Bruxelas pediu concurso público para aprovar fundos para o TGV, diz Governo

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus afirmou no Parlamento que o concurso é uma das peças necessárias para a candidatura aos fundos ser bem-sucedida.

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus garantiu esta terça-feira, no Parlamento, que a primeira candidatura portuguesa aos fundos para o TGV foi chumbada devido à falta das avaliações de impacto ambiental e de um concurso público que permitisse executar as verbas. Condições para a nova candidatura, cujo prazo termina a 31 de janeiro, estão todas reunidas.

“A Comissão disse-nos que o projeto foi bastante bem avaliado, mas não estavam reunidas as condições de maturidade que justificassem que o financiamento fosse logo atribuído”, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus durante o debate pedido pelo PS sobre “Novas ligações ferroviárias”. “Por duas razões: porque não estavam disponíveis as avaliações de impacto ambiental e porque não estava ainda lançado o concurso e não havia ainda capacidade de gastar o dinheiro que seria financiado ao abrigo deste mecanismo”, acrescentou.

Segundo o governante, o executivo europeu considerou, no entanto, o projeto válido e instou Portugal a apresentar nova candidatura. Tiago Antunes afirmou no Parlamento que está tudo pronto para avançar com o processo.

“Neste momento, concluídas as avaliações de impacto ambiental, estando reunida toda a documentação técnica, todo o trabalho preparatório, todas as peças contratuais, cumpridos todos os trâmites legais para lançar o concurso público, verdadeiramente temos todas as condições para beneficiar deste financiamento que nos está alocado“, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus.

A necessidade de um concurso público para aceder às verbas comunitárias foi questionada pelo PSD. Luís Montenegro defendeu na passada sexta-feira que o Governo tem apenas de apresentar a candidatura para não perder os fundos, não sendo necessário lançar o concurso público. Já o primeiro-ministro tem insistido na necessidade do concurso.

O PSD vai, no entanto, votar favoravelmente a resolução do PS para arrancar com o concurso da linha de alta velocidade Porto-Lisboa.

Uma decisão que Tiago Antunes aplaudiu pelo facto de o maior partido da oposição “ter tomado a atitude responsável e viabilizar este concurso para aproveitarmos este financiamento”, disse esta terça-feira na Assembleia da República. Congratulou também os social-democratas por terem “abandonado a atitude lançar grupos de trabalho para estudar o que está mais do que estudado e consensualizado”.

Na resposta, Paulo Rios Oliveira acusou o Governo de ter sido “incompetente” e “não conseguir completar o processo para entregar em Bruxelas”.

O Governo pretende avançar nas próximas semanas com o concurso público internacional para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade, entre Porto e Oiã (Aveiro), uma obra orçada em 1.950 milhões de euros. O concurso é considerado essencial pelo Executivo para Portugal garantir 729 milhões de euros em fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa (MIE) para a primeira fase do projeto, que tem um custo global de 3.550 milhões de euros e inclui também a ligação entre Oiã e Soure.

O concurso para as PPP da linha ferroviária de Alta Velocidade Porto – Lisboa prevê três PPP para diferentes troços da linha. O contrato de concessão terá a duração de três décadas, cinco para a construção e 25 para a gestão operacional, como avançou o ECO.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa saúda “dia histórico” da aprovação do TGV e garante concurso para a semana

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

"É um momento que deve ser aplaudido, porque revela enorme maturidade democrática, e que é particularmente importante para um país onde as obras públicas são obsessivamente discutidas", disse Costa.

O primeiro-ministro assinalou esta terça-feira o “dia histórico” da aprovação, pelos partidos, do lançamento do projeto de alta velocidade ferroviária, anunciando que o concurso público será lançado na próxima semana e saudando a “maturidade democrática” do processo.

“Hoje é um dia histórico para a mobilidade e para o transporte público”, disse António Costa em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), referindo-se à votação favorável, pelo parlamento, de projetos de resolução do PS que recomendam ao Governo que avance com o projeto de alta velocidade ferroviária. António Costa falava nas Caves Ferreira, em Vila Nova de Gaia, onde assistiu à assinatura da consignação da empreitada da Linha Rubi do Metro do Porto ao consórcio FCC, ACA e Contratas y Ventas, por 379,5 milhões de euros.

Acho que é um momento que deve ser aplaudido, porque revela enorme maturidade democrática, e que é particularmente importante para um país onde as obras públicas são obsessivamente discutidas, e obsessivamente adiadas”, considerou. Para o primeiro-ministro, “num momento de grande agitação política, a Assembleia da República ser capaz de uma esmagadora maioria votar a favor e dizer ‘abram lá o concurso’, acho que é muito importante e deve encher, todos os democratas, com muito orgulho”.

“A abertura deste concurso, na próxima semana, garante-nos que podemos aceder a 729 milhões de euros que estão reservados em Bruxelas exclusivamente para esta obra, poupando-nos a ter de concorrer, nos anos seguintes, com todos os outros países”, garantiu o primeiro-ministro. António Costa salientou que o investimento “é estrutural para a descarbonização da mobilidade, para encurtar as distâncias entre as duas áreas metropolitanas, para substituir muitas das viagens que hoje se fazem de avião ou por automóvel”.

