Cibercrime atinge mercado NFT em 2021. Innovarisk lista roubos de obras de arte

  • ECO Seguros
  • 21 Fevereiro 2022

No mercado de obras de arte digitais, o crime cibernético utiliza as mesmas técnicas usadas em ataques informáticos a empresas com um grau de sucesso muito mais elevado.

Pelo terceiro ano consecutivo, o relatório Online Art Trade Report 2021 da seguradora Hiscox, representada em Portugal pela Innovarisk, compila a lista de obras de arte roubadas e recuperadas. No ano passado, 36% das plataformas de venda online de arte consideraram que “a melhor contribuição que a tecnologia blockchain deu ao mercado de arte foi o desenvolvimento de novos mercados, como os NFT” (sigla anglo-saxónica para os tokens não fungíveis), “mas isso também levou ao surgimento de novas formas de crime”.

A tecnologia sempre ofereceu novas ferramentas de expressão aos artistas e “em 2021 deu-se a revolução artística e tecnológica dos NFTs, um mercado que só nos primeiros meses de 2021 teve vendas no valor de 3.025 milhões de euros. A sua capacidade de atrair investidores tornou-os um alvo atraente para criminosos, razão pela qual também ocorreram os primeiros roubos dessa nova arte digital“, refere a Innovarisk observando que 2021 também foi o ano em que a tecnologia permitiu a reconstrução de obras de arte emblemáticas de artistas como Klimt e Rembrandt.

Em março do ano passado, recorda a agência de subscrição que também atua como Lloyd’s coverholder, ocorreu o primeiro roubo de NFTs na plataforma Nifty Gateway, uma das páginas mais importantes dentro desta área, que ascendeu a 150.000 euros, segundo um dos utilizadores afetados. Desde então, o volume e o impacto dos ataques aumentaram para um roubo de mais de 100 milhões de euros em tokens da Vulcan Forged, um mercado NFT de videojogos. Um utilizador lançou um ataque cibernético que comprometeu os sistemas de segurança da plataforma para saquear as carteiras dos utilizadores, que perderam os códigos de acesso e não conseguiram recuperar os fundos que tinham armazenado.

"O desconhecimento de como este mercado funciona, ligado a alguma ingenuidade, tem-se revelado um terreno fértil para ciberdelinquentes”

Rui Ferraz

Diretor comercial da Innovarisk

Embora seja uma novidade devido ao conteúdo do roubo, “estes ataques seguiram as técnicas clássicas de ciberataque, como engenharia social”. Foi o caso do roubo denunciado por Jeff Nicholas, colecionador de NFT, que perdeu todo o seu portfólio de arquivos NFT, avaliado em 400.000 de euros. Os criminosos cibernéticos fizeram passar-se pelo suporte técnico da empresa para ajudá-lo a resolver um problema de direitos, convenceram-no a compartilhar o seu ecrã e digitalizaram o código QR que servia de chave para a sua carteira digital na plataforma OpenSea, outro dos espaços mais populares de comércio de NFTs.

“O explodir do mercado de arte digital à boleia das características únicas dos NFTs, que lhes permite identificar o verdadeiro proprietário de uma obra digital, trouxe para o mesmo vários colecionadores movidos pelo potencial de valorização destes tokens. No entanto, o desconhecimento de como este mercado funciona, ligado a alguma ingenuidade, tem-se revelado um terreno fértil para ciberdelinquentes que utilizam as mesmas técnicas usadas em
ataques informáticos a empresas com um grau de sucesso muito mais elevado. Cabe-nos a todos estar vigilantes e proteger um património que não é só nosso mas de toda a Humanidade“, afirma Rui Ferraz, Diretor Comercial da Innovarisk.

Tecnologia também ajuda a recuperar património artístico

A tecnologia também possibilitou voltar a desfrutar de obras que se pensava perdidas. Além da série “Medicina, Jurisprudência e Filosofia”, denominada Pinturas da Faculdade, do austríaco Gustav Klimt, destruídas pelo exército nazi um dia antes do fim da Segunda Guerra Mundial, a inteligência artificial também serviu para reconstruir partes que faltavam de A Ronda da Noite, uma das pinturas mais famosas de Rembrandt, conta a agência geral de subscrição representante da Hiscox em Portugal. Em 1715 a pintura foi cortada em quatro partes para que pudesse passar pela porta do salão da Câmara Municipal de Amesterdão, onde seria exposta, o que fez com que algumas partes fossem removidas. No entanto, devido a uma cópia que sobreviveu e à ajuda de um ambicioso estúdio de fotografia 3D, o Rijksmuseum em Amesterdão exibiu recentemente, pela primeira vez em 300 anos, a obra completa.

No ano passado, continua a Innovarisk, também foi notícia a “recuperação de outras grandes obras de arte como a pintura Cabeça de Mulher de Picasso, roubada há mais de nove anos e encontrada pela polícia grega, ou as duas obras de arte renascentistas que foram roubadas do Museu do Louvre em Paris na década de 1980″ devolvidas à instituição parisiense. A polícia francesa descobriu estas peças do século XVI, um capacete e as costas de uma couraça, numa família de Bordéus quando tratava de uma herança. Depois de as identificar devolveram-nas ao seu local de origem.

Nos Estados Unidos, o bilionário e filantropo Michael Steinhard devolveu 180 obras de arte e antiguidades, avaliadas em 62 milhões de euros e roubadas por todo o mundo nas últimas décadas. Essa recuperação foi resultado de uma investigação de vários anos ao bilionário, que “durante décadas negociou obras de arte sem se preocupar com a legalidade das suas origens”, pode ler-se no mesmo relatório.

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