• Entrevista por:
  • António Ferreira

Lifin fecha ronda de financiamento para investir em talento

A insurtech centrada em coberturas de proteção familiar está prestes a fechar uma ronda com investidores e aplicar fundos na captação de talento. O CEO da Lifin lamenta falta de incentivo público.

Destacada no Portugal Fintech Report 2020 como uma das emergentes no cenário nacional, a Lifin é uma mediadora independente que chega ao mercado com oferta digital em coberturas familiares (seguros de habitação, saúde, crédito e pet).

O cliente “procura sobretudo a simplicidade, rapidez de resposta”, de modo a ter a informação de que necessita. O serviço ao cliente “é uma das nossas maiores forças”, assegura Cristóvão Pereira, CEO e cofundador da Lifin. Abordando temática dos apoios públicos à inovação no setor financeiro, o empreendedor lamenta que as insurtech, e em geral as fintech, sejam excluídas de programas como Portugal2020 e do mais recente incentivo à criação de emprego +Coeso.

Em declarações a ECO Seguros, o responsável da plataforma incubada e sediada em Braga, revela que a start-up está a fechar uma ronda de financiamento para levantar 300 mil euros, em 12 meses, e aplicar os recursos obtidos no reforço de recursos humanos e preparação de novas coberturas.

A Lifin é uma das novas insurtech no mercado. Como nasceu o projeto?

O projeto Lifin, nasceu de uma simples conversa com um amigo sobre inovação, e que estava a lamentar-se da experiência que teve com seguros (lentidão dos processos das seguradoras, da contratação, dos sinistros), e que não conseguia perceber como num mundo hipertecnológico, ainda pediam aos clientes para preencher formulários à mão.

Após essa conversa, passei alguns dias a pensar nisso, e fui pesquisar informações e testar as soluções existentes no mercado, o que me levou a concluir que havia aqui muito para fazer, e que estava aqui uma oportunidade de mudar e fazer evoluir os seguros, da forma como pretendem que seja, do ponto de vista dos clientes: Um processo rápido, simples, eficiente e sem surpresas.

Como se posiciona na atividade de mediação. Encontra potencial de colaboração com incumbentes?

Somos uma mediadora, tal como as outras insurtechs a nível Europeu, além de algumas exceções. As oportunidades de colaboração existem. O nosso network está a crescer, seja pela Startup Braga nossa incubadora, seja pela Portugal Fintech. Estamos, por exemplo, a trabalhar com a consultora Cucabytech, especializada na transformação digital e no crescimento dos negócios, que nos ajuda na preparação da estratégia de crescimento e internacionalização.

Enquanto semente, qual é a experiência da Lifin com investidores, assumem participação na empresa?

A nossa experiência enquanto pre seed com investidores está a ser muito interessante. Os vários contactos que já tivemos, mesmo antes da fase de procura de financiamento, foram sempre muito produtivos. Todos estiveram, e continuam a estar, abertos para nos ouvir e fornecem-nos um feedback construtivo que nos permite avançar. Mediante essa resposta muito positiva, estamos a preparar uma ronda de investimento com investidores nacionais e internacionais, tendo em conta que o nosso objetivo é ganhar escala e internacionalizar no curto prazo.

Já temos parceiros a nível nacional, que acreditaram desde o início na nossa ideia e que acreditam na digitalização. Estamos igualmente numa fase de negociação com resseguradoras e seguradoras fora de Portugal.

Apresentarem-se como um marketplace que dá ao cliente um único acesso, o digital, é condição de sucesso?

É um passo fundamental para o sucesso. No que se refere aos seguros e ao mercado de seguros, o digital, e mais globalmente a tecnologia, veio para ficar e irá certamente crescer e fazer evoluir o mercado dos seguros em muitos aspetos.

A transformação digital do mercado de seguros irá permitir fornecer um melhor serviço aos clientes, com respostas instantâneas. Da mesma forma irá ajudar as seguradoras a modernizar os seus processos internos para melhor servir os seus clientes.

Uma janela de conversação instantânea é o bastante para captar clientes mais relutantes face a canais 100% digitais?

O potencial da plataforma e, em geral do mercado, está presente, não há dúvida. Por isso, vemos em Portugal, e no resto do mundo, cada vez mais startups a nascerem na área dos seguros e financeira. Em termos de utilização de chatbots, o exemplo mais conhecido é a Lemonade, que utiliza o seu bot para responder a perguntas dos seus clientes e guiá-los nos processos de compra ou de declaração de sinistros.

Estamos conscientes que na Europa isso ainda é pouco comum e que ainda irá demorar a fazer parte da cultura. Por essa razão, o serviço ao cliente ainda tem grande importância na relação com os clientes e essa é uma das nossas maiores forças.

Acreditamos que isso irá evoluir e que haverá cada vez menos pessoas a recorrer a uma chamada telefónica para ter resposta às suas perguntas sobre seguros. Estamos a trabalhar numa nova versão que irá permitir responder às necessidades específicas dos clientes e evoluir num mercado de forte potencial nacional e internacional.

Qual o aspeto mais valorizado pelos clientes na aquisição de seguros?

Atualmente, o cliente procura sobretudo a simplicidade, rapidez de resposta, de modo a ter a informação que necessita, seja para tomar uma decisão de compra, tirar uma dúvida, ou uma rápida gestão de sinistros. Os clientes pretendem ter as mesmas facilidades e experiências em seguros que já têm noutras áreas de consumo, e é isso que a Lifin pode dar-lhes.

O contexto de crise causado pela pandemia afetou de alguma forma o projeto?

Pelo contrário, a pandemia que, devo dizer, é um drama mundial, deu-nos a possibilidade de entrar em contacto com parceiros de forma mais rápida. Isso porque, perceberam rapidamente a necessidade de acelerar o processo de digitalização.

Quais os objetivos operacionais da Lifin a médio prazo?

Temos por objetivo continuar o nosso desenvolvimento e isso irá necessariamente passar nos próximos anos pela expansão da nossa startup a nível mundial.

A média de pessoas empregadas pelas fintech nacionais ronda as 20 pessoas. Estão a recrutar?

Vamos necessariamente recrutar após conseguirmos fechar a nossa ronda de investimento. Iremos necessitar de talentos nas áreas da programação, marketing, inovação, atendimento ao cliente e qualidade.

Identifica alguma ameaça para o desenvolvimento do vertical insurtech?

As ameaças podem depender da reação dos players tradicionais, mas igualmente das autoridades. As autoridades têm vindo a tentar perceber as necessidades das insurtech através do Portugal FinLab.

Quanto aos players, estão cada vez mais atentos e a criar programas para o desenvolvimento do ecossistema. Uma mais valia para as insurtech e fintech portuguesas seria serem consideradas como qualquer outra startup, em termos acesso a apoios como Portugal2020 ou, mais recentemente, o programa +Coeso do qual o setor financeiro está excluído, deixou-se de fora as startups fintechs e insurtechs.

  • António Ferreira

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