Rio defende que Costa se devia demitir para acelerar processo de eleições
"Não vejo como é que possa não haver eleições antecipadas e como é que o primeiro-ministro não se demite, na medida em que ajudava o país a acelerar um processo que tem de ser rápido", diz Rio.
O presidente do PSD defendeu, esta terça-feira, que o primeiro-ministro se devia demitir, em caso de chumbo do Orçamento do Estado, para permitir acelerar o processo eleitoral e “não deixar o país dependurado”.
Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Rui Rio foi questionado se vê alguma alternativa a eleições antecipadas a confirmar-se a rejeição do Orçamento. “A instabilidade está criada a partir do momento em que a maioria parlamentar que se formou chegou ao fim, não vejo como é que possa não haver eleições antecipadas e como é que o primeiro-ministro não se demite, na medida em que ajudava o país a acelerar um processo que tem de ser rápido”, defendeu.
Rio atirou ainda: “Como é que é possível o primeiro-ministro dizer que não se demite?”. “Um ano com duodécimos?”, questionou o mesmo. “O país não pode ficar aqui dependurado até não sei quantos de janeiro, fevereiro ou março, nós temos de pôr o interesse nacional em primeiro lugar. Eu coloco sempre, não tenham dúvidas”, afirmou, dizendo que tal lhe causa “problemas” dentro do PSD. Para Rio, a partir do momento em que o Orçamento não passe – “ou passe com pesca à linha” – “mais vale clarificar e o mais rapidamente possível”.
No debate parlamentar do Orçamento, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu esta terça-feira que o seu dever e o do Governo é “não virar as costas” ao país num momento difícil, garantindo que não se irá demitir, em resposta precisamente a uma pergunta de Rui Rio. O primeiro-ministro reconheceu ao Parlamento competência para aprovar ou não o documento e ao Presidente da República “toda a legitimidade” para decidir sobre “a dissolução ou não” da Assembleia da República.
“Mas o Governo também tem o dever de interpretar qual é o seu dever perante o nosso país e os portugueses. E sobre isso não tenho a menor dúvida: o dever do Governo, o meu dever, não é virar as costas num momento de dificuldades, é enfrentar as dificuldades e por isso eu não me demito”, assegurou.
O debate do Orçamento do Estado para 2022 na Assembleia da República na generalidade começou esta terça-feira e termina na quarta-feira, com a votação da proposta do Governo. Com os votos contra anunciados por PCP, BE e PEV, que se juntam aos dos partidos à direita, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal, somando 117 no total, o Orçamento será chumbado na generalidade – um cenário que o Presidente da República avisou que conduzirá à dissolução do parlamento e a eleições antecipadas.
A proposta do Governo conta apenas com os votos a favor dos 108 deputados do PS e cinco abstenções, do PAN e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.
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