China está a leiloar o que resta da seguradora Anbang
A licitação envolve operações de seguros nacionalizadas em 2018. Os ativos, que esperam há mais de um ano para serem devolvidos à esfera privada, são levados à praça por 5,2 mil milhões de dólares.
As autoridades chinesas lançaram um leilão para vender a participação que duas empresas públicas detêm no capital da Dajia Insurance, entidade criada para gerir restos da Anbang Insurance, tomada pelo Estado em fevereiro 2018.
O lote a licitar (99% do capital da Dajia) tem valor estimado de 33,6 mil milhões de yuans (cerca 5,2 mil milhões de dólares) e corresponde à soma das participações acionistas do China Insurance Security Fund, que detém 98,23%, e mais 0,55% atribuídos à Sinopec, petrolífera estatal, segundo informação disponibilizada ao mercado pela Beijing Financial Assets Exchange.
A Anbang, redenominada Dajia Insurance após a intervenção das autoridades, é a entidade financeira fundada por Wu Xiaohui que, em 2018, foi sentenciado a 18 anos de prisão por fraude e outros delitos financeiros. Em fevereiro de 2019, a intervenção estatal no grupo de seguros foi então renovada por mais um ano e, nestas condições, espera-se pela reprivatização desde fevereiro de 2020.
O leilão do que resta da Anbang, conglomerado chinês de seguros que chegou a ser apontado como interessado na compra do Novo Banco, é encarado como um teste ao plano estatal de desinvestir dos ativos nacionalizados e devolver à esfera privada os negócios intervencionados há mais de 3 anos, quando as autoridades do setor tomaram medidas para proteger o sistema financeiro do risco representado por entidades excessivamente endividadas.
O prazo de licitação do leilão agora anunciado termina a 12 agosto. O site de notícias Asia Insurance Review referiu recentemente, sem confirmação oficial, a existência de seis consórcios financeiros interessados em apresentar proposta. Segundo indicou a agência Reuters sobre informação relativa ao leilão, a Dajia tem um ativo total a rondar 21,1 mil milhões de yuan (2,75 mil milhões de euros ao câmbio corrente), cerca de 76,25 milhões de euros de responsabilidades e, em 2020, obteve perto de 378 milhões de euros de lucro líquido.
A venda, que poderá finalmente significar a reprivatização da antiga Anbang (atual Dajia), contrasta com o destino de outras entidades intervencionadas. Num aviso recente, enquadrado com os poderes que lhe são conferidos por legislação da República Popular da China, o regulador (CBIRC – China Banking and Insurance Regulatory Commission), anunciou que decidiu prolongar por mais um ano (de 17 de julho de 2021 a 16 de julho de 2022) o controlo de outras seis instituições do setor segurador, nomeadamente a Tianan Property Insurance; Huaxia Life Insurance; Tianan Life Insurance; E An Property & Casualty Insurance; New Era Trust e a Xinhua Trust.
A campanha que se prolonga há 3 anos no setor financeiro (banca e seguros) com objetivo declarado de reduzir exposição do sistema a entidades excessivamente endividadas, mostra resultados que, até agora “têm sido difusos”, qualificou a plataforma de notícias Caixin Global, referindo os casos do Anbang Insurance Group e do Baoshang Bank como dois exemplos importantes, além de outros (Hengfeng Bank e Bank of Jinzhou) ainda em processos de reestruturação conduzidos pelos reguladores e governos locais.
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