Conferência APS: Seguradores apelam ao Governo e vice-versa
Os impactos da digitalização no mundo foi o tema da Conferência anual da APS. Os seguradores querem reduzir gap de proteção e nas pensões . O governo quer mais investimentos em empresas em Portugal.
A conferência anual da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), sob o mote “Smart Living – Tecnologia e Inovação no quotidiano do futuro”, teve lugar quarta-feira no novo auditório da sede da Associação, em Lisboa, e contou com a presença do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira e do Secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes.
Na abertura, José Galamba Oliveira, Presidente da APS, afirmou “como vai ser a vida de todos nós no futuro próximo é uma questão relevante para milhões de portugueses e também para o setor segurador, que existe para dar resposta às necessidades de segurança e proteção de cidadãos e empresas”, acrescentando que “num mundo em acelerado estado de mudança, poder antecipar o dia de amanhã e essas necessidades de proteção e segurança é essencial para tornar o seguro cada vez mais relevante na sociedade.”
Dirigindo-se ao Governo, Galamba de Oliveira referiu que “o setor segurador pode ter um papel central, em parceria com o Estado, nas respostas necessárias para mitigar os riscos associados a estes desafios estruturais da nossa Sociedade”, concretizando que o setor segurador pode “desempenhar um papel no estimular da poupança privada destinada a complementos da reforma, ou no papel que pode ter no desenvolvimento de um sistema de proteção de riscos catastróficos ou até no importante papel como investidor institucional em projetos de infraestruturas e sustentabilidade”, disse.
O presidente da APS afirmou ainda “para que o setor segurador possa ser um parceiro do Estado na resposta a estes enormes desafios é preciso um ambiente regulatório e um enquadramento legal, contabilístico, fiscal, exigente e transparente, mas suficientemente flexível, que permita às seguradoras desenvolver a sua atividade em prol daquilo que é verdadeiramente importante: a proteção, a segurança e a qualidade de vida dos portugueses”, concluiu.
Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia e da Transição Digital, foi o orador seguinte referindo o tema da digitalização e o seu papel transformador na sociedade concluindo “Quanto mais formos capazes de ter informação e dados sobre a vida nas cidades nas nossas empresas sobre a nossa situação individual, designadamente na saúde, mais fácil será, àqueles que têm por função tratar informação e avaliar risco, terem modelos cada vez mais precisos de avaliação de riscos e de atribuição de um preço para esse risco.”
Nadim Habib, Professor da Nova SBE, foi keynote speaker, abordou a necessidade de se repensar a forma de trabalhar e a questão work-life balance versus work-life integration, para melhorar a produtividade das organizações: “As grandes mudanças estão na forma de organizar as nossas pessoas para a mudança. Por isso se fala tanto em agilidade e adaptabilidade”, disse, terminando com a ideia de ser preciso construir organizações ágeis e adaptativas que conseguem mudar constantemente “Como é que organizamos as pessoas à volta do trabalho, isso vai ser a chave do jogo”, concluiu.
Um primeiro painel focou O futuro do trabalho – desafios e oportunidades na era dos nómadas digitais e contou com a intervenções de Pedro Rocha Vieira, CEO e co-Fundador da Beta-i, Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade e Guilherme Machado Dray, advogado e Professor de Direito. O responsável da Fidelidade exemplificou o espírito existente: “nos últimos 6 anos recrutámos 1 700 pessoas, o que é mais de que metade dos colaboradores que temos. Essas pessoas tiveram de ser integradas em todas as áreas da organização, mas essas pessoas também contribuem para uma mudança na forma de trabalhar e para a forma como todos olhamos o mundo”.
Tom Standage, editor da revista The Economist e especialista em tendências, participou de modo remoto como keynote speaker e apresentou uma exposição sobre aquelas que considera serem as tecnologias que irão transformar a nossa vida quotidiana a curto prazo – dos pagamentos móveis, ao rastreio do sono, passando pelas novas formas de mobilidade, entre outras. Os exemplos dados acentuaram a crescente dependência do software para a vida corrente, os perigos dos ciberataques e salientou ser fundamental uma estreita colaboração entre tecnólogos, reguladores e seguradores para enfrentar os novos riscos.
Um segundo painel foi dedicado à Experiência da nova realidade – o futuro é agora? Participando Eduardo Ramos, administrador Executivo da BRISA e CEO da Via Verde, o investidor na área do Turismo Henrique de Castro e Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal que alertou para o pension gap e protection gap que urge cobrir, para a prevenção de doenças em população cada vez mais envelhecida e para o apartheid digital que pode excluir do futuro uma importante parte de pessoas.
Margarida Corrêa de Aguiar, Presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), reforçou a importância do setor segurador para o funcionamento da economia, referindo que “enquanto investidor institucional o setor segurador é responsável pela gestão de uma carteira de ativos cujo montante equivale a 25% do PIB nacional”. E adiantou que “a inovação tecnológica tem conduzido a profundas transformações na cadeia de valor dos seguros, com impactos transversais em termos de ganhos de escala e de eficiência, agilização e redução de custos”.
Encerrou a conferência João Nuno Mendes, Secretário de Estado das Finanças, que apelou a uma maior cooperação entre o setores bancário e segurador e para a capacidade de investimento das seguradoras no sentido que se encaminhe para as empresas a operar em território nacional.
A Conferência pode ser revista aqui .
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