O PSD anunciou o voto favorável da resolução do PS para arrancar com o concurso da linha de alta-velocidade Porto-Lisboa porque “nunca será um entrave” ao desenvolvimento, mas remete responsabilidades da solução para o PS. Numa posição escrita enviada à Lusa e assinada pelo vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, considera-se que “o país já perdeu demasiado tempo e esta seria a segunda candidatura falhada por incompetência e impreparação do Governo português, liderado pelo Partido Socialista”.

“Assim, o PSD votará a favor desta proposta, na estrita medida em que ela procura resolver os problemas de tempo e de capacidade do eixo ferroviário Lisboa-Porto. O voto é a favor de Portugal. Quanto ao resto, cada partido que assuma as suas responsabilidades e que não enganem mais os portugueses. Porque o Governo não tem, nem merece, crédito neste assunto”, critica o dirigente do PSD.

Em causa está o lançamento do concurso para o troço Porto – Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro) da linha de alta velocidade Porto – Lisboa, que ligará as duas cidades numa hora e quinze minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Exportações de componentes para automóveis sobem 15% até novembro

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

Novembro foi o 19.º mês consecutivo em que se verificou uma subida. Espanha mantém-se como o principal destino dos componentes automóveis fabricados em Portugal.

As exportações de componentes para automóveis subiram 15,2% até novembro, face ao mesmo período de 2022, ultrapassando os 11.700 milhões de euros, anunciou a AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.

“No acumulado até novembro, as exportações de componentes para automóveis ultrapassaram os 11.700 milhões de euros, representando um acréscimo de 15,2% face ao mesmo período de 2022”, indicou, em comunicado, a AFIA. Já para 2023 a associação espera um crescimento de 14%.

Só em novembro, as exportações ficaram em 1.217 milhões de euros, um ganho de 11% relativamente ao mesmo mês do ano anterior. Este foi o 19.º mês consecutivo em que se verificou uma subida. Entre janeiro e novembro, a Europa representou 89,4% das compras realizadas, um ganho de 17,4% face a 2022.

Espanha mantém-se como o principal destino dos componentes automóveis fabricados em Portugal, ao representar 27,8% das exportações. Segue-se a Alemanha (22,5%) e França (10,6%).

“Destaca-se o crescimento superior a 40% da variação relativa a 2022 em três mercados do top 15, sendo eles, por ordem de lugar que ocupam neste top, Suécia, no 12.º lugar com uma variação superior a 60,8%, Marrocos, no 13.º lugar, com um crescimento de 40,7% em relação ao ano anterior, e Áustria, que ocupa o último lugar do top 15 com uma variação relativa de 46,6%”, apontou.

Os cálculos da AFIA baseiam-se nas Estatísticas do Comércio Internacional de Bens do Instituto Nacional de Estatística. Segundo os dados da associação, a indústria de componentes para automóveis em Portugal tem cerca de 350 empresas e faturou 13.000 milhões de euros em 2022, com uma quota de exportação de mais de 83%. No total, esta indústria emprega diretamente 63.000 pessoas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Esposende vai ter instituto para estudar, preservar e aproveitar o mar

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

O instituto MarUMinho pretende ajudar a compreender e a preservar o oceano e a aproveitar a biodiversidade marinha, num investimento de cerca de 12 milhões de euros.

A antiga estação radionaval da Apúlia, em Esposende, vai ser transformada em Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, num investimento que deverá rondar os 12 milhões de euros.

Trata-se do MarUMinho, um instituto que pretende ajudar a compreender e a preservar o oceano e a aproveitar a biodiversidade marinha, e que nascerá ao abrigo de um protocolo de cooperação assinado em 2015, entre a Universidade do Minho e a Câmara de Esposende.

A ideia é que aquela infraestrutura permita a consolidação de iniciativas de investigação na área de valorização dos recursos marinhos da região Litoral Norte, destinadas a avaliar, de uma forma integrada, o potencial da aplicação desses recursos em diversos setores. O MarUMinho permitirá ainda a criação de um serviço de observação do litoral do Noroeste Português, focado na avaliação dos impactos das alterações climáticas sobre a hidrodinâmica e morfodinâmica costeiras.

Presente na sessão de apresentação do projeto, que hoje teve lugar em Esposende, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, prometeu “todo o apoio” para a implementação do MarUMinho, sublinhando a importância fulcral de Portugal ser um país “de referência” na área das tecnologias marinhas.

“Sempre que o país se virou para o mar prosperou, e sempre que virou as costas ao mar definhou”, referiu Costa Silva. Antes, o presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, tinha pedido “ajuda” ao ministro para encontrar fontes de financiamento que permitam a concretização do MarUMinho.

“Estamos preparados para lançar o concurso público muito rapidamente”, referiu. O autarca acrescentou que o projeto vai também ajudar a recuperar a antiga estação radionaval da Apúlia, que era património do Estado mas que em 2018 foi adquirida pelo município, por 936 mil euros.

“Estava tudo abandonado, completamente vandalizado, tinham roubado tudo o que lá havia”, sublinhou Benjamim Pereira. O reitor da Universidade do Minho (UMinho), Rui Vieira de Castro, destacou o caráter multidisciplinar do equipamento a construir, que vai envolver oito dos 30 centros de investigação da UMinho.

O cerne da atividade vai ser a investigação, mas haverá também oferta de natureza pedagógica, com cursos conferentes e não conferentes de grau, e ainda uma componente para promover uma interação com a comunidade e novos negócios”, acrescentou. O projeto visa a reabilitação dos antigos edifícios da estação, como a cantina, que terá espaço para 200 pessoas, e as habitações, que poderão alojar cerca de três dezenas de estudantes e investigadores.

