Recorde de inscrições na formação profissional

  • Servimedia
  • 12 Março 2025

O ensino e a formação profissionais (EFP) estão a registar um crescimento sem precedentes em Espanha, com um aumento significativo das inscrições nos últimos anos.

Esta tendência ascendente é observada tanto em instituições públicas como privadas, consolidando-se como uma opção de formação de qualidade que prepara os jovens para um acesso direto e eficiente ao mercado de trabalho.

O “Relatório sobre as Perceções dos Jovens sobre a Formação Profissional em Espanha” do Centro Rainha Sofia da Fad Juventud reflete esta mudança cultural no sentido de uma melhor valorização da EFP, evidenciada pelo crescimento de 59,9% das inscrições no Ensino Superior, de 353 920 no ano letivo de 2015-2016 para 565 851 em 2022-2023.

Este aumento responde a um esforço ativo para reforçar o prestígio e o valor educativo da formação profissional, destacando a sua qualidade e o vasto leque de oportunidades de empregabilidade que oferece. Neste sentido, a escola de formação audiovisual The Core, que pertence à rede de ensino Planeta Formación y Universidades, reforçou a sua oferta de EFP com programas em áreas como o Desenvolvimento de Aplicações Multiplataforma, Produção de Projetos e Espetáculos Audiovisuais, Animações 3D, Jogos e Ambientes Interativos, e Marketing e Publicidade.

Salienta que estes cursos de nível superior oferecem uma abordagem prática e uma ligação direta à realidade do setor, “fornecendo aos estudantes as ferramentas necessárias para se tornarem profissionais qualificados e preparados para enfrentar os desafios do futuro”. O diretor do Centro de Formação Profissional The Core, Serafín Barros, afirmou que “o EFP é uma grande oportunidade para todos aqueles que procuram uma formação prática, próxima da realidade do mercado de trabalho e com uma abordagem muito focada no desenvolvimento de competências úteis para o dia a dia profissional”.

Ele garante que a escola, localizada em Madrid Content City, o maior centro de produção audiovisual da Europa, forma novas gerações de profissionais “com um modelo pedagógico inovador e orientado para a empregabilidade”. Em suma, a ascensão da formação profissional em Espanha reflete não só uma mudança na educação, mas também na perceção social desta via de formação. De opção secundária, a formação profissional evoluiu para se tornar um motor de integração e de oportunidades, demonstrando que cada vez mais jovens escolhem percursos educativos que lhes permitem desenvolver competências práticas e aceder com êxito ao mercado de trabalho. O Core está alinhado com esta transformação, oferecendo uma educação inovadora adaptada às exigências do presente e do futuro”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 12 de março

  • ECO
  • 12 Março 2025

Ao longo desta quarta-feira, 12 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alentejo, Ribatejo e Leiria são as estrelas deste ano da BTL

Alentejo, Ribatejo e Leiria são as regiões estrela deste ano da BTL que mostra o que de melhor existe de experiências turísticas no Continente e nas ilhas.

Com o Alentejo e Ribatejo como “destino nacional” e a Região de Leiria como “município convidado”, a 35ª edição da BTLBetter Tourism Lisbon Travel Market arranca esta quarta-feira, na FIL – Parque das Nações, em Lisboa. O ECO/Local Online fez um périplo por algumas das câmaras e regiões de turismo de Norte a Sul do país que, até domingo, acenam aos visitantes com os seus melhores ativos turísticos para criar emprego e dinamizar ainda mais a economia local e, por arrasto, a nacional.

Comecemos pelo Alentejo e Ribatejo, concentrados numa entidade regional de turismo e que, por estes dias, estão sob os holofotes dos milhares de visitantes da BTL, posicionando-se como um destino de excelência para experiências de gastronomia, enoturismo, náutica, cultura e natureza. “O facto de sermos destino nacional convidado permite-nos reforçar a apresentação das nossas mais-valias junto dos diferentes públicos daquela que é a maior feira nacional de turismo realizada em Portugal e que atrai milhares de visitantes”, assinala o presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo e Ribatejo. José Santos pretende levar os visitantes numa viagem pelos 58 municípios desta zona do país, colocando-os no mapa internacional do turismo.

Desde as planícies douradas, passando pela vilas medievais e gastronomia do Alentejo, até ao “dinamismo cultural, tradições tauromáquicas e paisagens ribeirinhas do Tejo”, muitos são os ativos únicos desta mega região de turismo alentejana e ribatejana. Acrescem como trunfos o Festival do Crato e a Cidade do Vinho 2025, a que acrescem o evento Évora Capital Europeia da Cultura e candidatura do Baixo Alentejo a Cidade Europeia do Vinho.

Afirmaremos o Alentejo como um ‘Destino com muitos destinos’ e o Ribatejo como um ‘Destino com muito para contar”, numa dinâmica de presença que se estenderá pelos vários espaços da feira, com as nossas promotoras a interagirem com o público.

José Santos

Presidente da entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo

Afirmaremos o Alentejo como um ‘Destino com muitos destinos’ e o Ribatejo como um ‘Destino com muito para contar’, numa dinâmica de presença que se estenderá pelos vários espaços da feira, com as nossas promotoras a interagirem com o público”, nota José Santos, em alusão aos slogans em campanha para atrair cada vez mais turistas.

Uma das estratégias passa pela organização da Bolsa de Negócios, com mais de 20 empresas alentejanas e ribatejanas das áreas do enoturismo, náutica, natureza e património, para apresentarem produtos e serviços junto dos operadores turísticos. Entre elas, a Quinta do Quetzal, Vinhos do Alentejo e as estações náuticas de várias localidades, designadamente Moura – Alqueva. Acresce a Rota Vicentina, no litoral alentejano (e que também abrange o Algarve), além das áreas protegidas do Parque Natural da Serra de São Mamede e do Parque Natural do Vale do Guadiana, por exemplo.

Através de reuniões diretas e exclusivas, terão a oportunidade de potenciar parcerias de negócio”, detalha José Santos.

Para Dália Palma, gestora coordenadora da BTL, “esta oportunidade permite ainda uma maior projeção da identidade cultural e das tradições destas regiões, contribuindo para a sua valorização e sustentabilidade a longo prazo”.

Em foco está também a região de Leiria, cidade que este ano é o “município convidado” e pretende “posicionar-se como um destino de eleição para portugueses e visitantes internacionais, promovendo uma oferta diversificada que alia património, cultura, natureza, gastronomia e mar”, detalha Gonçalo Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL).

Nazaré, LeiriaPedro via Flickr

Com o slogan “um destino a descobrir no Centro de Portugal”, a CIMRL tira da cartola trunfos turísticos tão diversos como os castelos de Leiria, Porto de Mós ou Pombal; o Mosteiro da Batalha, património mundial classificado pela Unesco; ou o Complexo Monumental de Santiago da Guarda, em Ansião, “com características únicas na Península Ibérica”. Os trilhos das Serras de Aire e Candeeiros, “um verdadeiro paraíso com paisagens de cortar a respiração”, são outra atração desta região, a que se alia a gastronomia com iguarias e doces regionais.

“Estamos empenhados em proporcionar experiências autênticas e inesquecíveis, reforçando a notoriedade do nosso território”, assinala Gonçalo Lopes, também presidente da câmara de Leiria, satisfeito por esta localidade ser o município convidado da edição de 2025 da BTL. “É o reconhecimento do potencial de Leiria e uma oportunidade estratégica para afirmar esta região como um destino turístico de referência”, sustenta.

Estamos empenhados em proporcionar experiências autênticas e inesquecíveis, reforçando a notoriedade do nosso território.

Gonçalo Lopes

Presidente da Comunidade Internacional da Região de Leiria (CIMRL)

Cada concelho usa os melhores trunfos que tem, como as únicas e memoráveis experiências que pode proporcionar, para estar sob os holofotes daquela que é considerada a “maior feira organizada em Portugal e a principal plataforma de venda de viagens do país”. Participam mais de 1.500 expositores distribuídos pelos 50.000 metros quadrados.

No ano em que se comemoram os 10 anos do rebranding da marca, a Turismo Centro de Portugal leva à BTL um programa de luxo com as atuais tendências da procura, posicionando-se como “um país dentro do país”. Em destaque, a cozinha regional e o papel da gastronomia, vinhos e enoturismo no desenvolvimento turístico, além dos roteiros que promovem a descoberta do território através de percursos temáticos por estradas icónicas da região. Com o turismo industrial, militar, desportivo e da natureza igualmente em grande plano, a entidade aposta também nos roteiros de turismo religioso.

Na região mais a sul do país, o Algarve estará em foco com uma mão cheia de projetos, como “Albufeira Cidade Europeia do Desporto”, a certificação de Albufeira como Destino Turístico Sustentável ou a “Laranja e Algarve – Marcas que se Cruzam e Complementam” e “Algarve Golden Terroir”. Numa viagem pelo território, guiados pelo Turismo do Algarve, a descoberta segue pelo Geoparque Algarvensis, “Festival MED” — um dos eventos culturais mais icónicos do Algarve, em Loulé –, assim como pelo turismo industrial.

Turismo de Lisboa divulga resultados de 2024

É caso para dizer que a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) joga em casa, onde vai apresentar a Rede Portuguesa de Turismo Industrial e divulgar os resultados turísticos da Região de Lisboa em 2024.

