Almeida Henriques, o autarca que queria trabalhar em rede na região e ser voz forte no país
Natural de Viseu e advogado de profissão, Almeida Henriques tinha 59 anos, era casado e pai de três filhos.
O social-democrata Almeida Henriques, que morreu este domingo devido à covid-19, dedicou parte da vida à atividade empresarial, passou pelo Governo e queria continuar a trabalhar para que Viseu fosse uma voz liderante na região e influente no país.
António Almeida Henriques integrou uma lista de nomes homologados pela Comissão Política Nacional do PSD como candidatos a presidentes de Câmara nas próximas eleições autárquicas, divulgada em 3 de março, mas, um dia depois, testou positivo à covid-19 e teve de ser internado no Hospital de São Teotónio (Viseu), no dia 07.
O autarca não pôde assim cumprir na totalidade o seu segundo mandato, durante o qual queria ser “uma voz em rede com os municípios com quem Viseu forma uma comunidade e uma região” e “uma voz forte e esclarecida perante o poder central”, de quem reclamava transparência, lealdade e cooperação.
Natural de Viseu e advogado de profissão, Almeida Henriques tinha 59 anos, era casado e pai de três filhos.
Nas eleições autárquicas de 2013, sucedeu ao social-democrata Fernando Ruas e, em 2017, os viseenses voltaram a depositar em si a confiança para um novo mandato. Almeida Henriques deixou o cargo de secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional no XIX Governo Constitucional para ser o candidato do PSD nas autárquicas de 2013 e, logo que venceu, considerou que o concelho estava a viver “o início de um novo ciclo”, depois de 24 anos de governação de Fernando Ruas (que não pôde recandidatar-se por ter ultrapassado o limite de mandatos).
Levar Viseu a assumir-se “como uma das principais capitais de distrito, uma das principais cidades/região”, foi um desígnio que estabeleceu o antigo deputado da Assembleia da República (na IX, X, XI e XII legislaturas) e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD (entre 2005 e 2007, e entre 2010 e 2011).
Se no primeiro mandato a sua preocupação foi lançar as bases de uma nova estratégia de desenvolvimento, no segundo mandato o também vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) quis executar essa estratégia, com a ajuda dos fundos comunitários.
Entre os investimentos considerados estratégicos para o concelho estavam, por exemplo, o projeto Mobilidade Urbana de Viseu, o Viseu Arena (resultante da transformação do pavilhão multiusos) e a cobertura do Mercado 02 de Maio.
A execução da cobertura do Mercado 2 de Maio – que arrancou em fevereiro e que visa transformar aquele espaço numa praça de restauração e eventos – foi uma das últimas polémicas em que Almeida Henriques esteve envolvido, tendo recebido críticas de dirigentes culturais, historiadores e arquitetos.
Almeida Henriques era também presidente da Secção de Smart Cities da ANMP e do Conselho Estratégico do Portugal Smart Cities Summit (no âmbito da Fundação Associação Empresarial de Portugal), e encontrava-se a fazer uma forte aposta nesta área no seu concelho. O autarca era ainda presidente do conselho geral da Fundação para os Estudos e Formação nas Autarquias Locais.
Entre 2011 e 2013, quando exerceu as funções de secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques destacou-se no lançamento de programas de política pública, como o Revitalizar e o Valorizar. A reprogramação estratégica, o avanço da execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional e a aprovação e implementação de um pacote de medidas de apoio às famílias endividadas e de disciplina de práticas bancárias abusivas foram outras áreas em destaque.
O social-democrata foi também presidente da Associação Industrial da Região de Viseu (AIRV), de 1994 a 2002, presidente da direção do Conselho Empresarial do Centro – Câmara de Comércio e Indústria, de 2002 a 2010, e vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, de 2005 a 2010, entre outros cargos que teve ao nível associativo e empresarial.
Como autarca, foi presidente da Assembleia Municipal de Viseu e da Assembleia da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. Teve ainda uma participação ativa em várias instituições culturais, sociais e científicas da região e foi fundador e administrador de várias empresas. Era comendador da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, por atribuição do Presidente da República Jorge Sampaio, e presidente honorário da AIRV.
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