Será também reabilitada uma piscina, que pode ser utilizada para testes de equipamentos. No local, vão ainda nascer dois edifícios, um deles equipado com novos laboratórios e o outro destinado a empresas, spinoffs e startups ligadas à economia azul, indústria alimentar, energias renováveis, cosmética e farmacêutica, mas também aos têxteis ou design de produtos.

O MarUMinho irá acolher o Centro de Ciências da Terra (CCT), o Grupo de Investigação em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos (3Bs), o Centro de Investigação em Microssistemas Eletromecânicos (CMEMS), o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e o Centro de Engenharia Biológica (CEB).

O Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia (ISISE), o Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC), o Centro de Território, Ambiente e Construção (C-TAC) e ainda o Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais (NIPE) também passarão a sua casa naquele novo equipamento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dos robôs aos impostos, que novas fontes podem financiar a Segurança Social?

PS quer discutir reforma das fontes de financiamento da Segurança Social, frisando que a economia está em "profunda transformação". Especialistas admitem que robôs poderão contribuir para o sistema.

A sustentabilidade da Segurança Social está de volta à ribalta. Desta vez, foi Pedro Nuno Santos a invocar o tema, ao ter defendido, no congresso do PS, a reforma das fontes de financiamento desse sistema, já que há empresas “altamente lucrativas” com “poucos trabalhadores” que contribuem menos do que as demais. A ideia de taxar de forma diferente as empresas tecnológicas não é nova e divide os especialistas. Se por um lado há quem argumente que tal levará a esforço “mais equitativo” entre os empregadores, por outro há quem alerte que isso poderá afastar do país empresas com alto valor, o que seria negativo para a economia como um todo.

No congresso que decorreu este fim de semana, o recém-eleito secretário-geral do PS aproveitou para assinalar que hoje a Segurança Social é financiada, sobretudo, por contribuições sociais, “que dependem do nível do emprego”.

“No entanto, a economia está em profunda transformação“, assinalou Pedro Nuno Santos, referindo-se à automatização, robotização e inteligência artificial. “Têm enorme potencial para aumentar a produtividade, mas trazem desafios”, admitiu o socialista.

Um deles, notou o político, é que há “muitos setores altamente lucrativos, mas com poucos trabalhadores” que deixam de contribuir para o sistema de Segurança Social “tanto quanto poderiam e deveriam”.

Pretendemos colocar à discussão e concretizar uma reforma das fontes de financiamento do sistema de segurança social, para que a sustentabilidade futura deste não dependa apenas das contribuições pagas sobre o trabalho.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

“Por isso, pretendemos colocar à discussão e concretizar uma reforma das fontes de financiamento do sistema da Segurança Social“, prometeu o secretário-geral do PS, de olhos postos na ida às urnas de 10 de março.

O objetivo, assegurou, é que a sustentabilidade futura da Segurança Social não dependa apenas das contribuições pagas sobre o trabalho. “Não pode ser apenas o fator trabalho a contribuir para a Segurança Social“, pode ler-se na moção de Pedro Nuno Santos.

A ideia de taxar de forma diferente as empresas de base tecnológica que têm muito valor, mas menos trabalhadores do que os demais empregadores não é nova. Ainda em outubro de 2022, um estudo coordenado pelo professor universitário e ex-ministro do Trabalho Paulo Pedroso defendia que os robôs devem também contribuir para a Segurança Social, diversificando-se, assim, as fontes de financiamento desse sistema.

Em conversa com o ECO, o ex-governante explica que a Segurança Social “nasceu numa altura em que todas as empresas eram intensivas em trabalho“, mas o cenário atual é outro, sendo necessário “recalibrar” o sistema.

“Há uma profunda diferença na estrutura empresarial [face à do século XIX]”, sublinha o especialista, detalhando que as empresas intensivas em tecnologia têm hoje uma “contribuição pouco equitativa” para a Segurança Social.

É que, mesmo pagando salários tradicionalmente mais expressivos, têm menos trabalhadores, ou seja, contribuem menos para o sistema. Daí que Paulo Pedroso concorde com Pedro Nuno Santos quanto à necessidade de estudar fontes alternativas, tendo em consideração também o impacto que a tecnologia tem tido (e vai ter) no mercado de trabalho.

O mundo de hoje não é o mesmo do século XIX. É preciso ir para além do fator trabalho no financiamento da Segurança Social.

Paulo Pedroso

Ex-ministro do Trabalho

“Não nos podemos precipitar sem um estudo aprofundado”, avisa, ainda assim, o professor. No passado, chegou a ser sugerido uma nova taxa sobre o valor acrescentado bruto das empresas tecnológicas, mas Paulo Pedroso entende que esse é apenas um dos caminhos. Outro (o que entende ser mais adequado) seria a criação de uma contribuição “sobre os robôs, sobre a comunicação entre as máquinas”.

Confuso? Imaginemos que passa por uma portagem e o valor a pagar é automaticamente debitado na sua conta bancária. Há duas máquinas a comunicar entre si. “É o equivalente a trabalho”, salienta o ex-ministro. E é isso que pode ser taxado, afirma.