Do programa, destaque para a assinatura de parcerias, provas de produtos locais, como vinhos e gastronomia, e apresentações de itinerários culturais com o objetivo de reforçar o turismo, atrair mais visitantes e consolidar Lisboa como um destino de referência. Para Carla Salsinha, presidente da Comissão Executiva da ERT-RL, “a participação na BTL é uma oportunidade estratégica para a região de Lisboa reforçar parcerias, expandir a sua presença no mercado e apresentar a diversidade da sua oferta turística a um público cada vez mais amplo”.

Participam na ERT-RL 18 municípios: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira, bem como associações e entidades privadas com interesse no desenvolvimento e valorização turística desta entidade.

Mais a Norte, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro tem, pela primeira vez, stand próprio, para levar os visitantes numa viagem pelas paradisíacas paisagens e experiências desta região vínica.

Além de dar a conhecer os produtos turísticos e conquistar visibilidade internacional, a CIM vai apresentar a campanha “Que Douro És Tu?” que se adapta aos diferentes perfis de turistas que procuram o Douro. “A nossa presença na BTL 2025 representa um marco importante para a promoção do Douro como destino turístico de excelência. Com a campanha ‘Que Douro És Tu?’, queremos mostrar que o Douro tem experiências para todos os gostos, desde os aventureiros aos amantes de vinho, das famílias aos que procuram relaxar”, detalha o presidente da CIM Douro, Luís Machado. Integram esta comunidade 19 municípios dos distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e Viseu.

Igualmente as regiões autónomas da Madeira e dos Açores marcam presença neste certame. “Depois de um ano em que o número de dormidas na região registou um máximo histórico de 11,7 milhões, com um incremento de 7,1% face a 2023, o Turismo da Madeira volta a trazer à capital aquilo que o arquipélago tem de melhor para oferecer”, indica esta entidade. A presença assume o mote “Madeira. É tudo o que apetece”.

“A BTL continua a ser uma montra privilegiada para a Madeira, para levantar o véu sobre tudo aquilo que a região tem para oferecer e procurar cativar cada vez mais visitantes”, sustenta Eduardo Jesus, secretário Regional de Economia, Turismo e Cultura, e também presidente da Associação de Promoção da Madeira.

Por fim, a Visit Azores apresenta na BTL o “Projeto Açores – Turismo Todo o Ano em Todas as Ilhas”, e mostra ao público os ativos turísticos dos 19 municípios, dos mais de 30 associados, além de uma panóplia de novidades, sob o mote dos Açores como referência mundial no turismo de aventura e de natureza.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Autoeuropa pressionada a valorizar mais a indústria nacional com chegada de novo elétrico

A associação que representa os componentes nacionais de automóveis diz que gostaria que a Autoeuropa, que vai produzir o novo ID. EVERY1 da Volkswagen, usasse mais a indústria nacional.

Novo ID.EVERY1 da Volkswagen vai ser produzido em PalmelaVolkswagen Group

A notícia que a Volkswagen vai trazer para Palmela a produção do seu novo carro elétrico, que vai custar 20 mil euros, foi recebida com grande entusiasmo, com o Ministério da Economia a dizer que este novo modelo “assegura o futuro” da fábrica portuguesa.

Para o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), que representa o setor dos componentes automóveis, esta é uma notícia positiva para a indústria automóvel portuguesa e para a economia, mas José Couto apela a que a Autoeuropa privilegie os componentes nacionais, que têm um “fraco contributo” para a produção atual da fábrica.

Gostaríamos que a Autoeuropa usasse mais a indústria nacional de componentes. Se houver um contributo do orçamento nacional para este aumento de atividade da Volkswagen [em Portugal], não deve deixar de ser posto em cima da mesa que a indústria nacional de componentes deve ser valorizada“, defendeu José Couto, em declarações ao ECO.

O presidente da associação do setor de componentes reconhece que o facto de vir para Portugal o novo modelo da multinacional alemã é “positivo” para a indústria automóvel portuguesa e para a economia do país, para as exportações e para o emprego.

Para José Couto, “o Estado deve pôr em cima da mesa desta negociação sobre esta unidade o abastecimento na indústria nacional“, destacando que os componentes nacionais têm “um fraco contributo” para a produção na Autoeuropa.

A indústria nacional de componentes também abastece a Volkswagen noutras partes do mundo, por isso também está em condições de fornecer e favorecer a competitividade da Autoeuropa.

José Couto

Presidente da AFIA

“A Autoeuropa devia ter em conta o princípio de ter a indústria nacional de componentes em Portugal”, reforça, lembrando que “a indústria nacional de componentes também abastece a Volkswagen noutras partes do mundo, por isso também está em condições de fornecer e favorecer a competitividade da Autoeuropa“, remata.

A confirmação oficial da escolha de Portugal para receber o novo elétrico low cost da Volkswagen foi feita em comunicado esta terça-feira, com o CEO Thomas Hegel Gunther a agradecer “o apoio do Governo de Portugal” por ter proporcionado à empresa “as melhores condições para atrair este novo projeto para o país”. O gestor não concretiza, no entanto, que condições concretas foram proporcionadas pelo Governo português para a captação do novo modelo elétrico do grupo para o país.

Noutro comunicado, o Ministério da Economia congratulou-se com o anúncio da empresa alemã, porque “assegura o futuro” da fábrica portuguesa, campeã das exportações nacionais e que valeu 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2023. A escolha da Autoeuropa deverá também “atrair novos fornecedores” da Volkswagen para Portugal, espera o gabinete do ministro Pedro Reis, bem como novos players no cluster automóvel de veículos elétricos.

“De uma assentada, a economia portuguesa conquista a garantia de produção de um novo veículo elétrico, que assegura o futuro da unidade de Setúbal de uma fábrica de nova geração da Volkswagen, e de uma enorme cadeia de valor de fornecedores nacionais, por muitos anos”, diz o ministro da Economia, Pedro Reis.

Caso o aumento da produção na Autoeuropa se reflita numa maior procura pelos componentes nacionais, isto pode ser uma boa notícia para o setor que, no ano passado, viu as suas exportações caíram 4,5% para 11.785 milhões de euros. “As expectativas para 2025 são, no melhor caso, para igualar o valor do ano passado“, refere José Couto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mercados em queda livre: 6 perguntas e respostas para entender o caos nas bolsas

Donald Trump está no centro da tempestade financeira que tem assolado as bolsas, com os mercados a tremerem com receios de recessão e um avolumar da guerra comercial e também bélica.

Os mercados financeiros globais enfrentam quedas acentuadas nos principais índices bolsistas e deparam-se com sinais preocupantes de uma possível recessão nos EUA. E o elemento comum a estas situações é Donald Trump, presidente dos EUA, que através de políticas contraditórias tem gerado grande incerteza nos mercados.

Nesta conjuntura turbulenta da economia e das bolsas, os efeitos das tarifas comerciais avançadas por Trump contra vários países começam a fazer-se sentir de forma concreta na economia real. Setores como o automóvel, retalho e energia enfrentam custos crescentes e margens reduzidas, enquanto milhões de consumidores norte-americanos poderão em breve confrontar-se com aumentos significativos nas suas faturas energéticas.

Perante este cenário complexo e volátil, os investidores procuram sinais claros sobre o rumo da economia dos EUA, que esta quarta-feira tem como epicentro o relatório de inflação de fevereiro.

As causas da recente onda vermelha dos mercados, os riscos que enfrenta a economia dos EUA e a economia mundial, e o que podem esperar os investidores nos próximos meses em seis perguntas e seis respostas.

1) O que está a provocar a correção abrupta nos mercados?

Desde meados de fevereiro que os principais índices bolsistas norte-americanos e europeus acumulam quedas superiores a 5%, com o S&P 500 a registar a pior sequência de perdas desde 2020. Dois fatores centrais explicam esta turbulência: as políticas aduaneiras agressivas dos EUA e os receios de recessão, amplificados por indicadores económicos contraditórios.

A administração Trump relançou em fevereiro uma guerra comercial, impondo tarifas de 25% sobre produtos como aço, alumínio e componentes eletrónicos importados do Canadá, México, China e União Europeia. Esta medida gerou retaliações imediatas, como o aumento de tarifas sobre produtos agrícolas norte-americanos por parte do México, e injetou incerteza nas cadeias de abastecimento globais.

Paralelamente, o modelo GDPNow da Fed de Atlanta reviu em março a previsão de crescimento para o primeiro trimestre de 2025 de um crescimento de 2,3% para uma correção de 2,8%, que alarmou os investidores.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

2) Como é que as tarifas comerciais estão a afetar a economia global?

As tarifas funcionam como um imposto sobre o comércio internacional, elevando os preços de produtos importados e reduzindo a competitividade das exportações. A medida mais recente – a proposta de taxas recíprocas globais – ameaça desorganizar décadas de comércio multilateral.

Isso é visível nas contramedidas que a Comissão Europeia tomou contra as tarifas de 25% dos EUA sob as importações de aço e alumínio da União Europeia. “Uma vez que os EUA estão a aplicar direitos aduaneiros no valor de 28 mil milhões de dólares, estamos a responder com contramedidas no valor de 26 mil milhões de euros”, refere esta quarta-feira Ursula von der Leyen em comunicado.

Empresas dependentes de importações, como construtores de automóveis e retalhistas, têm alertado para margens mais estreitas e atrasos nas entregas que terão um forte impacto nas suas operações. Este movimento poderá aumentar os custos energéticos para milhões de famílias e empresas nos EUA, pressionando ainda mais a inflação na maioria economia do mundo.

3) Os EUA estão à beira de uma recessão?

A resposta divide economistas. O modelo GDPNow do Fed de Atlanta, que estima o crescimento do PIB em tempo real, projeta uma contração de 2,8% no primeiro trimestre, após uma revisão drástica face aos dados de janeiro e fevereiro.

