Fundos de pensões abertos lideraram contribuições em ano de ativos recorde
Pela primeira vez, em 2021, as contribuições para fundos de pensões abertos superaram a captação dos fundos fechados. Montante gerido no setor supervisionado ultrapassou 24 mil milhões de euros.
O universo de 240 fundos de pensões (fp) supervisionados pela ASF alcançou 24,1 mil milhões de euros em ativos geridos no ano passado, evidenciando aumento de 4,68% face a 2020 e a fixar novo máximo histórico.
O incremento nos montantes sob gestão (das seguradoras e sociedades gestoras) resultou de uma progressão de 17,2% nos fundos de pensões abertos e aumento de 2,8% nos fundos fechados. “Excluindo desta taxa de crescimento o efeito de 3,5% decorrente dos ganhos financeiros gerados pelos fundos de pensões, conclui-se que o saldo líquido entre o montante das entradas (contribuições) e das saídas (pensões e outros pagamentos de benefícios) correspondeu a 1,2%,” detalha o relatório de Evolução da Atividade dos Fundos de Pensões (4T-2021).
As contribuições dos associados e participantes decresceram 15% em 2021. Do outro lado da balança, o montante dos benefícios pagos cresceu 5,3% comparativamente aos desembolsos no final de 2020, sendo que a evolução nas contribuições é explicada pelo decréscimo observado nas entregas para os “fundos de pensões fechados de benefício definido,” calculadas em 461,6 milhões de euros em 2021, cerca de 302 milhões menos comparativamente à recolha no ano anterior, indica a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
A repartição total dos fundos de pensões por tipo de fundos “não tem apresentado variações ao longo dos trimestres,” confirma também o relatório do departamento de estatística da ASF. Da mesma forma e quanto à composição carteiras, embora se note um reforço das apostas em fundos de investimento e alguma substituição de dívida pública por privada, as carteiras de investimento eram, no final de 2021, maioritariamente constituídas por títulos de dívida (49%, em grande parte obrigações de entidades públicas), seguindo-se fundos de investimento (36%). Imóveis (7%), depósitos bancários (4%) e ações (4%) continuam a ser as categorias com menor peso.
Breve análise aos dados estatísticos disponíveis no website da autoridade permite concluir que o recorde de montantes geridos (em 2021) representa crescimento superior a 36% face aos totais de 2017 e incremento aproximado de 2,3 mil milhões relativamente aos ativos geridos no final de 2019.
Embora o volume de desembolsos (benefícios pagos) pelos fundos fechados continue largamente superior ao dos fundos abertos, as contribuições para os fundos de pensões abertos (603,9 milhões) superaram, pela primeira vez, as entregas para os fundos fechados (cerca de 544,5 milhões), provavelmente por efeito do progressivo fecho a novas adesões por parte de fundos de pensões fechados (cada vez menos comuns em empresas do setor financeiro e não financeiro e caracterizados por serem de contribuição definida e/ou benefício definido, garantido).
Quanto ao declínio das contribuições no conjunto do setor, após ter-se registado duplicação dos montantes em 2019 (face a 2018), sucederam dois anos consecutivos de decréscimo (-14,3% em 2020, refletindo quebra de 27,5% nas contribuições dos fp fechados, e -15% para o conjunto do setor ano seguinte), o ano 2021 registou um valor de coleta 32,2% abaixo do total das contribuições contabilizadas em 2019.
Por fim, outra tendência associada aos fundos de pensões fechados mostra que, em 2017, estes fundos (popularizados no setor bancário) comparavam quase 12 vezes com o montante total dos fundos abertos. Em 2020, a diferença já era pouco superior a 7 vezes e, em 2021, foi inferior a seis.
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