José António Sousa: “Visitem o vosso agente de seguros ou tratem de arranjar um de imediato”

José António Sousa, consultor independente de empresas que foi CEO da Liberty em Portugal durante 15 anos, explica o que faz pessoalmente para melhorar a sua carteira de seguros.

“Ter 2% ou 4% de franquia faz uma diferença gigantesca quando, no seguro automóvel, as peças e o arranjo da parte eletrónica cada vez mais presente nos veículos atuais, têm custos estratosféricos”.

José António Sousa foi CEO da Liberty em Portugal durante 15 anos e, antes, percorreu México, Venezuela, Suíça e Espanha, nas seguradoras Gerling e Zurich. Agora é consultor independente de empresas, também de seguros, e aproveita a sua experiência para lidar melhor com os seus seguros pessoais. Focando mais o seguro automóvel, explica como faz em entrevista a ECOseguros.

Os preços das apólices podem variar muito?

Os modelos de pricing das seguradoras, mais do que nunca, dão variações de preços estapafúrdios e que, aos olhos de quem não tem acesso aos bastidores do raciocínio matemático e de underwriting por detrás dos mesmos, assentes na experiência e nos resultados de carteira que cada seguradora tem, podem resultar em valores incompreensíveis. Isto é, muito altos, mas também frequentemente muito baixos.

Porquê essa variação?

Há companhias que privilegiam a captação de clientes novos, em detrimento dos clientes leais e fiéis que têm em carteira, ignorando que estão a dar um tiro no próprio pé. Sei de casos em que o agente, para um cliente já existente e que recebeu um aumento de prémio considerado excessivo, anula a apólice e reemite uma nova para o mesmo cliente. A mesma pessoa, o mesmo risco que já estava em carteira, e que tinha recebido um aviso de aumento de prémio incompreensível da seguradora, de repente passa a pagar até menos do que estava a pagar anteriormente! Por incrível que pareça, isto existe e é possível. Só não me perguntem como é feito…

É possível aumentar a proteção sem custos e não ter surpresas quando ocorre um sinistro?

Poupar nos seguros nem sempre significa gastar menos. Pode-se gastar um pouco menos no prémio do seguro, e “pagar” depois muito mais perante um sinistro. O aumento da franquia, é uma solução que a esmagadora maioria dos clientes recusa, preferindo franquia zero, mesmo pagando mais. Ter 2% ou 4% de franquia fazem uma diferença gigantesca quando, no seguro automóvel, as peças e o arranjo da parte eletrónica cada vez mais presente nos veículos atuais têm custos estratosféricos. Aquilo que diz “aumentar a proteção sem custos e não ter surpresas na ocorrência de um sinistro” é um paradoxo, com uma única exceção: mudar de seguradora. E, para o fazer, é imprescindível consultar um bom mediador de seguros da praça, preferentemente nas cercanias do lugar de residência, e estabelecido nesse local há muitos anos.

A época económica que vamos viver em 2023 obriga a escolhas…

A época terrível que vivemos, com custos acrescidos para as famílias, não deveriam levar a poupar nos seguros. É preferível, se é necessário poupar, encostar o carro ou racionalizar fortemente o seu uso, diminuindo custos de manutenção e de consumo de combustíveis, a reduzir 20 ou 30 euros na apólice de seguro auto, retirando coberturas. Pedir ao agente que verifique os preços da cobertura ótima para o caso particular em várias seguradoras é a melhor forma de poupar mantendo o nível de coberturas.

Como agiu no seu caso pessoal?

Por exemplo, o meu agente, fazendo uma consulta ao mercado em 3 ou 4 das seguradoras mais reputadas pelo seu serviço pós-venda, conseguiu para a mesma cobertura, com danos próprios, uma variação de 40% entre o preço mais caro e o mais barato para o meu perfil de risco pessoal. Portanto, o principal conselho é procurar um agente pessoalmente e estudar em conjunto com ele todos os seguros em carteira, procurando formas de reduzir custos.

Tem um conselho principal a dar?

Só tenho um conselho a dar. Os segurados mostram um grau de iliteracia financeira assustador nesta área automóvel em especial, focalizando-se exclusivamente na procura de um preço menor à custa frequentemente da compra do nível de proteção e cobertura errados, o que só descobrem quando chega o “momento da verdade”, a ocorrência de um sinistro. o meu conselho, e só aconselho aquilo que eu próprio faço, é : visitem o vosso agente de seguros e, se não têm um, tratem de o arranjar de imediato.

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