Contudo, os especialistas alertam para a volatilidade deste indicador: “O GDPNow baseia-se em dados incompletos e pode ser enganador”, explica um relatório da Fisher Investments, que destaca que importações anómalas de ouro em janeiro distorceram temporariamente os resultados.

Outros indicadores, como a subida da taxa de desemprego para 4,1% em fevereiro e a correção de 6,6% do Índice de Confiança dos Consumidores no mês passado, sugerem fragilidades da maior economia do mundo.

Já o Fed de Nova Iorque mantém uma previsão de crescimento de 2,7% para o trimestre, baseando-se nos rendimentos das famílias e dos dados de emprego mais robustos.

4) Que outros fatores estão a pressionar os mercados?

Além das tarifas e da incerteza macroeconómica, há ainda três elementos adicionais que estão a alimentar a volatilidade dos mercados:

  • Inflação persistente nos EUA: O índice de preços ao consumidor (IPC) nos EUA mantém-se acima da meta dos 2% e está a ser pressionado pela política comercial agressiva de Donald Trump que, com a subida das tarifas, pode puxar ainda mais a inflação nos EUA. Os dados da inflação de fevereiro serão conhecidos esta quarta-feira com grande expectativa pelos investidores. Os analistas estimam que a taxa de inflação homóloga tenha baixado ligeiramente de 3% em janeiro para 2,9% em fevereiro, e a inflação subjacente tenha minguado de 3,3% em janeiro para 3,2% em fevereiro, mantendo-se ainda assim acima do objetivo de 2% da Fed.
  • Tensões geopolíticas: As tensões crescentes entre a China e Taiwan, mas sobretudo a redução de ajuda militar dos EUA à Ucrânia que estão a gerar novos contornos na guerra na Europa, aumentam o prémio de risco nas bolsas, particularmente nos mercados emergentes.
  • Cortes de postos de trabalho: O mês de fevereiro trouxe uma onda de layoffs no mercado de trabalho norte-americano para níveis nunca vistos desde as duas últimas recessões, com a extinção de mais de 172 empregos. A liderar esta vaga de despedimentos esteve o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, que conta até ao momento com a eliminação de 63,5 mil postos de trabalho em agências federais.

5) Como estão a reagir os mercados de obrigações?

O mercado obrigacionista está também a sinalizar um aumento da aversão ao risco por parte dos investidores norte-americanos: a yield das obrigações do Tesouro a 2 anos dos EUA, que acompanham de perto as expectativas das Fed Funds, chegou a cair na segunda-feira para valores abaixo dos 3,9% pela primeira vez desde outubro, antecipando com isso novos cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana (Fed).

No canto oposto têm negociado as obrigações do Tesouro dos países europeus, que em função da expectativa de avultados níveis de endividamento no horizonte potenciaram ainda mais as yields dos títulos de dívida.

Isso foi visível na semana passada com o disparo de 30 pontos base da taxa de juro das obrigações a 10 anos do governo alemão (Bunds) para 2,88% como resultado de um sell-off dos títulos por parte dos investidores. Foi a maior subida da yield das Bunds a 10 anos desde a reunificação da Alemanha em 1989.

6) O que se pode esperar para os próximos meses?

Tudo dependerá da evolução da guerra comercial e dos dados económicos. Se as tarifas recíprocas entrarem em vigor em abril, a inflação poderá acelerar, forçando a Fed a manter taxas altas.

Porém, se o crescimento se contrair, cortes de juros em 2025 tornar-se-ão inevitáveis, dado que ao contrário do BCE, que tem como única função o controlo dos preços, a Fed, para lá do controlo da inflação, tem também a função de garantir o crescimento da economia.

Para os investidores, ganha particular relevância monitorizar indicadores chave (emprego, inflação, confiança dos consumidores) e evitar exposição excessiva a setores sensíveis a tarifas, como a tecnologia e energia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que pode fazer agora o Governo de gestão? Constitucionalistas explicam

Até à tomada de posse do novo Executivo, o Governo vai ficar apenas com poderes de gestão, à excepção dos dossiers que tenham "estrita necessidade", explicam os constitucionalistas.

Depois da tarde parlamentar – de quase cinco horas e com registos kafkianos – que Portugal assistiu esta terça-feira e que ditou a queda do Governo de Luís Montenegro – inicia-se agora a fase de gestão deste Governo AD que resultou de eleições que tiveram lugar há apenas um ano e dois dias.

Assim sendo, e até à tomada de posse do novo Executivo, a equipa de Luís Montenegro vai ficar apenas com poderes de gestão, muito limitados. E, tal como já aconteceu noutras ocasiões da nossa democracia, há processos que podem ficar suspensos.

Tal como o ECO já tinha avançado, disto são exemplos a escolha do governador do Banco de Portugal, uma vez que o mandato de Mário Centeno acaba em julho, o lançamento de repetição de concurso para novo troço do TGV ou a aplicação dos fundos do PRR. Ou ainda o plano para as matérias-primas críticas em Portugal que prevê o lançamento de concursos para a prospeção destas matérias-primas, que vão do cobre ao lítio, e que deveriam ter lugar em 2025.

No caso da reprivatização da TAP – que era outro dos dossiers ‘quentes’ – o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, já avisou esta segunda-feira que um Governo de gestão não pode avançar com esta decisão. “Quando se trata de processos com complexidade que precisam de atos iniciais legislativos, naturalmente o Governo em gestão está limitado para as fazer“, disse o ministro da Presidência.

Mas, afinal, o que é um Governo de gestão?

É um governo que, por não estar investido na plenitude das suas funções, exerce o poder executivo de forma limitada, tendo o papel de assegurar a continuidade do Estado e manter o status quo enquanto não é empossado um novo.

Na lei, está previsto no artigo 186 da Constituição da República Portuguesa (CRP), que escreve: “antes da apreciação do seu programa pela Assembleia da República, ou após a sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos”. Um artigo que não é claro e objetivo e que, talvez por isso, a doutrina diverge. Quem fiscaliza o que pode ou não um governo a prazo fazer é o Presidente da República, através de requerimento ao Tribunal de Contas, o Tribunal Constitucional, que poderá apreciar a constitucionalidade dos atos de natureza normativa (regulamentos ou leis) e os tribunais administrativos, no que se refira a atos de natureza não normativa.

Luis Montenegro

O que dizem os especialistas em direito público e constitucional?

Jane Kirkby, sócia da Antas da Cunha Ecija e especialista em direito público, diz que a questão passa mesmo por : “o que deve entender-se por atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos?”. Em primeiro lugar, “importa não confundir este conceito com os de atos de gestão corrente. Um governo demissionário não tem a sua atuação limitada a atos de gestão corrente, podendo praticar atos de qualquer natureza, mesmo legislativa”.

A atuação do governo é definida pela “urgência de tomar decisões que envolvem interesses significativos e cujo adiamento prejudicaria de forma relevante os interesses públicos e causaria graves prejuízos. Ou seja, em teoria, um governo demissionário pode tomar decisões importantes/estruturantes, mas para tal terá de demonstrar que a urgência e a relevância da decisão são tais que a sua não execução comprometeria o interesse público e causaria graves prejuízos, não sendo possível aguardar a formação de um novo governo. São, naturalmente, decisões de caráter excecional”.

A advogada explica que, a este propósito já o Tribunal de Contas se pronunciou por diversas vezes, tendo reforçado que um governo em gestão “não está sujeito a restrições quanto à natureza dos atos que pode praticar, desde que consiga justificar a estrita necessidade da sua prática”. Uma necessidade que deve ser “imperiosa”. Claro que, ainda assim, “existe uma margem de subjetividade”.

Tese que é partilhada por Miguel Nogueira de Brito, sócio da Morais Leitão da equipa de administrativo e direito público. “A definição constitucional do âmbito dos poderes de um Governo demitido não resulta nenhuma limitação em função da natureza dos atos admissíveis, frisando que o critério decisivo para o efeito é antes o da estrita necessidade da sua prática”.

Assim sendo, cabe ao tribunal analisar o significado “do critério considerado decisivo, isto é, o da estrita necessidade, fazendo-o corresponder, também na linha da jurisprudência anterior, à ideia de inadiabilidade ou urgência“. Com base em duas orientações: a da inadiabilidade e proporcionalidade (no sentido de necessidade). Não devendo o Governo de gestão praticar “atos de inovação política fundamental ou que comportem uma limitação significativa dos poderes de decisão do futuro Governo”.

Indo ao caso concreto, a nomeação do próximo governador do BdP, para um mandato de cinco anos, “em princípio não deverá ser feita por um Governo de gestão, dado o condicionamento do ulterior Governo”. Já o lançamento de repetição de concurso para novo troço do TGV, sim, “pressupondo a continuidade de uma decisão já tomada anteriormente”, bem como a aplicação (continuada) do PRR.

Indo ao caso concreto, a nomeação do próximo governador do BdP, para um mandato de cinco anos, “em princípio não deverá ser feita por um Governo de gestão, dado o condicionamento do ulterior Governo”. Já o lançamento de repetição de concurso para novo troço do TGV, sim, “pressupondo a continuidade de uma decisão já tomada anteriormente”, bem como a aplicação (continuada) do PRR”

Miguel Nogueira de Brito, sócio da Morais Leitão

Ricardo Branco, consultor da Abreu Advogados e Professor de Constitucional na Faculdade de Direito de Lisboa defende que “saber-se o que é a prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos, à falta de concretização constitucional, depende dos órgãos constitucionais que podem controlar a atuação do Governo. No caso dos atos legislativos, cabe seguramente ao Presidente da República e ao Tribunal Constitucional controlarem se o Governo está a extravasar ou não das suas competências quando legisla”, explica o advogado.

