergência, eles representam uma fonte futura de potencial de seguros”, lê-se no relatório.
No GIP global, Portugal apresenta 0,09 de pontuação e está sensivelmente a meio da tabela (52º em Vida e 54º em não Vida), acompanhado de outros países, como Israel, Irlanda, Grécia, todos comungando da desvantagem de serem economias relativamente pequenas. A pontuação de cada mercado no GIP conjuga dois movimentos, um relacionado com o crescimento intrínseco da lacuna ou potencial segurável e outro relacionado com a capacidade de o absorver.
Partindo desta dinâmica, o estudo refere ainda o GAI (Gap Absorption Index), assimilável a um índice de capacidade e velocidade para colmatar o gap de proteção. Na situação de Portugal, caso as variáveis de BPS fossem estáticas – que pela sua natureza não são – o mercado levaria menos de 15 anos a esgotar o seu potencial segurador ou, por outras palavras, a colmatar a brecha de potencial num espaço temporal que pode ser considerado relativamente curto.
Por exemplo, continua o documento, há três países (Paquistão, Egito e Nigéria) que, no segmento Vida, poderiam competir nos próximos anos para posições do Top 10 atualmente ocupadas por outros mercados emergentes. No segmento não Vida, Paquistão, Egito, Bangladesh, Nigéria e Filipinas, por esta ordem, são identificados como países com enorme capacidade para tapar a brecha local de seguros e, que, se crescerem em tamanho (taxa de penetração), poderão a longo prazo ultrapassar outros mercados emergentes no índice.
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