“Remendar o que a pandemia provocou é curto”, avisa Marcelo

Presidente da República considera necessárias reformas estruturais para impulsionar o investimento e o financiamento no mercado de capitais. Lembra que é preciso aproveitar o dinheiro da Europa.

Marcelo Rebelo de Sousa alerta para a necessidade de a economia não se limitar a recuperar do impacto da pandemia, mas sim que aproveite o momento para ir mais longe. Entre as reformas estruturais que o Presidente da República considera que poderão impulsionar a retoma prende-se com a dinamização do mercado de capitais.

“Temos à nossa frente dois caminhos: recuperar ou reconstruir. Podemos ficar pelo recuperar, que significa voltar a 2019 ou perto disso. Tentar remendar aquilo que a pandemia provocou no nosso tecido económico, social e institucional, é curto. É curto para os fundos disponíveis. É curto para a oportunidade vivida na Europa, que pode ser irrepetível. É curto para a oportunidade vivida na nossa sociedade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, numa conferência online organizada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários em relação à literacia sobre mercados de capitais em Portugal.

“A alternativa é reconstruir. Reconstruir é ir mais além, ir à estrutura e não apenas à conjuntura. Não é remendar, é procurar novos horizontes de médio e longo prazo. E nesses horizontes de médio e longo prazo entra o problema da capitalização das nossas empresas, entra a questão da vivificação do nosso mercado de capitais“, continuou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava na sessão de apresentação de um estudo sobre a literacia, que revelou um aumento dos conhecimentos financeiros dos cidadãos em Portugal e da capacidade de poupar, mas também que estes continuam a ser avessos ao risco, o que estará ainda relacionado com traumas da última crise financeira.

Temos um mercado de capitais ainda muito fraco, muito frágil e muito débil, como que é próprio de uma sociedade que tem enfrentado os desafios que temos enfrentado. Múltiplos no espaço de poucas décadas, adensados pelo período pandémico que estamos a viver”, reconheceu o Presidente. “No entanto, todos temos a consciência da importância das alternativas de financiamento para quem delas mais precisa, em particular as empresas”.

O objetivo é que este estudo (realizado por duas consultoras internacionais a pedido da CMVM) venha a ser a base um programa de literacia financeira a nível nacional. Marcelo sublinhou que, após o diagnóstico, o maior desafio é avançar com reformas que permitam captar mais investidores e mais empresas para o financiamento em mercado, num momento “crucial” para o tecido empresarial.

Diz que este é um momento que requer ímpeto reformista no que respeita ao verde, ao digital e às qualificações. E estamos “perante um tema de cruzamento destas três dimensões”: a dimensão da qualificação da literacia financeira, da transição energética e a dimensão da transição digital.

“A literacia financeira não é apenas responsabilidade dos reguladores ou dos investidores, envolve os intermediários financeiros, todos os operadores de mercado. Em conjunto devem comunicar de forma simples e esclarecedora para fortalecer as relações de confiança entre elas e dos cidadãos nos produtos financeiros oferecidos. Só uma atitude responsável por parte de quem oferece aliado ao conhecimento de quem procura contribuirá para a promoção do mercado de capitais e a diversificação das possibilidades de investimento. Isso é muitíssimo importante em Portugal”, acrescentou.

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