José Monteiro (Coface): “Mais do que nunca, as empresas devem agir com prudência”
Regressada aos escritórios em regime de trabalho híbrido, a seguradora quer somar ganhos de produtividade. Quanto à avaliação de riscos, Europa é a região com melhores perspetivas.
A Coface tem crescido em Portugal, “consolidando o seu posicionamento no mercado segurador de crédito,” afirma José Monteiro, country manager para Portugal, em resposta a questões apresentadas por ECOseguros.
A companhia internacional de seguros de crédito acaba de reclassificar “uma grande parte dos países da Europa Ocidental, cuja avaliação de risco-país é novamente igual à do final de 2019,” assinala.
Neste momento “de grande incerteza económica, é necessário sermos muito analíticos na análise de risco e realizarmos uma monitorização constante da evolução dos mesmos. Hoje em dia, mais do que nunca, as empresas devem agir com prudência, na gestão dos seus riscos comercias, servindo-se dos recursos e ferramentas existentes, nomeadamente o seguro de crédito, porque vai permitir que as empresas efetuem as suas transações com conhecimento aprofundado dos seus parceiros comerciais e, consequentemente, com maior segurança”, enquadrou.
Sobre o efeito prolongado da crise, pressão nas cadeias logísticas e eventual agravamento do risco em certas geografias, José Monteiro considera “expectável que, ao longo dos próximos meses a indústria seguradora, designadamente do Seguro de Crédito, seja afetada em duas frentes: por um lado, a perda de receitas provenientes de prémios e de resultados financeiros, devido às incertezas geradas pela recessão económica e às dificuldades sentidas pelas empresas, por outro, pelo expectável aumento de sinistralidade e das indemnizações associadas, após a redução ou eliminação dos apoios públicos às economias”. O atual contexto de escassez de matérias primas e de transportes, associados a uma crise energética, “também representa uma incógnita para a qual as empresas devem estar preparadas,” diz Monteiro.
Entre os mercados de exportação, “duas regiões foram particularmente impactadas em termos de saúde e económicos pela pandemia: a Europa e a América Latina. Ondas sucessivas da pandemia forçaram os governos destas regiões a implementar restrições que impactaram grandemente a atividade económica”. No entanto, olhando para as perspetivas, as duas regiões “estão atualmente a divergir,” verificando-se que “as perspetivas têm sido muito melhores na Europa,” observou o country manager da Coface em Portugal.
“Reclassificámos uma grande parte dos países da Europa Ocidental, cuja avaliação de risco do país é novamente igual à do final de 2019. Pelo contrário, ainda não melhorámos as avaliações dos países da América Latina, cujos processos de vacinação estão a avançar mais lentamente, como em todos os países emergentes (com exceção da China), e cuja margem fiscal e monetária é muito mais reduzida,” justifica.
Com a recente nomeação de Guillermo Rodriguez para CEO de Espanha e Portugal, a estrutura administrativa e a gestão estratégica e comercial da seguradora em Portugal não se alterou, uma vez que José Monteiro mantém as funções que exerce desde maio de 2015.
Na sucursal portuguesa da Coface, “a operação comercial dispõe da devida autonomia de decisão estratégica e atuação, dadas as diferenças e especificidades do mercado. Portanto, nesse aspeto não haverá alterações e, enquanto CEO continuarei a acompanhar como habitualmente as operações em Portugal,” disse Guillermo Rodríguez, CEO de Espanha e Portugal, em declarações enviadas a ECOseguros.
O sentimento ibérico, partilhado por José Monteiro e Guillermo Rodríguez, colhe o bom momento de Espanha e Portugal no que concerne às avaliações risco-país no mais recente barómetro da Coface: As economias ibéricas são front-runners no cenário de melhoria dos ratings na Europa.
Regresso ao escritório em modo híbrido com ganhos de produtividade
A Coface Portugal anunciou o regresso dos seus funcionários aos escritórios, optando por um regime de trabalho híbrido. Confirmando que o modelo é para continuar, a seguradora disse ao ECoseguros que o sistema foi adotado ao nível da região Região do Mediterrâneo e África, conjugando o trabalho presencial de um mínimo de dois dias por semana, com o home office nos restantes dias.
Durante o período que durou atividade exclusivamente em teletrabalho, “verificámos que os níveis de produtividade e compromisso dos nossos colaboradores não só se mantiveram como aumentaram. Por isso, consideramos que, desta forma, proporcionamos a continuidade do equilíbrio salutar entre as suas vidas profissionais e pessoais. Acreditamos que com este novo modelo vamos continuar a aumentar a produtividade e também o compromisso dos colaboradores face às estratégias da empresa”.
Em Portugal, a Coface conta com “35 colaboradores, entre os quais se incluem dois estágios. Durante o período exclusivo de teletrabalho a empresa manteve o efetivo de colaboradores e ainda reforçou a equipa de duas áreas estratégicas na empresa, nomeadamente o serviço de atendimento ao cliente e o serviço de gestão de cobranças, com o recrutamento de mais pessoal, mantendo os níveis de qualidade e eficácia de serviço aos nossos segurados”.
Considerando as necessidades particulares de cada colaborador “estamos atentos e acompanhamos as situações que requerem uma maior flexibilidade por parte da empresa,” possibilitando aos funcionários darem a “devida assistência ao seu agregado familiar, seja por existirem crianças em idade escolar, dependentes seniores a seu cargo ou outro tipo de situações sensíveis do foro familiar”.
Nestes casos, explicou a seguradora, “para além de flexibilidade horária que permite ao próprio trabalhador gerir as suas horas de entrada e saída do período laboral, o teletrabalho era já solução adotada antes de existir a pandemia, excecionalmente para alguns trabalhadores”.
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