A 12.000 metros de altitude não há almoços grátis

  • Bloomberg
  • 22 Fevereiro 2017

Desesperados para cortar custos, as companhias aéreas começam a cobrar tudo... até os snacks.

Em 2010, a Continental Airlines era a última companhia aérea dos EUA que ainda oferecia aos passageiros da classe económica um lanche grátis. Na altura, já todas as concorrentes, desesperadas para cortar custos, tinha começado a cobrar por snacks e pequenas refeições ou bebidas de cortesia. Depois, também a Continental sucumbiu e os passageiros passaram a adicionar ao itinerário a compra de uma sanduíche antes de embarcar.

Sete anos depois, as empresas aéreas financeiramente sólidas começam a pensar em devolver a comida “grátis” às massas. No segundo trimestre deste ano, a Delta Air Lines quer passar a servir uma refeição de cortesia nas rotas mais longas, na maioria dos casos rotas transcontinentais. Entre as opções disponíveis estão pratos de queijos e frutas, sanduíches e wraps.

A Delta já oferece bebidas alcoólicas gratuitas em voos domésticos para quem viaja na categoria “Comfort Plus”, mais espaçosa. Também é possível fazer streaming de programas de TV e de filmes — a Delta quer que os passageiros saibam que esse é um serviço grátis, assim como os vídeos gratuitos que agora estão disponíveis na Alaska, United, American, Southwest e noutras aéreas equipadas com wi-fi a bordo. No ano passado, a Delta testou o serviço de refeição na classe económica durante seis semanas em voos com partida do aeroporto JFK, em Nova York para Los Angeles e São Francisco. Como era de esperar, a companhia viu que os índices de satisfação aumentaram nesses voos.

Já pagou isto tudo

Mas, apesar de toda a gente gostar de uma sanduíche “grátis”, talvez fosse melhor pensar nesse “grátis” com asterisco do lanche: na verdade, paga-se por estas regalias de outras formas, ao contrário do que acontecia antigamente quando as aéreas ofereciam comidas, bebidas e filmes e raramente eram remuneradas por isso. A Delta, por exemplo, informou aos investidores em dezembro que a receita por milha voada por assento é 9% maior que a das suas concorrentes locais. Estas empresas, especialmente a American Airlines Group e a United Continental Holdings, estão ansiosas para reduzir essa diferença e ultrapassar-se umas às outras. Ou seja, todos querem cobrar mais.

Para conseguir estes rendimentos, a Delta anuncia a credibilidade de sua programação, com voos pontuais e raramente cancelados, cabines reequipadas e amplas renovações nos grandes centros operacionais em aeroportos, entre outras melhorias que atraem clientes que gostam deste tipo de coisas.

As refeições grátis — especialmente em rotas domésticas altamente disputadas — podem contribuir ainda mais para esta abordagem. Uma porta-voz da Delta, Catherine Sirna, preferiu não dizer como a empresa escolheu os “mercados estratégicos” que receberam as novas refeições nem quanto esta iniciativa custará. (Muitos destes mercados enfrentam a concorrência direta da Alaska e da JetBlue Airways). Os voos da American e da Delta já tinham recomeçado a oferecer refeições nas rotas do Havai.

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