Se vacina for eficaz, “segunda metade do ano poderá ser mais dinâmica” no imobiliário

Apesar de a pandemia ter tido um impacto de 14% no imobiliário comercial, 2020 conseguiu ser o "terceiro melhor ano de sempre" para o setor, diz a Cushman & Wakefield.

O mercado imobiliário não escapou ao impacto deixado pela pandemia, mas acabou por correr menos mal do que se esperava no início do ano. As conclusões são da Cushman & Wakefield (C&W), que dá conta de 2.800 milhões de euros em investimento em imobiliário comercial. Para o futuro, as expectativas são “moderadamente otimistas” e vão depender da eficácia, ou não, da vacina contra o coronavírus.

2020 foi um “ano extremamente atípico, com alguns setores a mostrarem alguma resiliência”, começou por dizer Andreia Almeida, diretora de research da consultora imobiliária esta segunda-feira, durante uma apresentação online.

O mercado de escritórios não foi um desses casos. Na Grande Lisboa, 2020 fechou com 135.000 metros quadrados de absorção, o valor mais baixo dos últimos seis anos, e com rendas à volta dos 23 euros por metro quadrado. Já no Porto observou-se um “comportamento em contraciclo”, com um aumento da absorção em 36% para os 45.400 metros quadrados, e com rendas na casa dos 18 euros por metro quadrado.

O setor do retalho “foi um dos mais afetados pela pandemia”, tendo registado uma “redução acentuada durante o confinamento”. Neste campo, as vendas caíram 2,8% entre janeiro e outubro e a abertura de novas lojas caiu 60%. Durante 2020 observaram-se 50.700 metros quadrados de aberturas de conjuntos comerciais, esperando-se 41.200 metros quadrados de oferta futura.

Outro dos setores mais afetados pela pandemia, nomeadamente pelas medidas restritivas, foi a hotelaria. 2020 trouxe 47 novos hotéis, num total de 2.700 quartos, a maioria de quatro estrelas. Até 2023, a Cushman espera 190 novos hotéis, mas é “provável” que haja uma “revisão em baixa” deste número, notou Andreia Almeida.

Já o setor industrial registou o “maior crescimento” e “acabou mesmo por verificar mais do dobro do volume de absorção”. Neste campo destaca-se o “impacto muito forte no comércio online”. Contudo, a diretora de research da Cushman notou que se nota que a “escassez de oferta de qualidade tem vindo a contribuir para a exploração especulativa, o que não é muito comum”.

Resumindo, no que diz respeito ao investimento feito no imobiliário comercial, foram alcançados 2.800 milhões de euros, o equivalente a uma quebra de 14% face ao ano de 2019. “Mas, apesar de tudo, este foi um resultado muito honroso e [2020] foi o terceiro melhor ano de sempre”, diz o diretor de capital markets da Cushman, Paulo Sarmento.

Deste universo de investimento, que foi aplicado na sua maioria em retalho, 75% veio de investidores estrangeiros, enquanto 720 milhões de euros vieram de investidores nacionais. A contribuir para este número estiveram, sobretudo, três grandes negócios: a venda da joint-venture da Sierra Prime por 800 milhões de euros, a venda dos Hotéis Real por 300 milhões de euros, tal como o ECO noticiou, e a venda do Lagoas Park por 421 milhões.

Expectativas são “moderadamente otimistas” para 2021

Face a estes números, 2020 foi um “ano que acabou por correr muitíssimo melhor do que se esperava em março ou abril”, disse Eric Van Leuven, CEO da Cushman, também presente na apresentação. “Para este ano as perspetivas são moderadamente otimistas, embora dependentes da eficácia da vacinação e subsequente controlo da pandemia, e distintas entre os diferentes setores imobiliários”, acrescenta.

“Estamos com uma enorme interrogação, que é a dependência da eficácia da vacinação. Se houver sucesso, a segunda metade do ano poderá ser mais dinâmica”, disse Paulo Sarmento, diretor de investimentos.

Eric Van Leuven acrescenta, contudo, que “durante o primeiro semestre deverá manter-se uma atitude cautelosa no mercado ocupacional, com tendência de adiamento dos processos de tomada de decisão”.

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