O Tribunal Constitucional tem ainda reforçado a necessidade de uma “circunstanciada fundamentação, sob pena de, quem os pode vetar ou julgar inconstitucionais, não poder presumir a estrita necessidade”.

Por conseguinte, decisões sobre grandes obras públicas, “que já estejam inicialmente tomadas, concursadas e que, ainda por cima, dependam de fundos europeus cuja oportunidade de utilização se possa perder a prazo, parecem, apesar do constrangimento que acarretam para o Governo seguinte, poderem ser tomadas por um governo de gestão, atendendo a que já decorrem de decisões políticas estruturantes tomadas anteriormente e a que a sua não tomada se pode revestir de enormes prejuízos”.

Resumindo, o advogado considera que “sendo a ideia geral de limitação da atuação dos Governos que estão a prazo a uma atuação que não limite a liberdade de posteriores Governos em maior plenitude de funções, a verdade é que, mesmo com as diretrizes firmadas por sucessivos Presidentes da República e pelo Tribunal Constitucional, não só a análise que se faz é uma análise caso a caso, como, por força disso mesmo, a questão se mantém sempre em aberto”.

Decisões sobre grandes obras públicas, “que já estejam inicialmente tomadas, concursadas e que, ainda por cima, dependam de fundos europeus cuja oportunidade de utilização se possa perder a prazo, parecem, apesar do constrangimento que acarretam para o Governo seguinte, poderem ser tomadas por um Governo de Gestão, atendendo a que já decorrem de decisões políticas estruturantes tomadas anteriormente e a que a sua não tomada se pode revestir de enormes prejuízos”.

Ricardo Branco, consultor da Abreu Advogados

Pedro Matias Pereira, advogado na TELLES especializado em direito administrativo e constitucional explica que um Governo demitido, na sequência de uma rejeição de uma moção de confiança, ganha uma “deslegitimação”, invocando um acórdão do Constitucional. Assim, “quanto ao conteúdo das iniciativas do Governo, a fórmula constitucional, intencionalmente aberta, é passível de diferentes interpretações”. Colocando também o foco na “inadiabilidade da atuação do Governo”, mas também a respetiva proporcionalidade. “Está em causa, essencialmente, um juízo de necessidade.

No âmbito da atuação administrativa do Governo “há, no entanto, algumas normas que estabelecem limites mais concretos, como é o caso de nomeações para certos cargos dirigentes ou para reguladores, incluindo no que diz respeito à nomeação do Governador (e membros do CA do BdP – artigo 27.º/5 da Lei Orgânica do BdP)”.

O advogado concluiu ainda que “excluindo, no entanto, os referidos casos (de limitação expressa), a fiscalização da atuação do Governo de Gestão (pelo Presidente da República e pelo Tribunal Constitucional) deve observar alguma deferência para com o Governo de Gestão, seja porque a fórmula constitucional é aberta, seja porque se trata de um controlo exercido sobre o poder executivo por outros poderes constitucionais. Por outro lado, e atenta a sua legitimidade diminuída, um Governo de Gestão deve observar, de forma especial, um dever de cooperação, seja com a Assembleia da República, seja com o PR”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais de 40.000 turistas das Ilhas Baleares visitaram Andorra em 2024

  • Servimedia
  • 12 Março 2025

10% destes turistas aterraram no Principado graças à rota aérea que liga o aeroporto de Andorra-La Seu d'Urgell a Palma de Maiorca.

Mais de 40.000 turistas das Ilhas Baleares visitaram Andorra durante o ano de 2024, de acordo com os dados do inquérito ao movimento de turistas nas fronteiras elaborado pelo Departamento de Estatística do Governo de Andorra. Destes 40.000 turistas, 10,4% aterraram no Principado utilizando a ligação aérea Andorra-Palma de Maiorca.

A linha operada pela Air Nostrum (Iberia) oferece voos regulares todas as sextas-feiras e domingos durante a temporada de inverno, e já foi utilizada por 4.117 utilizadores durante o ano passado, refletindo uma elevada ocupação no ano de estreia da rota regular anual entre Andorra e as Ilhas Baleares, após o sucesso do teste piloto lançado no início de 2024.

A Air Nostrum oferece duas ligações semanais entre o aeroporto de Andorra-La Seu d’Urgell e Palma, às sextas-feiras e domingos durante o inverno (novembro-março) e aos sábados e terças-feiras durante o verão (setembro-outubro). O preço do bilhete começa em 56 euros por voo, com um desconto de 75% para os residentes das Ilhas Baleares.

A ligação aérea Palma-Andorra permite aos viajantes das Ilhas Baleares descobrir os encantos do Principado. Situada no coração dos Pirinéus, Andorra tornou-se o destino perfeito para desfrutar de alguns dias de esqui, natureza e bem-estar para todos. A região esconde aldeias encantadoras que merecem uma visita, refúgios de alta montanha onde se pode descobrir a tradição gastronómica andorrana, sem esquecer a sua vida urbana e noturna e as lojas mais exclusivas.

Caldea, o centro de lazer termal de Andorra, atrai os visitantes graças às suas águas termais ricas em minerais benéficos para a saúde. A sua renovada Grande Lagoa, com o seu design minimalista e as suas icónicas banheiras de hidromassagem, torna-se o coração do complexo, convidando ao relaxamento e à evasão.

Caldea explicou que permite desfrutar dos banhos até à meia-noite, saborear um cocktail sem sair da água com música ao vivo, espetáculos ao vivo ou ver a neve cair na lagoa exterior. Indica ainda que dispõe de múltiplos tratamentos e áreas de bem-estar, como os banhos indo-romanos, sauna, hammam, jacuzzis exteriores, piscina panorâmica e um spa Adults Only. Tem uma oferta gastronómica através do Restobar Blu e do restaurante Siam Shiki.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Impostos, habitação, saúde e dança de cadeiras: as conquistas e derrotas do Governo de Montenegro

A completar quase um ano de governação, a equipa do primeiro-ministro conseguiu marcar golos em várias áreas, mas também sofreu penáltis com nomeações e demissões polémicas.

Tomada de posse do XXIV Governo Constitucional a 2 de abril de 2024

Ao fim de 11 meses de Governo, com muitos pacotes anunciados, a equipa de Luís Montenegro marcou pontos em algumas áreas, designadamente nos impostos, na habitação para os jovens, na valorização das carreiras da Administração Pública e na renovação do acordo com os parceiros sociais, mas também sofreu algumas derrotas.

O caos na saúde, com 11 mortes ligadas ao INEM, a dança de cadeiras nas direções de várias instituições do Estado, a controvérsia em torno do salário do novo secretário-geral do Governo, Hélder Rosalino, que acabaria por desistir do cargo, a demissão do secretário de Estado da Administração Local, Hernâni Dias, e, por fim, as ligações do primeiro-ministro à empresa da sua família direta mancharam o percurso de um Governo minoritário.

Um mês e meio depois de ter tomado posse, a 2 de abril de 2024, o Executivo começou por limpar os cargos de topo da Saúde, Cultura, Administração Interna ou Segurança Social, substituindo dirigentes. Um verdadeiro corte com o Governo socialista anterior, de António Costa.

Os momentos mais fracos

Dança de cadeiras nos cargos de topo da Administração Pública

Primeiro, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, designado pelo Executivo de Costa, bateu com a porta, alegando que não queria tornar-se um obstáculo ao Governo.

Para este cargo, o Ministério da Saúde nomeou António Gandra d’Almeida, que, no início deste ano, pediu a demissão, quando se tornou público que terá acumulado funções incompatíveis durante mais de dois anos que lhe valeram 200 mil euros. Foi diretor da delegação regional Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão. Para CEO do SNS, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, acabaria por indicar o economista Álvaro Almeida, que se mantém em funções.

Ainda no primeiro mês de governação, o Ministério do Trabalho, tutelado por Maria do Rosário Palma Ramalho, demitiu a mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, liderada pela provedora Ana Jorge, face à difícil situação financeira da instituição. A antiga ministra da Saúde dos governos de José Sócrates acusou o Governo de a ter exonerado “de forma rude, sobranceira e caluniosa”. Paulo Alexandre Sousa é o novo provedor.

O diretor nacional da PSP, José Barros Correia, também foi afastado. A ministra da Administração Interna, de Margarida Blasco, nomeou Luís Carrilho para o cargo. E o conselho diretivo da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), presidido por João Dias, foi substituído. Sofia Mota passou a liderar este organismo.

A então presidente do Instituto da Segurança Social, Ana Vasques, saiu pelo próprio pé por “falta de confiança” do Governo. Cindo dias depois, a ministra do Trabalho, indicou para o cargo Octávio Félix de Oliveira, antigo secretário de Estado do Emprego do Governo de Passos Coelho.

Também houve mexidas na direção do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS). Por decisão do Ministério do Trabalho, Teresa Fernandes e Nuno Santos tiveram de abandonar os cargos de presidente e vogal, respetivamente. E foram substituídos por Nuno Venes, que era chefe do gabinete do secretário de Estado da Segurança Social, e por Pedro Nogueira Serrasqueiro, que foi assessor parlamentar do CDS e da IL.

Na Cultura, a ministra Dalila Rodrigues nomeou Alexandre Nobre Pais, que estava à frente do Museu Nacional do Azulejo, como novo diretor da Museus e Monumentos de Portugal, em substituição de Pedro Sobrado, que regressou ao Teatro Nacional de São João, no Porto, lugar deixado vago em outubro de 2023.

