Portugal é o 3.º país da zona euro com menos capital de risco nas empresas

  • Lusa
  • 5 Agosto 2021

Em 2020 o capital privado em empresas portuguesas pesou 0,026% do Produto Interno Bruto português. Com piores resultados ficaram apenas Grécia e Roménia.

Portugal é o terceiro país de 26 europeus com menos capital de risco nas empresas, segundo um estudo da Invest Europe, divulgado pela Associação Portuguesa de Capital de Risco, que considera que este é dos principais problemas da economia portuguesa.

Segundo o estudo da Invest Europe (associação europeia que representa os setores de ‘private equity’ e capital de risco), em 2020 o capital privado em empresas portuguesas pesou apenas 0,026% do Produto Interno Bruto (PIB) português. Com piores resultados ficaram apenas Grécia e Roménia.

Segundo a associação, este é um dos principais problemas da economia portuguesa, estando o crescimento da economia portuguesa “prejudicado por não ter uma aplicação de capitais privados nas empresas suficiente para promover a reestruturação de pequenas e médias empresas, para desenvolver ‘startups’ inovadoras ou dar condições a empresas sólidas para aumentarem as suas exportações e os contratos internacionais”.

“A anemia da nossa economia passa por aqui”, afirmou o presidente da Associação Portuguesa de Capital de Risco, Luís Santos Carvalho, citado em comunicado, defendendo ainda que Governo e parlamento reduzam os entraves que impedem os investidores institucionais de pôr mais capital nas empresas.

Questionada pela Lusa sobre que medidas defende, a APCRI disse que seria importante uma mudança regulatória nos investimentos de fundos de pensões e seguradoras de modo que não penalizem os seus rácios de capital. Com a mudança, essas entidades poderiam investir mais em empresas.

“Estas entidades são investidores naturais em ‘private equity’ e ‘venture capital’ em grande parte da Europa. Acontece que em Portugal, com o atual enquadramento, é-lhes exigido que qualquer investimento nesta classe de ativos seja contabilizado como capital perdido, pressionando assim os seus rácios de capital. Bastaria uma mudança simples nesta matéria regulatória para ter mais parceiros de investimento”, defende a APCRI.

A associação afirmou ainda que o Estado só deveria investir em empresas em que os privados também investissem, pois isso também significaria que se trata de empresas viáveis.

“Esta é uma medida simples, de coinvestimento, que não só alavanca o esforço público como introduz a capacidade de seleção que o Estado compreensivelmente não tem”, segundo a APCRI.

Segundo a APCRI, os 0,026% do PIB que representou o investimento de ‘private equity’ nas empresas portuguesas, foi, em proporção, 13 vezes inferior ao capital investido nas empresas de Espanha (0,358% do PIB) e 19 vezes menos do que a média europeia (0,512%). No Reino Unido, o capital privado investido nas empresas foi 1,394% do PIB, proporcionalmente 53 vezes superior ao registado em Portugal.

A associação diz ainda que a falta de capitalização das empresas faz com que, em Portugal, dois terços dos balanços sejam compostos por dívida e apenas um terço por capitais próprios. Na Alemanha, acrescentam, a proporção é exatamente a oposta.

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