Mas a ideia de pôr a tecnologia a contribuir para a Segurança Social está longe de ser consensual. O economista e professor Jorge Brav atira, em declarações ao ECO, que o que está em causa é um “aumento da carga fiscal dos portugueses“. “É uma forma habilidosa de iludir os cidadãos, tentando colocar um caráter mais bonzinho nalguns impostos“, acusa o especialista.

Especificamente no que concerne a transformação tecnológica, Jorge Bravo defende que essa discussão “carece de fundamento“, uma vez que o emprego não tem recuado, mantendo-se, neste momento, em níveis próximos de máximos.

“É uma ideia que vem do PCP e do Bloco de Esquerda, essa de usar o valor acrescentado bruto em vez dos salários”, sublinha o economista, acusando, assim, Pedro Nuno Santos de se aproximar da esquerda.

Criar um novo imposto sobre valor acrescentado é estar a destruir a criação dessas empresas.

Jorge Bravo

Professor universitário

Para Jorge Bravo, avançar com uma nova taxa nesse sentido seria sinónimo de correr o risco de afastar certas empresas do país e “destruir a sua criação”, o que seria negativo para a economia. Além disso, frisa que as máquinas não pedem reforma, subsídio por doença ou proteção no desemprego, logo “não é por aí que o sistema tem um défice“.

Na visão deste especialista, a solução não é, portanto, criar novos tributos, mas, primeiro, resolver a origem os défices crónicos da Segurança Social. “É um sistema que não tem estabilizadores automáticos, que não incentiva a declaração contributiva“, enumera. “O sistema, de forma ruinosa, acumula dívida, ano após ano”, analisa.

Assim, só depois de cumprido esse exame, é que o país estará em condições de discutir o financiamento, diz o professor. E nessa altura o caminho adequado seriam as transferências do Orçamento do Estado. Ou seja, em vez de se criar uma taxa especificamente para financiar a Segurança Social, usar-se-ia o “bolo” dos vários impostos, evitando-se distorções no mercado.

“Se é preciso transferir todos os anos, a melhor solução é usar as transferências do Orçamento do Estado, porque aí estão presentes todos os impostos, não apenas sobre o trabalho. As alternativas são apenas impostos, que vão acabar nos consumidores finais. A contribuição sobre a banca, por exemplo, levou a um aumento das comissões“, realça Jorge Bravo.

De notar que o debate em torno do financiamento da Segurança Social não é de hoje. Ainda no verão de 2022 o Governo criou uma comissão de especialistas para analisar esta questão. O relatório deveria ter sido conhecido em junho do ano passado, mas foi adiado para janeiro deste ano e, entretanto, os especialistas pediram que só seja conhecido depois das eleições de março.

Ao ECO, Armindo da Silva, ex-diretor na Comissão Europeia na área de emprego e proteção social e membro dessa comissão criada pelo Governo, avança que o trabalho tem prosseguido, mas ainda não foi possível fazer um “diagnóstico completo e dar recomendações“.

O livro verde deverá ser lançado até ao fim de março, sinaliza, revelando, ainda assim, que a necessidade de diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social existe mesmo e tem de ser endereçada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dassault Aviation Business Services instala unidade em Castelo Branco

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

A estação está instalada no hangar do AeroClube de Castelo Branco e “tem como principal objetivo a manutenção de aeronaves produzidas pela própria Dassault e, potencialmente, pela Bombardier”.

A empresa suíça de manutenção de aeronaves Dassault Aviation Business Services (DABS) vai inaugurar, na sexta-feira, uma unidade de manutenção no Aeródromo Municipal de Castelo Branco.

Em comunicado enviado esta terça-feira à agência Lusa, a DABS refere que o arranque imediato da atividade contará, em 2024, com três projetos de manutenção de base, com uma duração média de quatro meses cada e que envolverão, em média, sete trabalhadores, gerando um volume de negócio que ascende aos 2,7 milhões de euros.

A estação de manutenção de base da Dassault está instalada no hangar do AeroClube de Castelo Branco e “tem como principal objetivo a manutenção de aeronaves produzidas pela própria Dassault e, potencialmente, pela Bombardier”.

Segundo a DABS, na escolha de Castelo Branco para a instalação desta nova unidade “tiveram peso a localização estratégica do aeródromo, mas também as vantagens que se podem retirar das infraestruturas disponíveis neste espaço”, além de trabalhar com melhores condições, “evitando o congestionamento da área metropolitana de Lisboa e as restrições nos aeroportos de Lisboa e Cascais”.

A empresa realça ainda como vantagem o facto de o hangar onde fica instalada a unidade de manutenção estar já em perfeitas condições de funcionamento. “Este é mais um importante passo da DABS no investimento que tem vindo a fazer em Portugal desde 2015”, ano em que entrou no mercado nacional, sintetiza.

O centro operacional de Castelo Branco passa a integrar uma rede que conta com várias estações de manutenção de linha espalhadas pelo mundo, como é o caso de Basileia (Suíça), Clemont-Ferrand (França), Djibouti, Luanda (Angola), Lugano (Suíça) Paris Le-Bourget (França), Cascais-Lisboa (Portugal) e Londres Luton e Londres Farnborough (ambas no Reino Unido).

A DABS, sediada na Suíça, é uma importante componente da empresa Dassault Aviation SA, fabricante francesa de aviões civis e militares, fundada em 1929. Anteriormente denominada como TAG Maintenance Services, este fornecedor de serviços de manutenção, reparação e operações foi adquirido pela Dassault Aviation em 2019.

