BRANDS' ECO 25 anos de reciclagem em Portugal: do “lixo” aos “recursos”
A necessidade de acabar com as lixeiras a céu aberto fez nascer a reciclagem. Uma história que se cruza com a da Sociedade Ponto Verde, há 25 anos a transformar “lixo” em recursos.
No início eram 1500 toneladas e abrangia apenas 18,1% da população. Este ano já foram 400 mil toneladas e chega a todo o território nacional. Em 25 anos, o saldo da reciclagem é amplamente positivo, mas isso não chega. Precisamos de reciclar mais e melhor, pensar nos resíduos como recursos e numa economia circular que traz oportunidades únicas de industrialização para Portugal.
A necessidade de resolver o problema do “lixo” à escala europeia levou a que, em 1985, a então Comunidade Económica Europeia (CEE) emitisse a primeira Diretiva Europeia que veio obrigar os países a gerir os seus resíduos. A construção de aterros não era suficiente pois tornava-se necessário dar um destino adequado a todo o “lixo” não degradável. Os primeiros passos para o processo de reciclagem industrializado começavam a ser dados. O “lixo” começava a ser encarado como resíduo e passível de dar origem a novas utilizações.
Portugal, que acabava de aderir à CEE, transpõe a diretiva para legislação nacional em 1990 e, em 1996, é constituída a Sociedade Ponto Verde (SPV), a quem coube, nessa época, a responsabilidade de criar e gerir todo o sistema da recolha seletiva e transformação dos resíduos em novas matérias. O sistema estava construído, mas era necessário chamar os consumidores a participarem ativamente no processo de separação dos seus resíduos.
No final da década de 90, o país passava por uma fase de expansão económica e de aumento do consumo. Reaproveitar parecia um conceito do passado, descartar o lixo pela janela do automóvel uma ação comum, até então nada reprovável. Os cidadãos estavam muito pouco envolvidos com as temáticas ambientais e a reciclagem era um termo distante do seu vocabulário. Foi necessário envolvê-los e sensibilizá-los para o seu papel fundamental em todo o processo de reciclagem.
É assim que, em 2000, o chimpanzé Gervásio aparece nos televisores para mostrar que tinha aprendido a reciclar. Uma campanha de comunicação disruptiva da SPV que veio ensinar e mostrar a todos a facilidade de reciclar.
De então para cá, a comunicação tem sido essencial para levar mais portugueses a aderir à reciclagem, desmistificando mitos e sensibilizando para a importância desta ação.
Em 25 anos a reciclagem organizou-se e acompanhou um mundo em mudança. De cidadãos nada envolvidos, passámos a 9 em casa 10 portugueses a participar na reciclagem (dados de 2021). Os consumidores são hoje mais exigentes e ativistas exigindo aos governos e empresas medidas concretas que conduzam ao arrefecimento global e a um desacelerar das alterações climáticas. A prová-lo estão as manifestações à porta da COP26. Mas, as ambiciosas metas de reciclagem estabelecidas para 2025 continuam a exigir mais empenho de todos os agentes envolvidos na cadeia de valor das embalagens.
Acompanhando a revolução tecnológica em curso o setor da reciclagem terá a capacidade de incorporar a transformação digital e continuar a contribuir para mais e melhor reciclagem. Contribuir para uma economia circular, onde os resíduos, antes lixo, passam a ser vistos como recursos, matéria-prima secundária que poupa os recursos naturais.
Numa altura em que a União Europeia está a dar início a um novo modelo de desenvolvimento, as oportunidades sociais e económicas geradas pela reciclagem têm de ser aproveitadas. Social, pois atravessamos uma era onde a digitalização e a tecnologia melhoram a qualidade de vida das pessoas. Económicas, pois há novas oportunidades de negócio criadas pelas transições digital, verde e energética. Por isso mesmo, é que o Gervásio reapareceu em 2021, mais digital e com uma nova missão: inovar, evoluir, reciclar.
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