No início deste ano, a ministra da Administração Interna exonerou o secretário-geral da Administração Interna, Mendonça de Carvalho, por “necessidade de imprimir uma nova orientação à gestão dos serviços” e para “promover maior celeridade e prontidão da resposta”. E nomeou, em regime de substituição, Ricardo Carrilho, que era secretário-geral adjunto do Ministério da Administração Interna.

Primeira baixa do Governo e mini-remodelação

Dá-se a primeira baixa do Governo com a demissão do secretário de Estado da Administração Local, Hernâni Dias. O antigo presidente da Câmara de Bragança está a ser investigado pela Procuradoria Europeia por alegadamente ter recebido contrapartidas durante o seu percurso como autarca. Paralelamente, é alvo de suspeitas que o ligam à criação de empresas familiares enquanto o Executivo preparava a lei dos solos, com o objetivo de tirar vantagem, através dessas imobiliárias. Hernâni Dias tutelava precisamente estas áreas, estando a jogar em causa própria.

Alberto Santos, secretário de Estado da Cultura; Carla Rodrigues, secretária de Estado Adjunta e da Igualdade; Jean Barroca, secretário de Estado da Energia; Filipa Lima, secretária de Estado da Segurança Social; Maria Luísa Oliveira, secretária de Estado da Administração e Inovação Educativa; Silvério Regalado, na Administração Local e Ordenamento do Território.

Luís Montenegro aproveitou esta exoneração para fazer uma mini-remodelação no Executivo, substituindo seis secretários de Estado. Silvério Regalado é o novo secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Filipa Lima fica com a secretaria de Estado da Segurança Social, substituindo Jorge Campino. Jean Barroca assume a posição de secretário de Estado da Energia, anteriormente ocupada por Maria João Pereira.

No Ministério da Educação, Maria Luísa Oliveira assumiu as funções de secretária de Estado da Administração e Inovação Educativa, uma pasta liderada por Pedro Cunha. Carla Rodrigues passou a secretária de Estado Adjunta e da Igualdade, em substituição de Carla Mouro. E, no Ministério da Cultura, Alberto Santos foi nomeado secretário de Estado, um lugar que era ocupado por Maria de Lurdes Craveiro.

Caos na saúde e 11 mortes ligadas ao INEM

O Governo apresentou há quase um ano, em maio de 2024, um plano de emergência para a saúde para diminuir as listas de espera para consultas, cirurgias e exames, reforçar os cuidados materno-infantis e os cuidados de saúde primários.

Desde as demissões de conselhos de administração de hospitais como o Amadora-Sintra ou o de Évora aos milhares de utentes ainda sem médico de família ou aos tempos demasiado longos de atendimento das urgências, há várias questões que ainda estão por solucionar.

E a mais dramática aconteceu, em novembro do ano passado, às mãos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Atrasos na resposta terão provocado 11 mortes em dia de paralisação dos trabalhadores. A queda da ministra da Saúde parecia iminente, mas o primeiro-ministro segurou-a no cargo. A única alteração foi a mudança de pastas: Ana Paula Martins assumiu a tutela do INEM, retirando-a da secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé.

O relatório da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), conhecido já duas semanas, aponta responsabilidades ao Governo, dando conta de que o pré-aviso de greve ficou “perdido” na tutela. Por isso, não foram acautelados serviços mínimos.

Entretanto, um inquérito interno do instituto concluiu, afinal, que não foram encontrados factos que apontem para uma “relação direta” entre eventuais falhas no atendimento e as 11 mortes alegadamente associadas aos atrasos na resposta durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, em novembro. O relatório foi agora avocado pela IGAS, que tem uma investigação a decorrer.

Salário do secretário-geral do Governo

Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal, em entrevista ao ECO - 24OUT23
Hélder Rosalino, ex-administrador do Banco de PortugalHugo Amaral/ECO

No final do ano passado, outro episódio volta a manchar a imagem do Governo. No âmbito da Reforma da Administração Pública, secretarias-gerais de oito ministérios vão ser fundidas numa grande secretaria-geral do Governo que irá concentrar Ambiente, Economia, Educação, Finanças, Justiça, Saúde, Trabalho e Presidência do Conselho de Ministros. E é criada a figura do secretário-geral do Governo.

O Executivo decide nomear para estas novas funções Hélder Rosalino, ex-administrador e consultor do Banco de Portugal (BdP). Mas com uma nuance: o decreto-Lei n.º 114-B/2024, de 26 de dezembro permite que mantenha o salário de origem. Rosalino estava a receber mais de 15 mil euros brutos por mês no regulador da banca e optou por manter esse vencimento.

A notícia gerou uma onda de contestação, levando o PS a pedir a reapreciação parlamentar do diploma. O governador do Banco de Portugal, Márcio Centeno, foi inclusivamente chamado à Assembleia da República para explicar a estrutura remuneratória dos consultores. Num debate quinzenal, em janeiro, o primeiro-ministro acabou por reconhecer que “15 mil euros é muito dinheiro?”. “Claro que é muito dinheiro, mas não fui eu que defini o salário da pessoa na Administração Pública”, justificou-se.

A polémica subiu de tom e Hélder Rosalino acabou por desistir do cargo de secretário-geral do Governo. O Governo decidiu então nomear Carlos Costa Neves. O antigo ministro dos Assuntos Parlamentares de Passos Coelho abdicou não só da subvenção vitalícia superior a três mil euros, que recebia por ser ex-titular de cargo político, como também das pensões da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações (CGA). Isto significa que Costa Neves vai ganhar cerca de menos quatro mil euros brutos por mês.

“Está a pagar para trabalhar, uma vez que terá um rendimento inferior do que se aqui não estivesse”, afirmou Luís Montenegro, no dia da tomada de posse, a 14 de janeiro deste ano. A remuneração deste cargo da Administração Pública será de 4.989,47 euros brutos por mês, o que corresponde “a 100 % do nível remuneratório 80 da Tabela Remuneratória Única (TRU)” da Administração Pública em vigor para 2025 e que conta já com a atualização geral anual de 2,15% para ordenados superiores a cerca de 2.630 euros.

O novo secretário-geral terá direito a mais 25% do seu vencimento em despesas de representação, o que se traduz numa retribuição adicional de 1.247,37 euros. Tudo somado dá 6.236,84 euros brutos por mês, quando Costa Neves auferia cerca de 9.000 euros brutos por via da subvenção vitalícia e de outras duas reformas.

Empresa da família de Montenegro

De desgaste em desgaste, o vidro acabou por estalar quando foi noticiado que o primeiro-ministro ainda estava ligado à Spinumviva, empresa que prestava serviços ao grupo Solverde que detém a concessão dos casinos de Espinho e do Algarve, e cujo contrato termina este ano. Se o país não fosse para eleições antecipadas em maio, seria este Governo de Luís Montenegro a negociar a nova concessão, o que poderia levar a um potencial conflito de interesses. Para além disso, poderia ter havido uma acumulação de funções, violando a exclusividade a que o primeiro-ministro está obrigado.

No Parlamento, as bancadas da oposição dispararam em conjunto contra Luís Montenegro. Primeiro criticaram a falta de explicações. O chefe do Executivo só quebrou o silêncio durante o debate da moção de censura do Chega, que acabou chumbada. Alegou que não participava na gestão da empresa, que tinha transmitido a sua quota à mulher quando foi eleito presidente do PSD, a 30 de junho de 2022, recusou quaisquer conflitos de interesse e garantiu sempre que estava em exclusividade.

Mas os argumentos não satisfizeram os deputados e, em menos de 10 dias, o PCP apresentou nova moção de censura que não foi aprovada porque o PS absteve-se. A relegitimação do Governo pela segunda vez consecutiva não foi suficiente para Luís Montenegro. Face à comissão de inquérito pedida pelo PS para escrutinar a exclusividade de funções do primeiro-ministro e o cumprimento das obrigações declarativas relativa a impedimentos e conflitos de interesses, anunciou que ia avançar com uma moção de confiança, que foi chumbada esta terça-feira com os votos contra de PS, BE, PCP, PAN, Livre e Chega.

Ainda antes da votação da moção de confiança, Montenegro desvinculou-se totalmente da empresa familiar, entregando a quota da mulher aos filhos, mas não se desfez da Spinumviva, como exigiam os grupos parlamentares da oposição. E respondeu às questões das bancadas do Chega e BE, revelando dos clientes habituais e os valores pagos pelos serviços prestados, mas manteve oculta a lista dos pontuais.

A polémica continuou a subir de tom e o grupo Solverde, que pagava mensalmente uma avença de 4.500 euros, acabou por rasgar o contrato com a empresa.

Os momentos mais fortes

Descida de impostos

A descida do IRC, ainda que em um ponto percentual, de 21% para 20%, foi uma das conquistas do Governo de Montenegro. A taxa aplicada às pequenas e médias empresas (PME) também caiu um ponto, passando de 17% para 16%.

A meta, que constava no programa eleitoral com que Montenegro concorreu às eleições legislativas, era bem mais ambiciosa: apontava para uma redução de dois pontos em cada ano, de forma a baixar a taxa para 15% em 2027. No caso das PME, o objetivo era descer o IRC até 12,5%. Mas o PS ameaçou chumbar a proposta do Orçamento do Estado para 2025, caso o Governo não retirasse a medida.

