Risco de cheias: Portugal está menos exposto do que outros países do Mediterrâneo
Um estudo que avalia indicadores para mais de 180 países face ao risco e consequências de inundações, estima que 2,2 mil milhões de pessoas estão expostas a cheias catastróficas.
As maiores economias do mundo estão gravemente expostas à ameaça de inundações, revela um estudo da Marsh McLennan, grupo líder global em serviços profissionais, incluindo consultoria de risco, corretagem de seguros e gestão de pessoas. Só nos EUA, 11 milhões de pessoas e bens cujo valor é estimado em 3 biliões de dólares (USD 3 trillion) estão expostas à eventualidade de ocorrência de cheias de origem costeira e fluvial. Com potencial de perdas ainda mais elevado, o Japão e a China arriscam 3,7 biliões e 7,5 biliões de dólares, respetivamente.
Num índice global que avalia 188 países em função de métricas relativas ao perigo, exposição e vulnerabilidade face à ameaça de inundações – com exceção de cheias de origem pluvial -, Portugal apresenta situação menos grave, em termos de exposição, do que outros países mediterrânicos da Europa, como Espanha, França, Itália e Grécia.
O Flood Risk Index (Marsh McLennan) tem o objetivo de ajudar governos e empresas a realizarem melhor avaliação de exposição e vulnerabilidade e também a melhorarem planos de mitigação face ao risco, considera o estudo, cada vez mais frequente e severo de cheias. Mais de 2,2 mil milhões de pessoas estão expostas à ameaça de cheias no mundo, assinala a companhia norte-americana em comunicado.
Com base em métricas específicas, o relatório da Marsh McLennan quantifica em escala numérica o nível perigo de cada país face ao risco de ocorrência de cheias com origem nos mares e em rios. Em segundo lugar, e também país a país, atribui classificação (escala de 1 a 10) ao nível de exposição de pessoas e bens ao impacto do risco de cheias. Por fim, para o critério da vulnerabilidade, avalia a suscetibilidade de as inundações causarem danos em pessoas e bens.
Desde 1980, mais de 4 500 eventos catastróficos originados por cheias ou inundações resultaram em prejuízo superior a um bilião de dólares (cerca de 853 mil milhões de euros) representando 40% do montante total de perdas causadas por catástrofes naturais registadas no mundo, acrescenta o documento.
Os recentes desastres causados por estes fenómenos na China, EUA e na Alemanha, mostram que as cheias são habitualmente subestimadas, adverte Rob Bailey, responsável pela área Climate & Sustainability na Marsh McLennan e co-autor do relatório, citado no comunicado.
Entre os 20 países mais industrializados do mundo (G20), a Alemanha é o que apresenta o perigo mais elevado de cheias de origem costeira e fluvial. Considerando o G20, os cinco países com maior nível de exposição ao risco de cheias, listam-se China, Índia, Argentina, Rússia e Alemanha.
Quanto à vulnerabilidade face a inundações, Indonésia, Brasil, Índia, Rússia e México são os 5 do G20 com probabilidade de sofrerem os danos de valor mais elevado (pessoas e bens).
Nas notas metodológicas do estudo, a avaliação de perigos e exposição é apresentada de forma separada para contextos de inundações fluviais e costeiras. Descodificando, os autores do relatório explicam perigo como processo, fenómeno ou atividade humana que pode causar a perda de vidas, lesões ou outros impactos na saúde, bens danos, perturbações sociais e económicas ou a degradação ambiental. A exposição engloba pessoas, infraestruturas, habitação, fábricas e outros bens tangíveis localizados em áreas propensas a riscos.
Quanto à variável da vulnerabilidade referem-se as condições determinadas por fatores de ordem física, social, económica e ambiental ou processos que potenciam a suscetibilidade de indivíduos, comunidades e ativos sofrerem impacto dos referidos perigos.
As cheias pluviais estão excluídas da análise.
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