Atualmente, a DABS conta com cerca de 500 profissionais que dão resposta às necessidades de um grupo diversificado de operadores que operam aeronaves de vários fabricantes mundiais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Toyota Caetano investe 10 milhões para fabricar em Ovar veículo para Jogos de Paris

Produção do 12º modelo da fábrica da Toyota em Ovar arranca em fevereiro e representa investimento de dez milhões. "Carro com novas tecnologias e princípios vai permitir outros projetos" em Portugal.

António Costa conduziu o protótipo do modelo elétrico “Acessible People Mover” (APM), que vai ser fabricado pela Toyota Caetano em Ovar, no distrito de AveiroESTELA SILVA/LUSA 9 janeiro, 2024

A produção do novo veículo elétrico da Toyota em Ovar, concebido de propósito para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris no verão de 2024, vai arrancar durante o mês de fevereiro e representa um investimento de dez milhões de euros na unidade que emprega cerca de 250 pessoas, segundo os dados avançados por José Ramos, presidente da Toyota Caetano Portugal.

No âmbito de um projeto inserido no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), a fábrica portuguesa vai produzir 250 unidades do novo “Acessible People Mover” (APM), um veículo elétrico a bateria com velocidade máxima de 20 km/h e autonomia até aos 100 quilómetros, projetado para serviços de “quilómetro final” e para transportar pessoas com necessidades especiais de acessibilidade.

É um carro fabricado em Portugal, com novas tecnologias e novos princípios, e que vai permitir que tenhamos outros projetos.

José Ramos

Presidente da Toyota Caetano Portugal

Na prática, este é o 12.º modelo da unidade industrial inaugurada em 1971 no distrito de Aveiro e que foi a primeira fábrica da marca japonesa na Europa. Esta terça-feira, durante a apresentação do protótipo em que participou o primeiro-ministro, José Ramos assinalou este “importante marco”, sublinhando que “este projeto tem um alcance muito maior”, sendo “completamente diferente de montar só um carro”.

“É um carro fabricado em Portugal, com novas tecnologias e novos princípios, e que vai permitir que tenhamos outros projetos. Com a nossa teimosia – e a ajuda do Governo e da Comissão Europeia –, vamos ter hipóteses de continuar a desenvolver a fábrica e ter novos modelos”, destacou o líder da Toyota Caetano Portugal, que em 2022 faturou 480,2 milhões de euros e obteve lucros consolidados de 14,8 milhões.

De acordo com a informação avançada pela Toyota, os 250 APM vão transportar de atletas, organizadores, funcionários e visitantes nas competições desportivas dos Jogos de Paris, assim como noutros locais oficiais, como a aldeia olímpica. Além dessa função, com destaque para os utentes de cadeiras de rodas (inclui uma rampa para o embarque, piso plano e várias opções de configuração dos bancos), apoiará a deslocação de pequenos produtos e na assistência de emergência.

Frisando que este que será o veículo oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos “vai ser uma imagem de marca para a Toyota” e é “um grande sinal de confiança que [o grupo] tem naquilo que é a sua fábrica em Ovar”, o primeiro-ministro, António Costa, disse esperar que este “seja um primeiro passo para que em Ovar venha a ser local de produção em grande escala deste veículo para toda a Europa”.

Salário mínimo sobe para 900 euros na fábrica de Ovar

Recuando à fundação da fábrica, José Ramos considerou que a empresa portuguesa “retribuiu com empenho, inovação e qualidade” à confiança que o grupo nipónico nessa altura depositou na indústria nacional. O gestor disse ter “muito orgulho” nos 11 modelos da marca que já foram fabricados em Ovar e recordou os “muitos problemas que [conseguiu] resolver” neste período. Como as 25 horas em que esteve sequestrado na fábrica em 1975, depois da revolução, que diz ter superado sem “rancor” nem “caça às bruxas”.

Já a “falta de pessoal” é um problema que já se fazia sentido no início da década de 1980, na sequência do desaparecimento das escolas industriais, e com o qual diz que continua a ter de lidar atualmente. Foi nessa altura que o grupo criou um centro de formação técnico – “já tínhamos falta de talentos e criamo-los” – que atualmente está a formar “cerca de 400 pessoas” e que diz ser “importante porque nascem com a cultura Caetano”.

Competências e produtividade são duas palavras que se ouvem muito poucas vezes neste país. Só se fala em aumento de salários, mas é preciso as empresas criarem riqueza para poderem distribuir.

José Ramos

Presidente da Toyota Caetano Portugal

José Ramos aproveitou para anunciar o aumento do salário mínimo na fábrica de Ovar dos atuais 830 para 900 euros, a que acrescem 9,6 euros de subsídio de refeição e um prémio de produtividade pelos objetivos que atinjam ao longo do ano.

“Nesta casa não falamos em aumentos salariais, concretizamos aumentos salariais, mas falamos em competências e em produtividade. Duas palavras que se ouvem muito poucas vezes neste país. Só se fala em aumento de salários, mas é preciso as empresas criarem riqueza para poderem distribuir”, reclamou.

O empresário nortenho garantiu ainda o compromisso do grupo com a descarbonização, que “não é uma moda nem um luxo, mas uma necessidade”, dando o exemplo de investimentos que estão em curso com a instalação de painéis fotovoltaicos, numa nova unidade de armazenamento de energia excedentária ou na alteração das estufas e das cabines de pintura, que funcionam a gás.

