BRANDS' ECO Startup portuguesa torna edifícios autónomos em 96 horas
A Bandora Systems é uma startup portuguesa que se dedica à transformação digital e energética dos edifícios. Em apenas 96 horas, a empresa consegue tornar um edifício comum num edifício 100% autónomo.
Impulsionar edifícios comerciais a operar com eficiência, manter os espaços confortáveis, detetar e notificar anomalias são alguns dos principais objetivos da Bandora Systems, uma startup portuguesa, mais comummente conhecida como um Facility Manager Virtual, que faz a operação e manutenção dos edifícios de serviços/comerciais.
Mas as funções da startup portuguesa não se ficam por aqui. A verdade é que a Bandora, mais do que ambicionar que as cidades se tornem inteligentes, pretende que os edifícios se tornem 100% autónomos, ou seja, que não necessitem da intervenção humana para fazerem a sua gestão.
Isto porque, apesar de os edifícios estarem cada vez mais sensorizados e gerirem quantidades massivas de dados e informação, a verdade é que continuam a depender da mão humana, que serve de apoio no processamento destes dados. A acrescentar a isso, os próprios facility managers, que ajudam nessa gestão, assumem a dificuldade em conseguir operar os chamados smart buildings, e, nesse sentido, a autonomia do edifício seria a resolução do problema.
De acordo com Márcia Pereira, CEO da Bandora Systems e engenheira mecânica, a solução passa, sobretudo, pela aposta em inteligência artificial (IA). “Novas tecnologias como a inteligência artificial poderiam ter um papel fundamental na gestão eficiente dos edifícios. A capacidade de processar grandes volumes de informação e tomar ações em tempo real, que efetivamente reduzissem o consumo energético dos edifícios, cria um novo paradigma. Foi essa a ideia que serviu de base à criação da Bandora”, começou por dizer.
"No limite, é como se tivéssemos um facility manager experiente e especialista no funcionamento de um edifício em concreto, a monitorizar, correlacionar, otimizar e a tomar decisões a cada cinco minutos, durante 24 horas por sete dias da semana, o que é humanamente impossível! Mas, com recurso à inteligência artificial, esta é agora uma realidade!”
Como é que a Bandora atua nos edifícios?
Sendo um Facility Manager Virtual, a Bandora conecta-se com qualquer sistema IoT (Internet of Things, em português, internet das coisas) já existente no edifício e recorre à inteligência artificial para suportar a tomada de decisão do gestor, de forma a otimizar, em contínuo e em tempo real, o seu modo de funcionamento e dos seus equipamentos, como sejam o AVAC (sistemas de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) e a iluminação.
Além disso, a startup consegue, ainda, detetar os consumos energéticos anómalos, de forma a reduzir períodos de inatividade e dispendiosos e, consequentemente, evitar o desperdício de energia. O principal objetivo é dar o maior conforto aos ocupantes dos edifícios, mas com o menor consumo de energia possível.
“No limite, é como se tivéssemos um facility manager experiente e especialista no funcionamento de um edifício em concreto, a monitorizar, correlacionar, otimizar e a tomar decisões a cada cinco minutos, durante 24 horas por sete dias da semana, o que é humanamente impossível! Mas, com recurso à inteligência artificial, esta é agora uma realidade!”, acrescentou a CEO.
"Os edifícios Bandora já não são smart, mas sim autónomos e funcionam sem nenhuma intervenção humana.”
Atualmente, a Bandora Systems não tem concorrência no mercado nacional, mas Márcia Pereira admitiu que existem algumas soluções que se podem confundir com as da startup, nomeadamente as que fornecem hardware e sensores para tornar o edifício smart. No entanto, a engenheira mecânica garante que “a Bandora está num plano diferente, já que é a camada de inteligência por cima de qualquer hardware, novo ou existente. Os edifícios Bandora já não são smart, mas sim autónomos e funcionam sem nenhuma intervenção humana”.
Ainda assim, a concorrência no mercado internacional existe e a responsável pela startup portuguesa assumiu que se trata de uma concorrência “com rondas de financiamento e estágios de maturidade bastante acima da Bandora”. Porém, o facto de a Bandora conseguir transformar qualquer edifício num edifício autónomo em 96 horas é uma vantagem que até mesmo essa forte concorrência não conseguiu superar, uma vez que demora seis semanas a fazer o mesmo.
“A nossa abordagem em tornar qualquer edifício num edifício autónomo em 96 horas é bastante inovadora, face às seis semanas necessárias pela concorrência. Recentemente, até fomos distinguidos com o Reconhecimento de Idoneidade para a prática de Atividades de Investigação e Desenvolvimento, pela ANI, e esta distinção comprova não só a nossa capacidade de inovação, mas também de execução, e do nosso contributo em tornar Portugal um HUB de conhecimento”, revelou Márcia Pereira.
A pandemia enquanto impulsionadora da aposta em IA e os fundos de apoio
A necessidade de inovar ficou ainda mais notória depois do mundo se ter deparado com uma pandemia que fechou toda a gente em casa e que obrigou as empresas a assumir novas formas de trabalho e novos modelos de negócio.
Quando questionada sobre a possibilidade de as empresas que não apostem em tecnologia poderem correr o risco de perderem o seu lugar no mercado, a CEO da Bandora não hesitou em dizer que o mercado só terá lugar para as empresas com “maior capacidade de adaptação e resiliência”.
“Essas empresas serão indubitavelmente as que conseguirem apresentar-se mais competitivas, mais eficientes e mais rápidas. E, nesse sentido, a Inteligência Artificial é um elemento capacitador das empresas, pois permite substituir os recursos humanos no desempenho de tarefas repetitivas e monótonas, resolver problemas de otimização de processos, mesmo com quantidades massivas de dados e sem correlação aparente, de uma forma mais rápida e eficaz, e permite também tirar o máximo partido dos atuais sistemas de IoT”, salientou.
Mas, se, por um lado, as empresas sentem-se pressionadas a fazer esta mudança para garantirem a sua sobrevivência, por outro lado, ainda se observa alguma resistência por parte de algumas empresas que associam que será necessário um grande gasto financeiro para fazer esta aposta em IA e sentem que não têm capital para isso.
Por essa razão, Márcia Pereira garantiu que a divulgação dos fundos de apoio que ajudam financeiramente estas empresas “é fundamental”. Nesse âmbito, a Bandora estabeleceu uma parceria. “Estamos a trabalhar num grande consórcio nacional, com empresas de relevo e entidades do nosso tecido científico, para a descarbonização do segmento residencial. Estamos a falar de um investimento aproximado de 2,3 milhões de euros para a Bandora, que será inteiramente utilizado em recursos humanos especializados”, contou.
Além deste consórcio, a Bandora também tem tido iniciativas que visam tornar a inteligência artificial uma realidade mais acessível para qualquer empresa. Umas das iniciativas está relacionada com a subscrição anual da startup, sem quaisquer custos de arranque, customização ou outros.
“O valor da subscrição é diretamente indexado ao tamanho do edifício, através de 4 níveis: Shop, Office, Building e Campus. Desta forma, as empresas têm acesso à nossa tecnologia através de custos operacionais bastante competitivos e adaptados às suas necessidades”, disse a CEO.
A somar a isso, a Bandora está também a trabalhar numa ronda de investimento seed (primeira fase de investimento) com o intuito de desenvolver mais funcionalidades dentro da empresa, criar um departamento Comercial e de Marketing totalmente dedicados e trabalhar na sua expansão Europeia. “O objetivo é sermos mais e melhores para os nossos clientes”, concluiu Márcia Pereira.
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