Cinco tendências na área de Fusões e Aquisições para 2021

  • Crispin Stilwell
  • 21 Fevereiro 2021

Crispin Stilwell, Senior Director de Risco da Willis Towers Watson Portugal, identifica os fatores chave que vão condicionar a consolidação de empresas no mundo em 2021. É muito objetivo.

Após um ano de montanha-russa no mercado das Fusões e Aquisições, as empresas continuarão em 2021 a procurar criar resiliência para resistir a choques ou crises futuras, com um número crescente de transações em todos os setores, focado na diversificação e na captura de capacidades há muito procuradas.

Apesar das perspetivas económicas incertas, estão criadas as condições para assistirmos a uma onda de transações em 2021, com os nossos dados a sugerir que este ano vai ser rico em Fusões e Aquisições. Mas tudo isto na certeza que o caminho para a recuperação não será fácil.

Estas são as principais tendências que observamos para este ano:

Um mundo cada vez mais bipolar

Mesmo com Joe Biden a assumir o cargo de presidente dos EUA, é improvável uma mudança radical da postura isolacionista do governo do presidente Trump para condições de mercado internacionalmente mais expansivas. Em vez disso, espera-se um ambiente geopolítico e macroeconómico dominado por tensões entre os EUA e a China, com as economias emergentes em grande parte alinhadas com a China e a Europa “apanhada” no meio de tudo isto.

COVID-19: uma corrida contra o tempo

Os governos estão a ficar sem dinheiro, gastando triliões para manter empresas e empregos à tona, na esperança de um impulso em 2021. Irão as economias recuperar com o tempo ou as consequências da pandemia serão piores este ano, desencadeando uma onda de insolvências que continuará a oprimir a economia global, destruindo qualquer perspetiva de recuperação no curto prazo?

Alguns setores já alcançaram o seu ‘ponto de inflexão’: consolidação acelerada, reestruturação e desinvestimentos irão dominar os setores das viagens, retalho e imobiliário. A pandemia COVID-19 também gerou um salto quântico na taxa de utilização de meios digitais nos serviços financeiros. Em particular, a mudança para práticas de trabalho remoto provocada pela pandemia e a vontade de adotar uma recuperação económica “verde” deverão impulsionar a atividade de M&A no setor das TI em 2021 e mais além.

Remapeamento da geografia das Fusões e Aquisições

Impulsionados pelo aumento do uso de tecnologias digitais durante a pandemia, os critérios para negociação mudaram substancialmente, com a localização a cair na lista de critérios por parte dos compradores de empresas. Em vez de pesquisar dentro de portas, um grande banco americano ou britânico que deseja comprar uma fintech, por exemplo, estará cada vez mais propenso a olhar para além das fronteiras da Europa e da América do Norte para novos mercados que o levem a aceder ao ativo certo. As implicações desta nova abordagem para o mercado das Fusões e Aquisições em 2021 e no longo prazo serão significativas.

SPACS em crescimento

A evolução das Special Purpose Acquisition Companies (SPACS) nos Estados Unidos tem sido muito significativa, com 2020 a registar um recorde de crescimento para as chamadas empresas do “cheque em branco”. Apesar de um crescimento significativo (mais 350% de crescimento homólogo), estas companhias ainda representam apenas uma pequena fração do mercado global de M&A (menos de 1%). O seu forte potencial de crescimento está, no entanto, a intensificar a pressão sobre os reguladores no sentido de relaxarem as regras e permitirem que as SPACS operem nos seus mercados. É por isso expectável uma nova onda de SPACS à procura de alvos de aquisição fora da América do Norte e em mercados menos regulamentados do que a Europa. O tempo dirá quantos destes empreendimentos terão sucesso.

Pós-Brexit: O que se seguirá nos serviços financeiros britânicos?

Desde a votação do Brexit em 2016, a atividade de M&A continuou no Reino Unido e na Europa num cenário de incerteza política e económica. Embora o acordo de última hora de dezembro garanta que o comércio livre de tarifas continuará, a forma como os serviços financeiros serão afetados ainda não está clara. Esta incerteza conduzirá inevitavelmente a alguma volatilidade e perturbação no mercado, criando oportunidades de M&A em 2021 para empresas do Reino Unido e compradores estrangeiros, já que alguns setores beneficiam do corte dos laços com a União Europeia, enquanto para outros o desafio é muito significativo.

Em resumo, os negociadores não devem presumir que o pior já passou, até porque a incerteza deverá ser a tónica do mercado por mais algum tempo. Será, por isso, mais importante do que nunca, que os compradores sejam criteriosos nos negócios que escolhem e não precipitar qualquer negócio, isto se quiserem ter melhores chances de sucesso e crescimento. E uma das estratégias que pode ajudar é ter um foco nos recursos humanos e nos riscos relacionados com as pessoas durante os processos de aquisição e integração.

  • Crispin Stilwell
  • Senior Director de Risco da Willis Towers Watson Portugal

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