Por outro lado, lamentou os projetos de hidrogénio que em Portugal “nunca mais saem do papel”, notando que “é uma necessidade para as unidades pesadas, comerciais, empilhadores e fábricas”. Na resposta, o ainda primeiro-ministro criticou as “angústias e a hesitação” na exploração de lítio em Portugal, avisando o sucessor que não deve ter “medo de avançar” na mineração, na refinação e no fabrico de bateria de lítio.

(Notícia atualizada às 17h30 com novas informações e mudança no título)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Água de Monchique dá prémio extraordinário a 86 trabalhadores para “reconhecer esforço”

Num ano marcado pelo aumento do custo de vida, a Água de Monchique decidiu atribuir um prémio extraordinário aos seus 86 trabalhadores. Empresa avança que investimento ultrapassa 100 mil euros.

Depois de um ano “particularmente desafiante“, a Água de Monchique decidiu dar um prémio extraordinário aos seus 86 trabalhadores, de modo a reconhecer o esforço. Em causa está um investimento de mais de 100 mil euros, o equivalente a mais de mil euros por trabalhador.

“Com o intuito de reconhecer o esforço e o empenho de todos os 86 colaboradores num ano particularmente desafiante, a Sociedade da Água de Monchique distribuiu, no final de 2023, um prémio extraordinário que representou um investimento de mais de 100 mil euros”, informou esta terça-feira a empresa, numa nota enviada às redações.

Este prémio enquadra-se na política de sustentabilidade social da Água de Monchique, que, segundo a empresa, tem como foco o bem-estar dos trabalhadores.

Além deste prémio adicional, já estão pensados, neste âmbito, vários outros benefícios, como o pagamento de 16 ordenados anuais e a atribuição de seguro de saúde.

“Conhecemos a realidade familiar de cada um dos nossos colaboradores. Sabemos do impacto que o aumento do custo de vida teve no orçamento familiar. Reconhecemos a enorme dedicação que todos tiveram para com a empresa em 2023 e premiamos“, sublinha o CEO Vítor Hugo Gonçalves.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Direção-Executiva do SNS estuda medidas de contingência para resolver receção de doentes

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

Além da disponibilidade de macas nas instituições, está em cima da mesa "acima de tudo a gestão dos espaços nos serviços de urgência", bem como os fluxos para o internamento.

A Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) avançou esta terça-feira que está a estudar medidas de contingência que permitam, mesmo em picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, problemas que vão além da disponibilidade de macas.

A DE-SNS encontra-se a trabalhar ativamente com as Unidades Locais de Saúde (ULS), no sentido de elaborar medidas de contingência que permitam, mesmo na altura de picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, de modo a libertar os meios do INEM e das corporações de bombeiros, para que possam dar resposta a outras ocorrências”, lê-se em comunicado.

A estrutura liderada por Fernando Araújo acrescenta que além da disponibilidade de macas nas instituições, está em cima da mesa “acima de tudo a gestão dos espaços nos serviços de urgência”, bem como os fluxos para o internamento, recursos humanos em número adequado e modelos de funcionamento que “garantam resposta em tempo útil, mesmo em situações de maior exigência e complexidade”.

“A abertura e compromisso dos parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica, na procura de soluções que sirvam as pessoas, será seguramente um garante para que os resultados que pretendemos obter, em conjunto, com planeamento, organização e estratégia, envolvendo todos, sejam efetivos e defendam o Serviço Nacional de Saúde”, termina a nota. Este comunicado surge após uma reunião que ocorreu de manhã, no Porto, com a Liga Portuguesa o Bombeiros (LPB).

Na sequência dessa reunião, os bombeiros adiaram a cobrança de taxas aos hospitais pela retenção das macas nas urgências após ter sido marcada uma nova reunião para dia 18, que incluirá o INEM. Esta medida tinha sido aprovada na segunda-feira, numa reunião do Conselho Executivo da LPB realizada em Gouveia, no distrito da Guarda, e entraria em vigor na quarta-feira.

“Somos pessoas de bem e queremos o diálogo e não fazia sentido que continuássemos a insistir numa situação antes da [nova] reunião [de dia 18 que inclui o INEM]”, disse o presidente da LBP, António Nunes. Já de acordo com a nota da DE-SNS “as partes comprometem-se a estudar propostas de melhoria do sistema”, uma ideia que vai ao encontro das declarações do presidente da LPB que, à saída da reunião, avançou aos jornalistas que enviará “cinco ou seis propostas concretas” com vista à resolução de problemas atuais.

“Esperamos entregar até ao final da semana as propostas. Algumas poderão ter de provocar alguma alteração de algum despacho ou portaria”, disse António Nunes sem dar detalhes sobre que alterações poderão ser essas. Antes, António Nunes deu vários exemplos de situações complicadas de retenção de macas e ambulâncias.

“Nos últimos 15 dias houve situações em que ambulâncias dos bombeiros ficaram 22 horas à porta de um hospital”, disse o presidente, referindo-se a um caso que aconteceu em Coimbra. António Nunes também contou que “numa tarde da semana passada, uma corporação da região de Lisboa ficou com sete ambulâncias retidas à porta do hospital”, uma situação que aconteceu no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).