O primeiro-ministro e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, decidiram então sentar-se à mesa. Entre propostas e contrapropostas, Montenegro recuou e o líder socialista acabou por ceder, aceitando viabilizar pela abstenção a descida de um ponto percentual da taxa de IRC apenas e só em 2025. Assim, pela primeira vez, em 10 anos, as empresas vão sentir um alívio no imposto a pagar.

O alargamento do IRS Jovem também foi alcançado pelo Executivo, mas após duras negociações entre Montenegro e Pedro Nuno Santos, que discordava radicalmente da medida original. A proposta orçamental determinava uma diminuição de 2/3 das taxas atualmente aplicáveis, estabelecendo um imposto máximo de 15% para contribuintes até aos 35 anos, com exceção dos que se enquadram no último escalão, e independentemente das habilitações literárias. Este novo regime iria ter um impacto de cerca de mil milhões de euros.

Montenegro acabaria por deixar cair a proposta e decidiu antes aprofundar o modelo de isenção do PS que estava em vigor. Alargou o benefício até aos 35 anos quando o limite etário era de 30 anos. No regime anterior, apenas os licenciados ou com grau académico superior tinham direito e agora todos podem aderir independentemente das habilitações literárias.

O novo IRS Jovem dá uma isenção entre 100% e 25% até 55 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS), ou 28.737,5 euros anuais de ganhos de trabalho dependente ou independente. Este patamar vai até ao sexto escalão de rendimentos e aplica-se ao 13 anos de duração do benefício.

E o faseamento do benefício do novo IRS Jovem também é mais vantajoso do que o anterior. Assim, em vez de dar 100% de isenção, no primeiro ano, 75%, no segundo ano, 50%, no terceiro e quarto anos, e 25%, no último ano, o Governo conseguiu aprovar um regime que atribui 100%, no primeiro ano, 75%, entre o segundo e quinto anos, 50% entre o sexto e nono anos, e 25% de isenção, entre o 10º e 13º anos de atividade.

Habitação para jovens

Prédios para habitação própria, no distrito de Lisboa. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

A isenção de IMT e Imposto de Selo na compra da primeira casas pelos jovens até aos 35 anos foi outra das medidas emblemáticas do Executivo de Luís Montenegro, tendo em conta os elevados preços da habitação. Desde agosto do ano passado que este benefício está em vigor.

A isenção de IMT e IS é aplicada na compra da primeira habitação própria e permanente por jovens até aos 35 anos, para imóveis até aos 316.272 euros. Para imóveis acima desse montante e até 633.453 euros, mantém-se a isenção máxima do escalão anterior, não havendo qualquer isenção para imóveis de valor superior. Segundo cálculos do ECO, na carteira dos jovens, esta medida traduz-se, por exemplo, numa poupança de 13.378 euros de IMT e IS na compra de uma casa de 300 mil euros.

Adicionalmente, haverá ainda a isenção dos emolumentos devidos pelo registo de aquisição, por transmissão a título oneroso entre pessoas vivas, de imóvel com valor patrimonial tributário até 316.772 euros (o que inclui isenção de emolumentos devidos pelo registo de mútuo e hipoteca).

Para além deste benefício, o Governo avançou com a garantia pública para o financiamento a 100% da primeira casa dos jovens entre 18 e 35 anos, com domicílio fiscal em Portugal e rendimentos até ao 8.º escalão do IRS. Os candidatos não podem ser proprietários de outro imóvel habitacional e o valor da transação não pode exceder os 450 mil euros.

A garantia do Estado para o crédito à habitação dos jovens incidirá sobre 15% do valor da transação, permitindo assim que os bancos financiem a totalidade do valor do imóvel, salvaguardando que esta percentagem seja “ajustada para um valor proporcionalmente inferior no caso de a instituição de crédito financiar menos de 100% do valor da transação”, segundo a portaria que regulamentou a medida.

Esta medida terá uma duração de 10 anos a contar da celebração do contrato de crédito, extinguindo-se antecipadamente caso todas as obrigações do mutuário sejam cumpridas antes desse prazo.

Valorização dos salários da Função Pública e do setor privado

A valorização das carreiras da Administração Pública foi outra das apostas do Executivo. Em novembro do ano passado, assinou um novo acordo plurianual 2025-2028 com duas das três federações sindicais (Fesap e STE), afetas à UGT. A Frente Comum, da CGTP, ficou novamente de fora.

O pacto reviu em alta as atualizações salariais previstas no acordo que o anterior Governo socialista, de António Costa, tinha assinado com as estruturais sindicais representativas dos trabalhadores do Estado, e estabelece aumentos salariais em 2025 e 2026 de 56,58 euros para quem aufere até cerca de 2.6222 euros. Para ordenados superiores, a atualização será de 2,15%. Em 2027 e 2028, os incrementos nominais até aquele nível (39) da Tabela Remuneratória Única (TRU) em vigor serão de 60,52 euros ou de 2,3% para vencimentos mais altos.

A Base Remuneratória da Administração Pública (BRAP), vulgo salário mínimo do Estado, acompanhou as atualizações mínimas nominais. Assim, este ano, avançou 56,58 euros ou 6,9%, de 821,83 para 878,41 euros brutos, ficando assim 8,41 euros acima da retribuição mínima do privado (870 euros).

Em 2026, a BRAP terá um novo incremento de 56,58 euros, passando para os 934,99 euros. São mais 14,99 euros face ao salário mínimo de 920 euros. Nos dois anos seguintes, o salto será de 60,52 euros, o que significa que os trabalhadores que entrarem na Função Pública vão começar logo a ganhar 995,51 euros, em 2027, o que significa mais 25,51 euros em relação ao ordenado mínimo de 970 euros. Em 2028, vão receber 1.056,03 euros mensais brutos.

Para além da atualização transversal e anual dos salários da Função Pública, o atual Executivo avançou com a valorização de 17 carreiras especiais, nomeadamente dos médicos aos professores, passando pelos médicos, forças de segurança, bombeiros sapadores.

E, no âmbito da reforma da orgânica do Ministério das Finanças, o Governo aprovou novos aumentos salariais extraordinários para os técnicos superiores especialistas em orçamento e de estatística e criou uma nova carreira de técnico superior especialista de administração e políticas públicas que terá a mesma estrutura remuneratória. Em concreto, o ordenado de entrada dará um salto de cerca de 105 euros, subindo de 1.495,20 euros para 1.600,46 euros, para quem já está na carreira.

Os licenciados destas carreiras, na segunda posição, vão beneficiar de um aumento de 52,63 euros, ficando com um ordenado de 1.810,99 euros, quando agora recebe 1.758,36 euros mensais brutos. E quem está no topo da carreira também vai ganhar mais de 56,53 euros, passando dos 3.972,72 euros (nível 62 da TRU) para os 4.029,25 euros (nível 63).

Em contrapartida, perdem os pontos de avaliação que são essenciais para progredir. Este ponto tem sido altamente contestado pelos sindicatos, mas o Governo não cedeu e manteve esta condições. Foi ainda criado um prémio de produtividade para estes trabalhadores de até 25% do salário base, caso os serviço atinjam pelo menos 75% dos objetivos.

O Governo conseguiu ainda convencer as quatro confederações empresariais e a UGT a assinarem um novo acordo tripartido sobre valorização salarial e crescimento económico. A CGTP mais uma vez não subscreveu o documento.

O novo entendimento estabelece aumentos anuais de 50 euros para o salário mínimo até 2028: já subiu de 820 para 870 euros, este ano; em 2026, avança para 920 euros; em 2027, passa para 970; e, em 2028, atinge os 1.020 euros mensais brutos. Determina ainda a criação do prémio de produtividade isento de imposto, que foi aprovado no Orçamento do Estado para 2025. Ainda que este 15.º mês tenha de fazer retenção na fonte em sede de IRS.

Resta saber se o novo Governo que sair das eleições legislativas antecipadas irá manter estes acordos, sobretudo se for de outra força política, designadamente do PS.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Duelo Luís Montenegro vs Pedro Nuno Santos em 5 pontos. O que disseram após a queda do Governo

Minutos após a queda do Governo, o primeiro-ministro e líder socialista trocaram acusações e atacaram o oponente. A corrida eleitoral já começou.

O embate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos intensificou-se na terça-feira, durante o debate da moção de confiança, e não abrandou nos minutos após o derrube do Governo. Em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos, no Parlamento, defenderam a sua posição e atacaram o oponente.

O que disse Montenegro

  • “As coisas são o que são. Nós tentámos tudo”

Foram as primeiras palavras do primeiro-ministro aos jornalistas após a queda do Governo. Minutos mais tarde, já numa declaração mais estruturada voltou a defender: “Tentámos tudo, mas mesmo tudo o que estava ao nosso alcance”.

  • “O país não percebe porque é que há eleições”

Montenegro considerou que “o país não percebe porque é que há eleições”, mas garantiu que o Governo não pode “estar aqui a qualquer custo e levar o país para um sitio prolongado de debate político”. Neste sentido, defendeu que “quem sai prejudicado é o país”.

  • “PS foi intransigente”

O primeiro-ministro apontou o dedo ao PS pela crise política, a quem acusa de se ter mantido “intransigente na sua proposta de ter uma CPI prolongada no tempo, com isso querendo que a degradação política e que o impasse gerado a conta pudesse ser o mais longo possível”.

“Aquilo que o PS propôs foi uma CPI que não se sabia quando ia começar, com um prazo nunca inferior a 90 dias”, apontou, para defender as virtudes da sua contraproposta de limite das conclusões até ao fim de maio. Montenegro acusou o PS e Pedro Nuno Santos de terem um “objetivo escondido” que “não está escrito na CPI”, pelo que, diz, perguntou concretamente “de quais são os esclarecimentos que quer”.

