Imobiliário: As perspetivas para 12% do PIB

  • João Pinheiro da Silva
  • 26 Janeiro 2022

O ano de 2021 começou de forma tímida, mas veio a revelar-se bastante dinâmico no que diz respeito ao mercado imobiliário, terminando com ótimas perspetivas para 2022.

O ano de 2021 começou de forma tímida, mas veio a revelar-se bastante dinâmico no que diz respeito ao mercado imobiliário, terminando com ótimas perspetivas para 2022. Estamos a falar de um dos setores com maior peso no PIB português (12%), pelo que, mais do que um setor per si, estamos a falar de um pilar fundamental da nossa economia.

De janeiro a dezembro de 2021, os preços dos imóveis à venda por metro quadrado, de acordo com o relatório do Idealista, subiram 171 €, fixando-se em 2.325 €/m2.

A forte valorização do setor residencial justifica-se não só pela mudança de paradigma habitacional que a pandemia trouxe – mais do que um lar, hoje as habitações encontram-se remodeladas para encaixar em modelos híbridos de trabalho que, entretanto, se fizeram impor, mas, também, pelo aumento dos preços dos materiais e o custo de mão-de-obra associados à construção, provocados pela escassez de matérias-primas e os constrangimentos sentidos nas cadeias de distribuição – refletindo já um aumento do IMI para 2022 -, pelo que algum abrandamento no setor residencial em 2022 não será de estranhar.

Refira-se ainda que a instabilidade que se vive em torno dos investimentos, nomeadamente no que diz respeito aos “Golden Visa”, e a sua restrição aos
territórios interiores, contribuem, significativamente, para o provável abrandamento do setor residencial em 2022.

Ainda assim, mercados alternativos deste setor, tal como as residências sénior e as residências para estudantes, pouco desenvolvidos até agora, têm captado um crescente interesse de vários players do mercado, sendo, seguramente, uma forte aposta a curto-médio prazo. Em desenvolvimento crescente encontra-se, igualmente, o setor logístico que, com provas já dadas pelas elevadas taxas de ocupação dos parques logísticos recentemente implementados em Portugal, entrará, cada vez mais, na mira dos investidores – nacionais e estrangeiros -, face à escassa oferta de ativos atualmente existentes, fazendo de Portugal um dos países mais atrativos para se investir nesta área.

Quanto ao setor do turismo, este andará, pelo menos em 2022, a “toque de caixa” das medidas voláteis que surjam, no âmbito do Covid-19, a respeito das restrições de viagens internacionais. Não quer tal significar, a meu ver, uma quebra ou um abrandamento no setor. Na verdade, a resiliência já provada pelo turismo (apesar de ter sido um dos ramos que mais sofreu com a pandemia, foi dos que mais rapidamente recuperou: de acordo com dados do INE, em novembro de 2021, os estabelecimentos hoteleiros acolheram aproximadamente 3.567,3 mil dormidas, valor superior ao registado no mesmo período do ano anterior, traduzindo uma variação homóloga de 287,7%), permite transmitir a confiança necessária para os investidores continuarem, em 2022, a apostar na área, seja no segmento de hotelaria – continuando a exploração destes ativos ou, em alternativa, reafectando-os a outros fins -, seja na construção, implementação e desenvolvimento de empreendimentos turísticos.

Independentemente do setor e dos cenários que se venham a revelar em 2022, uma coisa é certa: a preocupação pela sustentabilidade no seio do mercado imobiliário veio para ficar. A procura por soluções renováveis e certificações de prestígio já é hoje uma realidade e preocupação geral dos promotores e investidores, bem como de quem compra.

O investimento em edifícios eco-friendly e a reabilitação dos já existentes nesse sentido será, certamente, uma das tónicas de 2022, assim como em terrenos destinados a exploração/produção de energia.

Espera-se ainda que o ano 2022 acentue a tão desejada simplificação, agilização e uniformização dos processos de licenciamento camarário.

  • João Pinheiro da Silva
  • Sócio da CMS Rui Pena & Arnaut

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