Além das regiões do Porto, Lisboa e Coimbra, segundo o presidente da LPB, inspiram preocupação situações em Setúbal e Santarém. Na segunda-feira, em Cantanhede, no distrito de Coimbra, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou incompreensível que os hospitais não encontrem um sistema para evitar a retenção de macas dos bombeiros.

“O que eu acho que é mesmo incompreensível é que nós não sejamos capazes, em todos os hospitais, de organizar um sistema que evite que os bombeiros tenham de ficar à espera para que as suas macas sejam disponibilizadas. É isso que eu espero verdadeiramente seja resolvido”, disse o ministro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Partidos trocam acusações sobre atraso de 30 anos na Alta Velocidade

Partidos votaram favoravelmente resolução do PS sobre a Alta Velocidade, mas responsabilizam o Governo pelo atraso. Pedro Nuno Santos também foi visado.

PS apontou no Parlamento os “30 anos de atraso em relação em Espanha para decidir a Alta Velocidade”, apelando ao avanço do concurso para a linha de TGV entre o Porto e Lisboa. PSD e Chega responsabilizam o Governo pela demora e indecisão. Socialistas dizem que foram Durão Barroso e Passos Coelho que meteram o projeto no lixo.

São 30 anos de atraso em relação em Espanha para decidir a Alta Velocidade ou mais de 50 anos para decidir o novo aeroporto de Lisboa. Continuamos sem avançar fruto de uma cultura política, especialmente da nossa direita, onde decidir é um problema, certamente na esperança que o mercado resolva tudo”, afirmou Hugo Costa, deputado do PS, abrindo as hostilidades no debate pedido pelo partido do Governo sobre “Novas ligações ferroviárias”.

“Ao fim de oito anos de Governo, o PS não quer falar do passado, não quer falar do presente, só quer falar do futuro, numa reencarnação do agora é que vai ser. O PS vem ao Parlamento pedir aos grupos parlamentares que ajudem a PS a instar o Governo a governar“, afirmou Paulo Rios Oliveira, do PSD, referindo-se à resolução apresentada pelo PS que recomenda “o desenvolvimento das diligências conducentes ao início do concurso da Linha de Alta-Velocidade Porto-Lisboa”.

Uma resolução que os social-democratas vão votar favoravelmente, mas não sem críticas apontadas ao lançamento, “à última hora”, do concurso público para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade, entre Porto e Oiã (Aveiro), que o Governo entende ser essencial para o sucesso da candidatura aos fundos europeus. “Não será isto a forma mais confessada de dizer que não trabalharam, foram incompetentes e não fizeram o trabalho de casa?”, questionou Paulo Rios Oliveira. “Votaremos a favor de Portugal e não do PS, porque não conhecemos e não acompanhamos as peças técnicas e do concurso”, acrescentou.

“Nesses 30 anos quantos governou o PS?”, começou por perguntar Filipe Melo. O deputado do Chega mostrou uma capa do jornal Público de 1999 com a notícia de que o TGV iria ligar o Porto a Lisboa em 1h15 em 2015. Era António Guterres primeiro-ministro. “Seguiu-se José Sócrates, depois António Costa, com um intervalo pelo meio do PSD. “Foram vários anos de Governos socialistas. A responsabilidade é inteiramente do Partido Socialista”, acusou.

Hugo Costa atirou responsabilidades para os governos do PSD: “António Guterres apresentou o projeto do TGV, o Dr. Durão Barroso enviou para o caixote do lixo. José Sócrates apresentou o projeto do TGV, o Dr. Passos Coelho enviou para o caixote do lixo“.

Bruno Dias, do PCP, disparou aos dois partidos. “O PS e PSD são cúmplices na destruição da ferrovia em Portugal”, disse, acrescentando que “não é por falta de apoio parlamentar que esta e outras infraestruturas vão derrapando no tempo coma a sua decisão sempre discutida a véspera das eleições e depois adiada”.

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, partido que também irá votar favoravelmente a resolução do PS, também sublinhou o atraso face ao resto da Europa e atirou aos dois maiores partidos. “É caso para dizer que ao longo das últimas décadas o PS arrastou os pés, também nesta matéria. Entre um PS que arrasta os pés e um PSD que hesita, a IL avança para este projeto com confiança“, afirmou o deputado.

O Governo pretende avançar nas próximas semanas com o concurso público internacional para o primeiro troço da linha de Alta Velocidade, entre Porto e Oiã (Aveiro), uma obra orçada em 1.950 milhões de euros. O concurso é considerado essencial pelo Executivo para Portugal garantir 729 milhões de euros em fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa (MIE) para a primeira fase do projeto, que tem um custo global de 3.550 milhões de euros e inclui também a ligação entre Oiã e Soure.

O concurso para as PPP da linha ferroviária de Alta Velocidade Porto – Lisboa prevê três PPP para diferentes troços da linha. O contrato de concessão terá a duração de três décadas, cinco para a construção e 25 para a gestão operacional, como avançou o ECO.

Pedro Nuno Santos visado pela direita

Pedro Nuno Santos, que esteve na bancada do PS, também foi visado no debate pela direita. “O PS não quer nem pode falar de saúde, de educação, de justiça, de pobreza, de serviços públicos. O PS quer ao menos falar de Pedro Nuno Santos. O problema do ex-ministro e futuro deputado é que ele tem um passado que o persegue. Onde ele toca estraga”, afirmou Paulo Rios Oliveira.