  • “Não estou interessado numa discussão de passa culpas”

Luís Montenegro considerou que o debate da moção era “o momento onde todos tinham oportunidade de assumir a sua responsabilidade” e daí só ter apresentado uma contraproposta ao PS na terça-feira. Montenegro garantiu estar apenas “interessado em esclarecer os portugueses”. “Não estou interessado numa discussão de passa culpas”, disse.

  • “O PS não quer respostas”

O primeiro-ministro acusou o PS de “não quer respostas”, preferindo sim um “prolongamento do impasse”. “Devo ao país a minha obrigação de antecipar que estar um ano e três meses com um ambiente político degradado tem um efeito sobre a vida das pessoas muito maior do que aquele que decorre com a crise política no espaço de dois meses”, disse.

O que disse Pedro Nuno Santos

  • “Lamento muito”

Foi desta forma que o líder socialista começou a sua declaração aos jornalistas sobre o desfecho do debate de terça-feira, após a queda do Governo.

  • “O que aconteceu hoje no Parlamento foi uma vergonha, foram jogos”

Pedro Nuno Santos censurou a estratégia utilizada pelo Governo e pelo PSD durante o debate da moção. “O que aconteceu hoje no Parlamento foi uma vergonha, foram jogos, foram truques e isso é inaceitável. A verdade não tem tempo”, atirou.

  • “O primeiro-ministro quis usar a moção de confiança para condicionar a Comissão de Inquérito”

Pedro Nuno Santos acusou Montenegro de querer “usar a moção de confiança para condicionar a Comissão de Inquérito”. Assim, argumentou que “o Governo tentou condicionar as regras de uma CPI que não pode estar condicionar. As CPI têm cerca de 120 dias, nós propusemos o prazo de 90 dias mas podendo ser revogáveis… O que aqui aconteceu foi uma vergonha, não foi bonito”, acrescentou.

  • Montenegro “não se vai livrar do esclarecimento”

O líder socialista questionou “por que é que o primeiro-ministro não retirou a moção e aceitou a comissão de inquérito do PS?”, considerando que o Executivo pretendeu “criar a ideia de intransigência do PS”. No entanto, atirou: “Os portugueses não são tontos”. “O primeiro-ministro não se vai livrar do esclarecimento”, disse.

  • “Precisamos de saber mais e o primeiro-ministro tem de dar estas respostas”
  • Pedro Nuno Santos recusou deixar cair a CPI, voltando a defender: “precisamos de saber mais e o primeiro-ministro tem de dar estas respostas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 12 Março 2025

No mesmo dia em que Marcelo vai ouvir os partidos após a queda do Governo, dois ministros vão ser ouvidos no Parlamento, entram em vigor tarifas de Trump, IGCP vai ao mercado e INE divulga dados.

O Presidente da República vai ouvir os partidos com assento parlamentar um dia após a queda do Governo. No mesmo dia, os ministros das Finanças e do Ambiente serão ouvidos no Parlamento. A nível internacional, os EUA impõem tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Entretanto, o IGCP realiza leilões de Obrigações do Tesouro e o INE divulga dados.

Marcelo ouve partidos após queda do Governo

O Presidente da República vai ouvir os partidos políticos com assento parlamentar esta quarta-feira e no dia seguinte terá lugar o Conselho de Estado. O primeiro partido a ser ouvido no Palácio de Belém é o PSD, às 11 horas seguido, em intervalos de uma hora, do PS, Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PCP, Livre, CDS-PP e, finalmente, o PAN às 19h, de acordo com a nota publicada no site da presidência após o chumbo da moção de confiança que determina a “demissão” do Governo.

Ministros vão ser ouvidos no Parlamento

O ministro do Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, será ouvido no Parlamento numa audição sobre a trajetória da dívida pública, sobre o aumento das aplicações em CEDIC e sobre o Novobanco. Também a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, será ouvida pelos deputados no âmbito da fusão de competências na nova Agência para o Clima e o impacto nas políticas ambientais, assim como acerca do aumento dos preços de eletricidade no segmento não doméstico, o ponto de situação dos projetos de energias renováveis na Siderurgia Nacional e acerca da clarificação das regulações nacionais e europeias em matéria energética.

Entram em vigor tarifas de Trump às importações de alumínio e aço

A partir desta quarta-feira os norte-americanos passam a pagar uma tarifa de 25% sobre todos os produtos de aço e alumínio importados, eliminando assim condições especiais para seus principais parceiros comerciais, como os países da União Europeia, México, Canadá e Brasil.

IGCP vai ao mercado

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realiza esta quarta-feira dois leilões de Obrigações do Tesouro (OT) com maturidades de 10 e 13 anos, com um montante indicativo global entre 1.000 e 1.250 milhões de euros.

Quanto receberam os trabalhadores do setor da construção?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar as estatísticas do comércio internacional e os índices de produção, emprego, remunerações na construção relativos a janeiro e os dados finais do índice de preços no consumidor de fevereiro. Os dados provisórios indicam que a taxa de variação homóloga desacelerou em fevereiro para os 2,4%, menos 0,1 pontos percentuais face a janeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

País vai para eleições um ano depois sem solução de estabilidade à vista

Montenegro manteve a empresa da família, mas perdeu o Governo. Presidente da República deve marcar eleições para maio, ainda esta semana.

Umas eleições ganhas pela margem de votos mais magra em democracia (apenas 54 mil) e o apoio parlamentar minoritário no Parlamento faziam adivinhar uma vida curta do Governo. Acabaria por cair por força do próprio Executivo, que respondeu às suspeitas sobre a empresa familiar de Luís Montenegro e à realização de uma comissão parlamentar de inquérito com a apresentação de uma moção de confiança, chumbada no Parlamento.

A iniciativa passa agora para o Presidente da República, que a semana passada prometeu agir “o mais rápido possível” para “minimizar os custos” para o país. Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir os partidos políticos já esta quarta-feira e convocou o Conselho de Estado para o dia seguinte. Apontou já os dias 11 e 18 de maio como as datas prováveis para os portugueses voltarem às urnas.

O país avança para as terceiras eleições legislativas em pouco mais de três anos, somando a instabilidade política interna à elevada incerteza do contexto externo, marcado por um conflito bélico na Europa e uma crescente guerra comercial.

Tal como há um ano, as sondagens voltam a apontar para um resultado incerto, sem uma vantagem clara de PSD ou PS, e muito menos uma maioria absoluta.

O inquérito da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, divulgado na segunda-feira, dá 33,5% das intenções de voto à AD (acima dos 28,83% conseguidos nas legislativas) e 28,8% ao PS, o que na prática significa um empate técnico, já que considerando a margem de erro qualquer dos partidos pode vencer.

A sondagem da Intercampus para o CM, CMTV e Jornal de Negócios coloca o PS à frente com 25% das intenções de voto, contra 23,5% da AD, também um empate técnico. O barómetro da Aximage para o DN também dá vantagem ao PS, com 30,8% das intenções de voto, cinco pontos percentuais acima da AD.

Em entrevista à CNN Portugal na terça-feira à noite, Pedro Nuno Santos veio exigir “reciprocidade” ao PSD, permitindo que tome posse como primeiro-ministro caso o partido vença as eleições. No dia anterior, Luís Montenegro tinha afirmado ao mesmo canal que caso perca não será primeiro-ministro. As sondagens continuam a apontar para uma maioria absoluta dos partidos de direita.

Governo tentou trocar moção por CPI mais curta

Na origem da crise política está a empresa do universo do primeiro-ministro, a Spinumviva, e um potencial conflito de interesses, dado que a sociedade tem avenças com várias empresas, entre elas a Solverde, a Rádio Popular ou a Ferpinta, num valor de cerca de 9 mil euros. A empresa recebeu também 194 mil euros da Joaquim Barros Rodrigues e Filhos, segundo Luís Montenegro por um trabalho de consultoria para a restruturação do grupo de gasolineiras. A polémica em volta do caso levou à apresentação de duas moções de censura, do Chega e PCP, à proposta do PS para uma comissão parlamentar de inquérito e, por fim, uma moção de confiança, debatida pelo Parlamento esta terça-feira.

Os vários flick flacks do Governo e do PSD durante o debate não evitaram que a moção de confiança fosse mesmo votada e rejeitada pelo Parlamento, com os votos contra do PS, do Chega, do BE, do PCP, do Livre e do PAN. PSD, CDS e IL votaram a favor.

Luís Montenegro começou por abrir a porta à suspensão da moção de confiança, lançando o repto a Pedro Nuno Santos para que dissesse “em concreto que informação pretende, em que prazo pretende para de uma vez por todas” responder às questões que pretende ver esclarecidas. O líder socialista respondeu que por três vezes já tinha afirmado que chumbaria uma moção de confiança: após as eleições, em março de 2024, e durante o debate das moções de censura do Chega e do PCP. “Se tínhamos razões para chumbar uma moção em janeiro agora temos muito mais”, disse.

Mais tarde, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, apresentou um requerimento oral para que o debate fosse suspenso durante 30 minutos para permitir que o líder do PS e o primeiro-ministro pudessem conversar, o que foi liminarmente rejeitado por Pedro Nuno Santos e por uma votação do Parlamento.

Depois foi a vez do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, propor que a comissão parlamentar de inquérito (CPI) proposta pelo PS à empresa familiar de Luís Montenegro tivesse um período máximo de 15 dias, como moeda de troca para a moção de confiança ser levantada. Após o requerimento potestativo do CDS para a suspensão dos trabalhos durante uma hora, foi ainda sugerido, em privado, que a CPI terminasse obrigatoriamente no final de maio. Propostas todas recusadas por Pedro Nuno Santos.

