Ronda de 10 milhões vai levar AgentifAI para a Europa e EUA
A bracarense AgentifAI, que desenvolve assistentes virtuais especializados, levantou 10 milhões de euros para ir para fora e crescer a equipa. O investidor é o fundo Next Tech Fund, da BlueCrow.
O Baymax, um robô cuidador pessoal, protagonista do filme Big Hero 6 da Disney, inspirou Rui Lopes a criar a AgentifAI, que desenvolve assistentes virtuais especializados para os setores da banca e saúde. Com a CGD, AdvanceCare ou Lusíadas Saúde entre os clientes, a empresa bracarense está a chamar a atenção dos investidores. Levantou agora um investimento de 10 milhões de euros, que a vai levar para outros países europeus e para os EUA.
O investidor é o fundo de capital de risco Next Tech Fund , da BlueCrow, a gestora de capital de risco de António de Mello Campello e Bernardo Empis Meira. Esta ronda de financiamento de série A soma-se aos 1,1 milhões de euros de capital semente (pre-seed e seed) que entraram na startup em 2018, pela mão da LC Ventures, da Caixa Capital e de uma holding familiar. A percentagem do capital adquirida e o valor em que fica avaliada a AgentifAI não foram revelados.
Os 10 milhões serão usados para a expansão para os EUA e para o mercado europeu, nomeadamente para Espanha, Inglaterra e França. “A nossa solução já tem suporte a estes idiomas, ou seja o espanhol, o francês e o inglês, e são mercados grandes com enorme potencial”, justifica Rui Lopes, fundador e CEO da empresa bracarense, em declarações ao ECO. A presença será essencialmente comercial, com vendas diretas, mas também através de parcerias.
O novo capital permitirá também aumentar a equipa, recrutada sobretudo na Universidade do Minho, que vai mais do que duplicar, passando dos atuais 17 para 40 colaboradores até ao final do ano. A empresa tem uma plataforma no site para o efeito. Além de reforçar a equipa comercial, o novo talento permitirá “maior capacidade de evolução em termos de produto”.
O objetivo da Alice é proporcionar um acompanhamento ao longo de toda a vida, independentemente da idade ou do contexto. Claro que este objetivo é muito ambicioso e demorará certamente vários anos a concretizar.
O objetivo é acrescentar valências à Alice (um acrónimo para Artificial Linguistic Internet Computer Entity), seguindo a visão de Rui Lopes: criar um assistente virtual capaz de “proporcionar um acompanhamento ao longo de toda a vida, independentemente da idade ou do contexto”. “Um objetivo muito ambicioso e que demorará certamente vários anos a concretizar”, concede.
O que a Alice já faz…
“Qualquer assistente de promoção de bem-estar e saúde que se preze tem de ser capaz, pelo menos, de fazer a marcação de uma consulta ou de um exame. Começámos por aí. Vamos dar suporte a esse tipo de interações. Demorámos vários anos, mas conseguimos”, conta o fundador.
Os clientes da Lusíadas Saúde já podem fazer uma marcação apenas desta forma. “Somos o primeiro assistente na área da saúde capaz de fazer marcações para qualquer tipo de consulta médica, a nível mundial“, afiança Rui Lopes. A Alice pede o NIF, pergunta para que unidade de saúde se quer marcar, a especialidade, se é com acordo ou seguro de saúde, diz as vagas disponíveis e finaliza o processo.
“Conseguimos ter uma conversa fluida, já muito próxima de uma conversa com uma pessoa. Este tipo de serviços começa a aparecer, mas normalmente são muito lentos, pouco inteligentes, frustrantes, robóticos e acaba por dar uma má experiência ao cliente. Aqui o objetivo é dar uma boa experiência e que ela esteja disponível 24 sobre 7″, diz o CEO, que define a Alice como “um assistente que realmente funciona”.
Numa demonstração para o ECO, Rui Lopes sobe a fasquia: “Queria saber a morada do hospital do Porto e se posso pagar com MBWay?” A Alice diz o endereço e elenca os modos de pagamento disponíveis. “No mesmo pedido fiz duas questões e o sistema conseguiu identificar as duas questões e responder. É algo que uma Siri [o assistente virtual da Apple] ainda não é capaz de fazer“, afiança.
… e o que vai conseguir fazer
O desenvolvimento mais recente, mas que ainda não foi lançado, coloca a Alice mais perto da visão de Rui Lopes. “Tem a ver com não ser reativa e passar a ser proativa. O tal acompanhamento personalizado, de acordo com o contexto de cada pessoa, com a sua idade, com o seu histórico”, explica.
Ou seja, a assistente virtual contacta proativamente a pessoa, através do canal por ela escolhida, para fazer um simples check-up anual ou um determinado exame para rastreio de doenças mais graves, exemplifica o fundador da AgentiFAI. “É irmos ao médico não quando estamos doentes mas para não ficarmos doentes. É ajudar a desencadear esta forma preventiva de saúde”, afirma.
A saúde não deveria ser tão orientada à doença e ao episódio crítico, mas sim à prevenção. Este tipo de tecnologia pode ser um catalisador para passar para este paradigma de prevenção.
“A saúde não deveria ser tão orientada à doença e ao episódio crítico, mas sim à prevenção. Mas muitas vezes faltam ferramentas para isso. Este tipo de tecnologia permite fazer o acompanhamento de forma automatizada. Se for preciso de repente contactar um milhão de pessoas, a Alice contacta. E esse contacto não é todo igual, pode ser completamente personalizado. Este tipo de tecnologia pode ser um catalisador para passar para este paradigma de prevenção”, considera Rui Lopes.
Se na saúde, a Alice permite fazer marcações de consultas e exames, nos serviços financeiros é possível consultar saldos e fazer várias operações. E estas duas áreas continuarão a ser prioritárias: “Partindo de uma solução diferenciadora a nível mundial tem de haver foco e o nosso foco está, para já, nestas duas áreas e é aí que nos vamos concentrar”.
O CEO não divulga dados financeiros sobre o negócio. Apenas que as receitas cresceram 500% entre final de 2019 e final de 2021. Questionado sobre o interesse de grandes tecnológicas, como a Apple, Google ou Amazon, Rui Lopes dá uma gargalhada e responde “não posso comentar”.
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