“O foco da tb.lx em Portugal tem provado ser uma boa parceria”

A tb.lx mudou para um novo escritório na Baixa-Chiado. A tecnológica, que desenha soluções para todo o grupo Daimler para Europa, EUA e Ásia, tem 130 pessoas. O CEO, Christian Lessing, explica planos.

Parte do futuro da transformação do grupo Daimler Truck no caminho da eletrificação passa pela Baixa-Chiado, em Lisboa. Foi este o local escolhido pela tb.lx – a tecnológica do grupo automóvel – para instalar o novo escritório e os mais de 130 trabalhadores que criam os serviços digitais para todo o grupo e para regiões como Europa, Estados Unidos ou Ásia para “tornar o transporte mais eficiente, mais sustentável e também mais seguro”.

O espaço é também um compromisso com Portugal, mercado que acolhe a sede da empresa desde 2018. “Neste momento, o foco é Portugal. O foco em Portugal tem provado ser uma boa parceria. Está provado que é o lugar para se estar”, garante Christian Lessing, CEO da tb.lx, em entrevista ao ECO.

Os planos são para crescer o negócio – respondendo ao aumento da procura de camiões elétricos e de soluções para este tipo de viaturas – que irá ser acompanhado pelo reforço da equipa. Em quanto, Christian Lessing não precisa.

O novo escritório em Lisboa evidencia “a confiança continua com Portugal” e a tb.lx é “estrategicamente” relevante para o grupo, diz a Daimler Truck. Quais são os próximos passos para aumentar essa relevância estratégica?

Se olhar para a estrutura que temos agora, estamos focados em produtos de conectividade, por um lado, e em produtos de eletromobilidade, por outro lado, construídos com base uns nos outros. É um campo tão novo, a transformação para a eletrificação da indústria dos transportes.

Em Portugal, estamos a desenvolver o serviço digital para todo o Grupo Daimler Truck para todas as diferentes regiões, como EUA, Europa e Ásia, para tornar o transporte mais eficiente, mais sustentável e também mais seguro. É apenas o começo da jornada e, por isso, este apoio contínuo é tão importante. Penso que isto vai crescer cada vez mais: os clientes vão crescer, os veículos, as infraestruturas e também a necessidade de serviços digitais. E enquanto estamos a fazer isso na tb.lx, é importante obtermos a confiança do grupo Daimler.

Essa confiança do grupo traduz-se em novos projetos? Há algo novo a surgir nos próximos meses? Fazem pitchs internos?

Na verdade não. O que é realmente único na tb.lx é que analisamos os problemas dos clientes, tentando encontrar soluções. Não estamos a pensar se podemos fazer isto ou aquilo para depois apresentar aos colegas da Daimler. Em Portugal não temos apenas engenheiros de software, temos também gestores e designers de produto, e procuramos falar diretamente com os clientes no mercado.

Queremos perceber que problemas enfrentam, especialmente com a transformação para a eletrificação dos veículos. Hoje eles têm uma operação confiável, sabem exatamente como operar camiões a gasóleo. Com a mobilidade elétrica é mais difícil. O que estamos a fazer é ouvir e identificar os problemas e apresentar soluções potenciais que os ajudam, é claro, mas também nos ajudem como empresa.

Somos nós que construímos isso para o setor elétrico (dentro do grupo). Os nossos camiões, os nossos clientes, têm armazéns, várias frotas ou vários camiões que precisam de operar. A indústria automobilística está muito mais avançada no que diz respeito ao carregamento público, é algo que estamos agora a enfrentar na estrada.

Nunca tivemos lay-offs e não temos planos de os fazer. Vemos no mercado oportunidade de desenvolver a nossa equipa de forma sustentável. E vemos muitas oportunidades de crescer e manter talentos. Não crescemos apenas por crescer, mas realmente pela procura dos clientes.

São cerca de 130 pessoas em Portugal. O novo escritório tem capacidade para cerca de 200. É sinal de que a equipa vai crescer? Quais são os planos?

O escritório não foi feito para muitas pessoas, o que queremos é ter a melhor configuração para um modelo de trabalho híbrido. Ou seja, pode vir ao escritório para ter algumas colaborações, ou ficar em casa se precisar de se concentrar e codificar. Não é sinal de que todos têm que estar (fisicamente) na empresa.

O que queremos – por isso não falo especificamente de números – é ver como o mercado se desenvolve. A adoção (de veículos elétricos) está a aumentar, mas lentamente no mercado de camiões. Tenho a certeza que iremos crescer ao longo do ano porque a procura é cada vez maior. Camiões elétricos estão a ir para a rua, infraestruturas estão a ser construídas.