A estratégia do Governo foi tentar evitar a votação e culpar a intransigência do PS pela crise política. A dos socialistas atirar a responsabilidade para o Executivo e mostrar que Luís Montenegro queria apenas fugir ao escrutínio sobre a sua empresa familiar.

“Tentámos tudo, mas mesmo tudo o que estava ao nosso alcance” para conciliar a visão do PS sobre a CPI, para “aprofundar esclarecimentos”, afirmou Luís Montenegro já após o debate. Acusou ainda os socialistas de quererem com a CPI “um processo longo e prolongado de degradação das condições políticas”.

“O que aconteceu no Parlamento hoje foi um vergonha, foram manobras, jogos, truques”, afirmou Pedro Nuno Santos, acusando o Governo de estar “desesperadamente a tentar condicionar” a comissão parlamentar de inquérito. “Quiseram criar a ideia de intransigência do PS. Os portugueses não são tontos”, acrescentou.

Luis Montenegro

País vai para eleições com economia de boa saúde

O passa culpas que irá, por certo, continuar durante a campanha eleitoral. Rejeitada a moção de confiança, o Governo fica em gestão e limitado na sua atuação, deixando vários dossiês em suspenso, como a venda da TAP, e aumentando o risco sobre a execução do PRR.

Um cenário desdramatizado por Bruxelas, que em resposta ao ECO afirmou que o “processo político não tem implicações diretas no PRR” e que o “Governo empenhar-se-á para garantir que, qualquer que seja a evolução do cenário político, o impacto negativo na execução dos fundos seja tão reduzido quanto possível”.

Apesar do contexto de elevada instabilidade externa, o país vai para eleições com a economia numa situação robusta. Portugal cresceu 1,9% em 2024, com a economia a acelerar no quarto trimestre (2,8% na variação homóloga). Uma dinâmica positiva que levou o ministro das Finanças a admitir um crescimento de 2,5% este ano. A taxa de desemprego teve também uma evolução favorável, descendo para 6,4% no ano passado.

O país tem também contas públicas equilibradas e deverá voltar a registar um ligeiro excedente em 2024. A situação orçamental e económica levou a S&P a melhorar o rating de Portugal para “A” no final de fevereiro, com uma perspetiva positiva, admitindo uma nova subida “nos próximos 24 meses”.

Há, no entanto, uma expetativa da agência americana que saiu gorada: “eleições antecipadas parecem improváveis em 2025”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ranking: Ping An continua a marca de seguros mais valiosa. Allianz mais próxima

Marcas de 22 países ocupam os 100 primeiros lugares das marcas mais valiosas. Veja quais são e o top 10 e saiba quantas destas marcas operam em Portugal.

Com 33,6 mil milhões de dólares de valor, a chinesa Ping An Insurance mantém o título de marca de seguros mais valiosa do mundo, com a alemã Allianz a aproximar-se. Com 94% de crescimento de valor a Nissay/Nippon Life Insurance quase dobra o valor da sua marca, enquanto a polaca PZU e China Life Insurance recebem as melhores classificações de força de marca, colocando-as entre as marcas mais fortes do mundo. As Marcas dos EUA continuam a dominar: Um quarto do valor das 100 maiores marcas de seguros é detido por empresas dos Estados Unidos.

Os dados são da consultora Brand Finance sobre as marcas mais valiosas do mundo em 2025. O relatório indica que as 100 principais marcas de seguros cresceram 9% no valor da marca em 2025, impulsionadas por resultados de subscrição melhorados, maior rendimento de investimentos, taxas de juros mais altas e aumento da rentabilidade.

A capitalização de mercado das principais marcas de seguros subiu à medida que a procura por produtos de seguros aumentou em diversos setores. A recuperação económica e o sentimento positivo do mercado fortaleceram a confiança dos investidores, enquanto fusões estratégicas, aquisições e avanços tecnológicos aceleraram o crescimento da indústria.

Para a Brand Finance, a Ping An Insurance da China continua a ser a marca dominante, com um valor de marca estável de 33,6 mil milhões de dólares. O crescimento da receita foi apoiado por um desempenho constante nos setores principais, incluindo seguros de vida e saúde, bem como seguros de danos e acidentes (P&C). No entanto, a marca enfrentou alguns desafios de rentabilidade ao longo de 2023, o que desacelerou o crescimento geral da marca.

A Allianz cresceu 9% no valor da marca, atingindo 26,7 mil milhões de dólares, diminuindo a diferença para o topo do ranking. A seguradora alemã teve um desempenho financeiro forte em todos os segmentos, beneficiando de uma fonte de receita diversificada. O seu segmento de P&C teve um desempenho particularmente bom, juntamente com um aumento nos prémios de novos negócios em seguros de vida e saúde.

A francesa AXA subiu para o top 3 das marcas de seguros mais valiosas, ultrapassando a China Life Insurance após um aumento de 20% no valor da sua marca, que atingiu os 19,8 mil milhões de dólares. Embora a China Life Insurance tenha registado um crescimento de 5%, alcançando os 18,3 mil milhões de dólares, o crescimento mais forte da AXA permitiu-lhe ultrapassar a China Life no ranking. A pesquisa revelou que a AXA tem uma forte perceção da marca e foi reconhecida pelo seu desempenho sólido. A marca mantém uma presença forte em vários mercados, com destaque para o sucesso na Turquia, Tailândia e Indonésia.

O Grupo Generali (valor da marca aumentou 47%, para 17 mil milhões de dólares) e a Allstate (valor da marca aumentou 39%, para 16 mil milhões de dólares) ambos registaram um forte crescimento em 2025, subindo sete posições e entrando no top 10. O forte crescimento da marca do Grupo Generali é impulsionado pela expansão dos seus negócios de seguros de vida e P&C. Além disso – diz a Brand Finance – a aquisição da Liberty Seguros fortaleceu a sua presença em Espanha e Portugal, melhorando os lucros gerais e reforçando o seu segmento de seguros de danos materiais, posicionando a empresa para um crescimento adicional.

Os resultados da pesquisa do Grupo Generali destacam o seu foco regional, com um desempenho particularmente elevado em Itália, Áustria e Espanha. A forte conexão emocional da marca é evidenciada pelas elevadas pontuações no indicador “marca que amo”, especialmente em Itália e Áustria, sublinhando a sua relevância local profunda e a lealdade dos clientes nestes mercados-chave.

O valor da marca e da propriedade intelectual de marketing são a base usada pela Brand Finance que explica ter ajudado a criar o padrão internacionalmente reconhecido sobre Avaliação de Marcas – ISO 10668. Esse padrão define marca como um ativo intangível relacionado com o marketing, incluindo, mas não se limitando a, nomes, termos, sinais, símbolos, logótipos e designs, destinados a identificar bens, serviços ou entidades, criando imagens e associações distintivas na mente das partes interessadas, gerando, assim, benefícios económicos.

Para apurar as classificações a Brand Finance baseia-se em informação objetiva e subjetiva – com inquéritos e líderes de opinião – estabelecendo um valor de marca que não andaria longe do valor da própria empresa caso fosse monomarca.

No top 100 há seguradoras de 22 países diferentes. Veja em baixo a lista, a negro as companhias com interesse direto em Portugal.

  • Austrália: QBE, Suncorp, NRMA Insurance, Medibank;
  • Áustria: UNIQA, VIG;
  • Bélgica: AG Insurance (Ageas);
  • Bermuda: Everest Re, Arch Capital, Athene, Allied world;
  • Canadá: Canada Life, Manulife, Sun Life, Intact, TD Insurance, iA Financial Group;
  • China: Ping An Insurance, China Life Insurance, PICC, CPIC, AIA, Prudential Plc, Cathay Life Insurance, Fubon Life, New China Life (NCL), China Taiping, China Re, Sunshine Insurance Group, Nan Shan Life insurance;
  • Dinamarca: Tryg;
  • França: AXA, CNP Assurances, Scor;
  • Alemanha: Allianz, Munich Re, Hannover Re, Ergo, Versicherungskammer Bayern (VKB);
  • Índia: LIC, SBI Life;
  • Itália: Generali Group, Poste Italiane, UnipolSai;
  • Japão: Nissay/Nippon Life Insurance, Tokio Marine, Dai-Ichi Life, Sony Life, Mitsui Sumitomo, Sompo Japan Nipponkoa, Japan Post Insurance, Aoi Nissay;
  • Países Baixos: NN Group, ASR;
  • Noruega: KLP, Gjensidige;
  • Polónia: PZU;
  • Singapura: Great Eastern, Income Insurance;
  • Coreia do Sul: Samsung Life Insurance, Kyobo Life, Samsung Fire & Marine Insurance, Dongbu Insurance;
  • Espanha: Mapfre;
  • Suécia: If;
  • Suíça: Zurich, Swiss Re, Swiss Life, Helvetia;
  • Reino Unido: Aviva, Scottish Widows, BUPA, Legal & General, RSA, Prudential Life UK;
  • Estados Unidos: Allstate, GEICO, MetLife, Progressive, Travelers, Chubb, Prudential (US), The Hartford, AIG, Berkshire Hathaway, Aflac, W.R. Berkley Corporation, Fidelity National Financial, Cincinnati, CNA, RGA (Reinsurance Group Of America), Assurant, Markel, AFG, Unum, FM Global, Hanover Insurance, John Hancock, Principal, Old Republic International Corporation.

Veja aqui o ranking das 10 maiores:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.