Seguradoras Vida correm para cobrir gap de proteção

  • ECO Seguros
  • 14 Novembro 2021

A lacuna de proteção de seguros tende a reduzir-se nos mercados mais maduros e mais pequenos. Portugal pode levar menos de 5 anos a colmatar a brecha.

Portugal diminuiu potencial segurador, para 0,070 contra 0,09 pontos um ano antes, descendo um lugar para 55ª posição no índice mundial de não Vida do GIP-Mapfre 2021, um exercício que analisa 96 mercados à luz do potencial de crescimento dos seguros (GIP – Global Insurance Potencial Index) ou, noutra perspetiva, o que falta a cada país para colmatar a lacuna doméstica de proteção em seguros (protection gap).

De acordo com o relatório “GIP-MAPFRE 2021: ÍNDICE GLOBAL DE POTENCIAL ASEGURADOR”, atualizado com informação disponível relativa a 2020, Portugal encontra-se no 51º lugar do ranking mundial Vida, subindo uma posição face à edição anterior do estudo, apresentando agora potencial segurador fixado em 0,084 pontos.

Indicador complementar do relatório calcula a capacidade de cada país fechar, ou absorver, tal lacuna de proteção. O Gap Absortion Index (GAI) mede a velocidade de convergência com um benchmark (padrão) que tem por referência os níveis de penetração e densidade (de seguros) apresentados pelos mercados mais desenvolvidos. O GIP e o GAI não têm correlação direta porque dependem de parâmetros diferentes, mas quanto mais elevado for o valor do GAI, mais tempo têm os países para crescer até fechar o gap que lhe atribuído em cada ramo da indústria.

Nesta perspetiva, com valorização de 31,31 pontos no GAI Vida e 26,07 no GAI não-Vida, Portugal está a uma distância de quatro anos de absorver/anular o protection gap no setor de não-Vida e a apenas a dois de preencher a lacuna doméstica de cobertura nos seguros de Vida, antevê o estudo.

O ramo Vida, apesar da quebra de atividade nos últimos dois anos (cerca de -37% em 2020, sob impacto da pandemia de SARS-CoV-2), encontra-se temporalmente mais perto absorver a lacuna de proteção do que os ramos Não Vida. Nesta perspetiva, a competição pela angariação de clientes pode tornar-se numa corrida de velocidade entre as seguradoras.

Teoricamente, a análise desenvolvida pela Mapfre Economics, gabinete de estudos da seguradora espanhola, permite concluir que, quanto mais o diferencial entre cobertura efetivamente adquirida e o potencial de seguros (GIP) se aproximar do zero, mais perto o mercado real se encontrará de um ponto ótimo (fecho da lacuna de proteção), acercando-se de crescimento potencial nulo.

Na ótica do GAI, igualmente atualizado nesta versão do estudo, os mercados emergentes (conjunto agrupado no umbral Tier 1 – economias de potencial segurador mais elevado) foram os que sofreram maior impacto da crise da pandemia (covid-19) e, por isso, registaram as variações mais acentuadas no índice de capacidade de absorção.

Basicamente, à medida que a taxa de penetração (prémios/pib) aumenta, a lacuna (BPS – Brecha Potencial de Seguros) vai reduzindo, sendo que fatores como a dimensão económica e demográfica, sustentabilidade, rendimentos, desenvolvimento do sistema financeiro, enquadramento regulatório e políticas públicas que incentivem a inclusão financeira contribuem para estimular redução do gap. O BPS, advertem os autores do estudo, não é um conceito estático, ou seja, modifica-se ao ritmo da evolução económica e reage ao impacto da emergência de novos riscos. É por isso que o potencial segurador é maior nas economias de maior dimensão e nos emergentes, estes últimos a representar 70% do índice e agrupados no percentil superior, o de maior potencial.

O Top 5 mundial de países com maior potencial segurador (GIP) de não-Vida é liderado pela China, seguindo-se EUA, Índia, Japão e Indonésia. Entre estes, Índia, China e Indonésia têm, por esta ordem, os gaps de absorção (GAI) mais elevados (respetivamente 59,41; 47,28 e 46,94).

O GIP-Mapfre para o setor Vida tem a China no 1º lugar, EUA em 2º e a Índia no terceiro lugar, seguidos de Rússia e Japão, que completam os cinco primeiros.

Uma vez que a dinâmica dos fatores que influenciam o potencial segurador também explicam as mudanças de posição de cada economia no ranking GIP, admite-se que é difícil medir já o impacto da pandemia sobre as variáveis demográficas, mas é possível antecipar que haverá alterações significativas nas projeções futuras, assumem os autores do estudo.

Quanto ao potencial global de seguros, estimado em valor, mantêm-se sem alteração os montantes já avançados em edição anterior, noticiada por ECOseguros.

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