Não podemos dizer exatamente quão rápido isso irá acontecer, porque há sempre três componentes: precisa de ter o produto zero emissões, depois infraestrutura que ainda não existe e, em terceiro lugar, software para conectá-los. Estamos um pouco dependentes do desenvolvimento do mercado. Esperamos que realmente cresça nos próximos anos.

O setor tecnológico tem passado por anos difíceis, com muitos despedimentos. Este ambiente no setor e na economia – as expectativas para 2024 não são entusiasmantes em termos de crescimento económico – poderá ter algum impacto negativo nos vossos planos? Diz que deseja crescer com o negócio.

Estamos numa situação realmente especial. Temos grande parte do histórico da Daimler Truck, podemos preparar-nos para um crescimento sustentável. Nunca tivemos lay-offs e não temos planos de os fazer. Vemos no mercado oportunidade de desenvolver a nossa equipa de forma sustentável, portanto não fomos afetados por isso. E vemos muitas oportunidades de crescer e manter talentos. Não crescemos apenas por crescer, mas realmente pela procura dos clientes.

Christian Lessing, CEO da tb.lx.
Christian Lessing, CEO da tb.lx.

A escassez de talento no setor tecnológico ainda se mantém? Ou o ‘inverno tech‘ está a ajudar-vos a encontrar mais facilmente as pessoas que precisam? O foco é o talento local ou há necessidade de atrair talento para Portugal?

Essa foi uma das razões pelas quais viemos para Lisboa. Lisboa, Portugal em geral, tem grandes universidades. Por isso, temos muita gente a entrar no mercado. Sempre quisemos incluir os jovens, formando-os. Temos programas de mentoria e programas para atrair e reter pessoas. Lisboa é também uma cidade super internacional, por isso não creio que não haja talento suficiente. Conseguimos encontrar pessoas. Claro que a TI está hot em todo o mundo.

Ainda está?

Na minha perspetiva sim, porque, especialmente com um modelo de trabalho híbrido e remoto, há muitas oportunidades para o pessoal de TI. Nós temos bons produtos, o que também é uma vantagem. Trabalhamos com camiões e sustentabilidade no transporte, temos aí também uma alavanca: 7% das emissões globais de carbono provêm do transporte pesado de longa distância.

Não estamos a contar apenas uma história, os nossos produtos estão realmente a mudar o mundo. Temos bons produtos e as pessoas são atraídas por isso. E, em segundo lugar, a cultura da empresa é muito importante. As pessoas adoram trabalhar aqui.

Temos programas de mentoria e programas para atrair e reter pessoas. Lisboa é também uma cidade super internacional, por isso não creio que não haja talento suficiente. Conseguimos encontrar pessoas. Claro que a TI está ‘hot’ em todo o mundo.

Mas dado o facto de que, especialmente depois da pandemia, os modelos híbridos, o trabalho remoto, se disseminaram no setor, Lisboa é ainda tão interessante? Pode recrutar talento em qualquer lado.

Temos pessoas em todo o Portugal, não nos limitamos a Lisboa. Queremos que, de vez em quando, haja pessoas no escritório. Acho que, especialmente no setor de transportes, precisa realmente entender a indústria, as necessidades dos clientes, a complexidade das operações e assim por diante. Às vezes funciona melhor quando estamos juntos.

Lisboa é um ótimo lugar para se estar também porque para nós é importante receber pessoas e clientes e internacionais. Temos parceiros nos EUA, na Alemanha e em Tóquio, é importante ter um espaço acessível nesse sentido, que as pessoas possam visitar.

Tem havido uma enorme discussão em torno dos custos da habitação. É um tema junto do novo talento que estão a atrair?

Certamente é discutido e também lemos sobre isso. Temos uma boa estrutura, as pessoas têm capacidade para viver em Lisboa. (Os custos da habitação) estão a aumentar em Lisboa, mas também em todo o lado. Estamos concentrados em dar um bom pacote às nossas pessoas, no sentido de atratividade, mas também, é claro, de compensação. Sentimos que este ainda é um bom lugar.

Os planos passam por permanecer em Lisboa ou no futuro ter um segundo espaço, um escritório satélite, em outra região?

Neste momento, não temos (esse plano). É realmente fundamental estarmos naquele espaço central. É lá que nos reunimos quando precisamos. Mas as pessoas podem viver onde quiserem, e viajar para Lisboa se for necessário. O que pode ser uma oportunidade é o facto de termos uma configuração internacional. Somos internacionais, às vezes é necessário cobrir diferentes fusos horários. Aí poderemos ter de pensar em soluções no futuro.

Fora de Portugal? Alguma região em mente?

Nenhuma específica. Neste momento, o foco é Portugal. O foco em Portugal tem provado ser uma boa parceria. Está provado que é o lugar para se estar.

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