Danos de catástrofes crescem 27% agravados por alterações climáticas

  • ECO Seguros
  • 12 Janeiro 2021

O prejuízo global resultante de desastres naturais em 2020 aproximou-se dos 184 mil milhões de euros, com as perdas seguradas a crescerem 44% face ao ano anterior.

As catástrofes naturais causaram estragos estimados em 210 mil milhões de dólares em 2020, cerca de 183,9 mil milhões de euros ao câmbio médio anual, segundo um relatório da Munich Re.

Das perdas totais, além de oito mil e duzentas vidas humanas, os danos segurados ascenderam a 82 mil milhões de dólares, ou cerca de 40% do prejuízo originado por catástrofes naturais, estima a resseguradora germânica. O montante de danos globais e de perdas seguradas comparam em mais 26,5% e 43,9% com os valores de 2019 fixados, respetivamente, em 166 mil milhões e 57 mil milhões de dólares.

Na Europa, os números mostraram-se relativamente “benignos”, com as perdas totais a cifrarem-se em 10,6 mil milhões de euros, dos quais 3,1 mil milhões são perdas seguradas. As perdas mais severas, normalmente a coincidirem com o período de outono, foram causadas por chuvas muito fortes nas costas mediterrânicas de França e Itália, onde inundações e subida do nível das linhas de água destruíram habitações, infraestruturas (pontes e estradas).

Além dos temporais em França e Itália, a Croácia sofreu o terramoto mais forte dos últimos 140 anos (6.4 de magnitude na escala de Richter), a 29 de dezembro, com epicentro próximo de Petrinja, uma localidade 50 quilómetros (km) a sudeste da capital, Zagreb. Foram reportados sete mortos e, embora se considere que os estragos materiais foram limitados, a Munich Re refere que ainda é cedo para avançar estimativa credível. Em março, a Croácia já tinha registado um sismo (de magnitude 5.3), a cerca de 10 km de Zagreb, do qual resultaram prejuízos materiais estimados em 1,6 mil milhões de euros.

Cinco anos depois do Acordo de Paris, sobre alterações climáticas, a temperatura média global está 1,2o C acima dos níveis da época pré-industrial (1880-1900), apenas a um centésimo de grau centígrado do que foi medido em 2016, o ano mais quente de sempre de que há registo.

“As perdas por catástrofes naturais em 2020 foram significativamente mais elevadas do que no ano anterior”. As alterações climáticas “desempenharão um papel crescente em todos estes perigos (…). É tempo de agir”, afirma Torsten Jeworeek, membro do conselho de administração da Munich Re.

Em certas regiões a norte do Círculo Polar Ártico, o aumento da temperatura é duas vezes superior ao do incremento global. Em zonas do norte da Sibéria a temperatura chegou a superar os 30o C e registaram-se vastos incêndios florestais, nota o relatório da resseguradora alemã, cuja estimativa de danos globais segurados no quadro de desastres naturais não se afasta muito do que foi estimado em dezembro de 2020, pelo instituto de pesquisas da concorrente Swiss Re.

“O número crescente de ondas de calor e seca alimentam incêndios florestais. Ciclones tropicais graves e trovoadas tornam-se mais frequentes. A investigação mostra que eventos como as ondas de calor deste ano no norte da Sibéria são agora 600 vezes mais prováveis de ocorrer do que anteriormente”, comenta Ernst Rauch, cientista chefe da área geoclimática na Munich Re.

A parte correspondente à destruição gerada pelas catástrofes naturais nos Estados Unidos assume relevo (95 mil milhões contra 51 mil milhões de dólares em 2019) devido a uma época de furacões “hiperativa” no Atlântico Norte (seis dos 10 desastres naturais causadores de maior prejuízo em 2020 aconteceram em território dos EUA).

Do total de perdas resultantes de desastres naturais que atingiram os EUA e que representou cerca do 45% do total global de catástrofes no ano passado, 67 mil milhões de dólares corresponderam a danos segurados. O furacão Laura, em agosto, destacou-se como evento mais destruidor nos EUA representando danos estimados de 13 mil milhões, dos quais 10 mil milhões de dólares em custos para as seguradoras.

No entanto, a catástrofe natural que maior prejuízo causou em 2020 foram as cheias na China, com custo estimado de aproximadamente 17 mil milhões de dólares, dos quais apenas 2% são considerados danos segurados.

No conjunto da Ásia, as perdas resultantes de desastres naturais ficaram abaixo do apurado um ano antes, sendo estimadas em 67 mil milhões, contra 77 mil milhões de dólares em 2019. Entretanto, os danos segurados são calculados em 3 mil milhões, em 2020, a comparar com 18 mil milhões de dólares no ano anterior.

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