Refinaria de Matosinhos é “moeda de troca” em negócio do hidrogénio, dizem trabalhadores
"Há um negócio com o Governo em torno do acesso aos fundos comunitários em que a Refinaria do Porto [Leça da Palmeira, Matosinhos] aparece como moeda de troca", garantem trabalhadores.
A Comissão de Trabalhadores da Petrogal defendeu, este sábado, que o encerramento da refinaria de Matosinhos tem por base um negócio com o Governo em que aquela estrutura é “moeda de troca” para acesso a fundos comunitários para o hidrogénio.
“Há um negócio com o Governo em torno do acesso aos fundos comunitários em que a Refinaria do Porto [Leça da Palmeira, Matosinhos] aparece como moeda de troca, apesar de ser um crime económico e ruinoso para o país (palavras da Administração)”, lê-se num comunicado enviado pela Comissão Central de Trabalhadores (CTT) da Petrogal.
“É do conhecimento público que a empresa está no projeto H2Sines, um sonho multimilionário e megalómano para a ainda incerta produção de hidrogénio e que concorre na grande bolada dos recursos públicos/fundos europeus e requer um alinhamento político com o Governo que assume uma agenda impossível para a transição energética, criticada pela Administração antes”, acrescentou.
Segundo aquela estrutura, “a decisão de encerramento da Refinaria do Porto [Leça da Palmeira, Matosinhos] não tem racional económico e ambiental, é cega, resulta do funcionamento de um sistema monstruoso que visa exclusivamente a obtenção do lucro numa lógica imediatista sem considerar o impacto económico e social, tendo o rasto de pobreza como marca de água”.
A CCT defendeu, porém, que a Estratégia para o Hidrogénio não justifica a necessidade de encerramento das refinarias, que, na sua ótica, podem ser parte integrante do esforço para “reindustrialização da Europa e do país na produção de hidrogénio, combustíveis sintéticos (reciclagem de carbono) e biocombustíveis”.
Aquela estrutura afirmou ainda que o projeto para transformar a refinaria de Matosinhos numa biorrefinaria, “com a virtude de manter em produção grande parte da sua petroquímica, os empregos e impacto virtuoso na economia local”, foi rejeitado, porque “a Administração privilegia os resultados de curto prazo para alimentarem a fogueira dos dividendos para os acionistas, quiçá relacionados com negócios imobiliários”.
Os trabalhadores da Petrogal manifestam-se na terça-feira em frente ao Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro em Lisboa, contra o “crime económico” que é o encerramento da refinaria da Galp de Matosinhos, anunciou na sexta-feira o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte.
Nesta ação vão participar trabalhadores das duas refinarias (Matosinhos, no distrito do Porto e Sines, no distrito de Setúbal) e dos serviços centrais.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. Este protesto dos trabalhadores é já o segundo depois de, a 12 de janeiro, se terem juntado frente aos paços do concelho de Matosinhos. O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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