O deputado do PSD apontou como exemplos a crise na habitação, o despacho para o novo aeroporto revogado pelo primeiro-ministro e a sua demissão na sequência do caso da indemnização paga a Alexandra Reis, antiga administradora executiva da TAP . “Não serviu para ministro, mas querem que sirva para primeiro-ministro”, atirou. Também o Chega lembrou o pedido de desculpas “embaraçado” de Pedro Nuno Santos no despacho do novo aeroporto.

Coube a José Carlos Barbosa, do PS, fazer a defesa do novo secretário-geral do partido: “Aquilo que sabemos hoje é que se já ministro que no pós-25 de abril apostou na ferrovia foi Pedro Nuno Santos“.

Segundo a Lusa, a resolução do PS que recomenda “o desenvolvimento das diligências conducentes ao início do concurso da Linha de Alta-Velocidade Porto-Lisboa” até ao dia 30 de janeiro foi aprovada por todas as bancadas, com a exceção do Chega, que se absteve.

(notícia atualizada às 19h00 com resultado da votação da resolução do PS)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sindicato de Jornalistas apela à participação na greve de dia 10

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2024

O sindicato apelou à participação de todos os jornalistas no protesto, em solidariedade com a Global Media, entre as 14:00 e as 15:00 desta quarta-feira.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) apelou esta terça-feira à participação no protesto do Global Media Group (GMG), que cumpre na quarta-feira um dia de greve, e lembrou que o setor vive um dos momentos mais difíceis dos últimos anos.

“Para que a sociedade civil, o poder político e as empresas de media nunca se esqueçam que sem jornalistas com condições dignas de trabalho não há liberdade de imprensa, o Sindicato dos Jornalistas apela a todos para que se juntem ao protesto da Global Media Group, que cumpre um dia de greve pela defesa dos postos de trabalho, do salário em dívida e do jornalismo“, lê-se num comunicado do SJ.

A estrutura sindical notou que o setor dos media vive “um dos momentos mais difíceis dos últimos anos“, destacando o exemplo da Global Media como o mais “premente e urgente”.

Em causa, de acordo com o sindicato, estão os despedimentos coletivos, incumprimento de leis, “tentativas de silenciar o pluralismo, a descredibilização e a secundarização da informação fidedigna e credível”.

As redações do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e Diário de Notícias, detidas pelo Global Media Group (GMG), aprovaram a realização de uma greve a 10 de janeiro. A decisão surgiu depois da administração do grupo comunicar que não sabia quando seria possível pagar os ordenados de dezembro – que continuam, à data, por pagar – referindo que a situação financeira do grupo é “extremamente grave”. O subsídio de Natal também já estavam

O sindicato apelou à participação de todos os jornalistas no protesto, em solidariedade com a Global Media, entre as 14:00 e as 15:00.

Também esta terça-feira, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, garantiu no parlamento, que a Segurança Social está preparada para acionar o fundo de garantia salarial para os trabalhadores do grupo Global Media, caso as empresas recorram ao mecanismo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Centeno diz que demora 45 anos a renovar mercado de trabalho. Portugal está a meio desta revolução silenciosa

O governador do Banco de Portugal lamentou o facto do país ter perdido o século da educação, lembrando o efeito de alavancagem que a educação tem na economia.

Ter uma sociedade qualificada tem um efeito de alavancagem na economia inqualificável, argumenta Mário Centeno. O governador do Banco de Portugal lamenta o facto de Portugal se ter atrasado nesta revolução silenciosa, adiantando que a renovação do mercado de trabalho demora 45 anos, um processo no qual a economia portuguesa está sensivelmente a meio.

“A infelicidade de Portugal foi ter perdido o século da educação”, lamentou Centeno, na entrega do “Prémio Professor Jacinto Nunes 2022/2023”, uma cerimónia onde o Banco de Portugal distingue os 10 melhores alunos na licenciatura em economia, um prémio atribuído pela primeira vez no Porto.

O governador do Banco de Portugal reforçou a importância da educação e de criar gerações com maiores níveis de educação que as anteriores, lembrando que o país chegou ao final do século nos últimos lugares do ranking da OCDE em termos de qualificações. Uma tendência que inverteu nos últimos 20 anos, com Portugal a formar 71 mil novos por ano, entre 2011 e 2022.

“85% dos nossos jovens saem para mercado de trabalho com pelo menos secundário e mais de metade com licenciatura. É uma realidade completamente diferente”, reconheceu, acrescentando que, “nos últimos cinco anos, o crescimento do emprego nos setores que pagam acima do salário médio nacional cresceu 44%“. “Estamos a oferecer à economia níveis de qualificações ímpares”, reforçou, argumentando, porém, que “leva tempo a que economia, o mercado de trabalho absorva todos estes talentos“.

Demora 45 anos em renovar todo o mercado de trabalho. Vamos mais ou menos a meio desta revolução silenciosa. Se pararmos a meio não vamos tirar benefícios desta revolução“, conclui.

O maior nível de qualificação tem influência direta nos salários e no nível de bem-estar das pessoas e da sociedade como um todo. “Sem educação não conseguimos aumentar a produtividade e sem produtividade não há bem-estar económico“, defendeu o governador do Banco de Portugal, na mesma cerimónia.

“Este é um investimento que trará futuro a eles (alunos) e a Portugal. A educação tem efeito de alavancagem na nossa sociedade que é insubstituível”, rematou o governador do Banco de Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.