Conheça a nova nave espacial da Apple

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

Em Sillicon Valley, a nova sede da empresa tem sido referida como nave espacial. E foi projetada com a mesma atenção aos pormenores que é dada a um iPhone.

Em Cupertino, na Califórnia, um celeiro tem vindo a resistir, há mais de um século, ao surgimento de várias companhias do mundo das tecnologias em redor do terreno onde foi construído. As propriedades vão passando de mão em mão, mas o celeiro lá continua. E agora vai ter a nave espacial da Apple como companhia.

A nova sede da gigante da comunicação, conhecida como Campus Apple 2, veio ocupar o espaço onde estava a antiga HP e mais terrenos circundantes, num total de nove propriedades contíguas. Do cimento e betão, o espaço passou a ser mais verde, com uma pegada ambiental mais reduzida, para a qual contribuem os milhares de novas árvores plantadas. E, no centro, aterrou o principal edifício, que tem sido apelidado em Silicon Valley de nave espacial. No interior, está o maior anel de vidro do mundo, Mas esse é apenas um dos pormenores que têm deixado profissionais do mundo da arquitetura, do design e da tecnologia de olhos arregalados.

Desde que a Apple revelou o projeto, em 2011, a data de mudança para a nova “casa” tem vindo a ser lentamente adiada. No início, Jobs tinha projetado a mudança para 2015, mas ainda não aconteceu. É mais provável que aconteça nesta primavera, de acordo com fontes envolvidas no projeto. O processo de aprovação pelas entidades de Cupertino foi a principal razão apontada para o atraso.

A Apple não quis revelar a fatura final da nave espacial, mas os ex-gerentes do projeto estimam que alcance os cinco mil milhões de dólares, algo que Tim Cook, o CEO, não negou numa entrevista televisiva em 2015. Só no interior do principal edifício foram gastos mil milhões de dólares. E enquanto estava a ser construído, deu emprego permanente a 13 mil pessoas.

Inspirado em Jobs

No computador original da Macintosh, Steve Jobs deixou guardadas as suas assinaturas e as dos restantes membros da sua equipa, como salvaguarda futura para todos os elementos que lhe permitiriam construir o computador.

Agora, o seu trabalho final — a nova sede da Apple — terá, não só a sua assinatura como servirá de homenagem ao próprio. É um campo futurístico construído com uma atenção extraordinária a cada detalhe. Desde a composição da rede elétrica até aos acabamentos num cabo escondido algures, nenhum detalhe do edifício de 2,8 milhões de metros quadrados foi demasiado pequeno para ser deixado de lado. Nenhuns canos nem cabos podiam ficar visíveis, a poderem refletir-se no anel de vidro, e as diretrizes quanto à madeira usada no edifício ocupavam um documento com quase trinta páginas. Muitos dos pormenores do edifício fazem lembrar os dos aparelhos da Apple, como os botões dos elevadores, que parecem os do botão central do iPhone.

“As coisas que não se veem à partida foram todas tidas em conta pela Apple”, afirmou um dos antigos gestores do projeto que, quando estiver terminado, terá capacidade para 14.200 empregados, de acordo com as projeções apresentadas já em 2013.

Mas construir um edifício com a mesma atenção minuciosa com que se constrói um telemóvel não foi tarefa fácil. O campus é algo que sai da regra dos escritórios openspace, que promovem a colaboração, a orientação e o fácil acesso dos seus colaboradores, disse Louise Mozingo, diretora do Departamento de Arquitetura Paisagista e Planeamento Ambiental da Universidade de Berkeley. É que, apesar de ser tão belo e futurístico, torna fácil a quem circula no interior perder-se.

A questão da sinalética foi particularmente difícil de resolver. A Apple queria que todos os sinais no interior do edifício seguissem a sua linha estética minimalista mas o departamento de segurança insistiu que tinham de ser fáceis de seguir para que fosse possível aos trabalhadores saírem em segurança no caso de se dar um incêndio. Dirk Mattern, ex-dirigente do departamento dos bombeiros do condado de Santa Clara, na Califórnia, afirmou ter discutido este pormenor em, pelo menos, quinze reuniões. “Nunca tinha perdido tanto tempo a discutir sinalética”, confessou.

“Neste caso, o objetivo não foi maximizar a capacidade produtiva do escritório, mas sim criar um centro simbólico para esta companhia global. Estão a criar um ícone”, acrescentou Louise Mozingo.

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