Perguntas e respostas rápidas a Pedro Carreira

Pedro Carreira, presidente da Continental Mabor, defende uma menor carga fiscal para as empresas e gostava de ver isso retratado no Orçamento de Estado.

O ECO propôs ao presidente da Continental Mabor que respondesse a alguns temas de forma rápida. Do Orçamento de Estado, passando pelo investimento público, até à regionalização, Pedro Carreira em discurso direto.

O que gostava de ver retratado no Orçamento de Estado de 2018?

O que gostava de ver retratado no Orçamento de Estado era a resolução de alguns dos nossos problemas, mas não queria entrar muito pelas questões políticas. O que posso dizer é o que as empresas esperam, ou melhor o que eu espero é uma redução da carga fiscal para as empresas porque a carga fiscal continua a aumentar, sem termos alguns dos benefícios que devíamos ter para atrair empresas desta dimensão. As empresas nacionais competem com países como a Roménia e quando nós aqui falamos em derramas e de cargas fiscais de 30%, na Roménia estamos a falar de pagamentos de 8 ou 10% e até os salários são bem superiores aqui. Quando falamos de uma carga fiscal muito superior estamos à espera de algumas contrapartidas para conseguirmos jogar contra esses países e atrair investimento. Este investimento dos pneus agrícolas que realizámos aqui em Portugal esteve para ser realizado na Roménia e só o conseguimos trazer para cá porque na Roménia não o conseguiram encaixar dentro da fábrica. E nós dissemos: ” fazemos aqui”. Em termos de incentivos estes são menores em Portugal, não me queixo, queixámo-nos sim dos impostos e da burocracia e estamos a falar de projetos que o Estado considera de interesse nacional. O que faria se não fosse! Logo, no Orçamento de Estado para 2018, gostava de ver uma redução da carga fiscal das empresas.

Investimento público?

Gostava de ver menos investimento público. O investimento público é o motor da economia. Mas gostaria que fosse feito com cabeça, tronco e membros, com objetivos muito concretos e que sejam do conhecimento de toda a gente. Continuo a dizer que fazer o investimento no aeroporto de Lisboa quando desmontamos o aeroporto do Porto… havia muitos voos internacionais a sair do Porto e que agora passaram para Lisboa e agora há uma ponte aérea para a capital que funciona impecável mas, aquilo que para nós era importante era o de ir para Alemanha a partir do Porto. Não vejo, com franqueza, porque é que estamos a fazer estas questões de reduzir os aviões no Porto para aumentar a carga em Lisboa e dizer que este aeroporto está a rebentar pelas costuras. O investimento público vai trazer uma lufada de ar fresco à economia, vamos ter toda a parte da ferrovia a funcionar, mais umas autoestradas que vão ser construídas, vai haver uma movimentação da economia mas que nos vai custar a todos nós em impostos. Se é necessário faça-se, mas gostaria que fossem feitos feitos investimentos, olhando muito bem para o que estamos a fazer. É preciso perceber se é mesmo preciso, ou se é como as três autoestradas que ligam Porto a Lisboa que também eram muito necessárias.

Balanço do Governo?

O que posso dizer é que enquanto empresa, a relação com o Estado considero que está muito mais próxima do que alguma vez esteve e não tem nada a ver com menor ou maior simpatia, tem a ver com o estarmos a ver as coisas a acontecerem, entre empresa e Governo. Sobre o Governo, em geral, não comento.

Com é que olha para a banca?

Aquela que ainda existe e que está viva? Nós não temos muita relação com a banca nacional, tudo o que temos fazemos com capitais próprios. A banca portuguesa sofreu um descrédito brutal. Aquilo que aconteceu nos últimos anos obrigou-nos até a nós enquanto empresa a tomar algumas decisões, algumas operações que tínhamos em Portugal e transferimos para outros bancos estrangeiros, com instruções claras da central para tomarmos atenção a um conjunto de bancos que estavam com perigo e com problemas e isto para mim enquanto português é muito mau. Passamos para a Alemanha uma figura terrível da banca, dos empresários portugueses e da honestidade, em geral, de todos os portugueses. Casos concretos não vou discutir porque hão de ter os seus julgamentos próprios, mas de uma forma geral tenho muito orgulho no meu país e nas pessoas que cá estão.

Regionalização?

Precisa-se, exige-se, demanda-se. Tudo aquilo de que temos estado a falar nesta entrevista resulta de uma falta clara de uma política de regionalização. Vamos regionalizar, não vamos? Não sabemos. Depois vão-se tomando umas decisões que faz com que eu não saiba a que porta é que vou bater porque metade dos organismos dissolvem-se para serem regionalizados e de repente tenho 30 instituições com quem tenho que falar. Às vezes tenho pena de algumas pessoas que trabalham nalgumas das organizações do estado porque elas próprias quando nós perguntamos a quem é que vocês reportam não sabem responder.

Portugal?

País à beira mar plantado proveniente de uma família gigante de homens e mulheres desbravadores, corajosos, com uma capacidade imensa de fazer algo na vida. País que deveria ser respeitado e não é, muito mais por muitas outras questões, mas claramente um país onde se devia apostar para investir.

Alemanha?

País mais complexo que o nosso que atravessa profundas revoluções, sempre com um pesado passado histórico que os faz saltar de um ponto para o outro com decisões que às vezes são complicadas de perceber. Às vezes têm demasiado poder dentro da economia europeia e alguma incapacidade de entender alguns países, como os mais pequenos, nomeadamente nós, claro. Porque nós estamos sempre pendurados nas imensas dívidas que temos, mas diga-se em abono da verdade que os juros que pagámos devem ter feito muitos países ricos nesse mundo inteiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Perguntas e respostas rápidas a Pedro Carreira

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião